Romper a comunhão com a natureza é romper com Deus
Cidade do
Vaticano (RV) – “Se prestarmos atenção, tudo a nosso redor geme: geme a própria
criação, gememos nós seres humanos e geme o Espírito dentro de nós, no nosso
coração”: palavras do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira (22/02), que
volta a ser realizada na Praça S. Pedro.
A catequese do
Pontífice aos cerca de 10 mil fiéis foi sobre a esperança cristã e a
criação. Francisco recordou que Deus confiou a nós a proteção da natureza para
que pudéssemos entrar em relação com Ele, reconhecendo nela o seu vestígio.
Porém, quando se deixa levar pelo egoísmo, o ser humano acaba por arruinar
inclusive as coisas mais belas.
“E,
infelizmente, a consequência de tudo isso está dramaticamente sob os nossos
olhos, todos os dias.” Como exemplo, o Papa falou na água, “que nos dá a vida,
mas para explorar os minerais, a água é contaminada e se destrói a
criação”. Onde tudo remetia ao Pai Criador e ao seu amor infinito, agora traz o
sinal triste e desolador do orgulho e da voracidade humanas.
Papa saúda os fiéis |
O Senhor, porém,
não nos deixa sós e também esta quadro desolador nos oferece uma perspectiva
nova de libertação, de salvação universal.
“Se prestarmos
atenção, tudo a nosso redor geme: geme a própria criação, gememos nós seres
humanos e geme o Espírito dentro de nós, no nosso coração”, prosseguiu o
Papa. Esses gemidos não são uma lamentação estéril, desconsolada, mas – como
destaca o Apóstolo – são os gemidos de uma mulher prestes a dar à luz; são
gemidos de quem sofre, mas sabe que está para chegar uma nova vida. “E no nosso
caso é realmente assim.”
O cristão não
vive fora do mundo, sabe reconhecer na própria vida e naquilo que o rodeia os
sinais do mal, do egoísmo e do pecado. É solidário com quem sofre, com quem
chora, com quem está marginalizado, com quem se sente desesperado. Ao mesmo
tempo, porém, o cristão aprendeu a ler tudo isso à luz da Páscoa, com os olhos
de Cristo Ressuscitado, e sabe que o presente é tempo de expectativa, tempo
animado por um anseio que vai para além do presente.
Na esperança,
sabemos que o Senhor quer curar definitivamente, com a sua misericórdia, os
corações feridos e humilhados e aquilo que o homem deturpou com a sua
impiedade, tudo regenerando num mundo novo e numa humanidade nova reconciliados
finalmente no seu amor.
A mensagem final
do Papa foi de esperança: “Quando somos tentados pelo desânimo, pelo
pessimismo, caindo em inúteis lamentações ou ficando sem saber que pedir ou
esperar, vem em nosso auxílio o Espírito Santo, que mantém vivos os gemidos e
anseios do nosso coração. O Espírito vê, por nós, para além das aparências
negativas do presente e revela-nos já agora os novos céus e a nova terra que o
Senhor está preparando para a humanidade”.
Ao final da
catequese, o Papa assistiu a uma apresentação circense. Ao saudar os grupos
presentes na Praça, Francisco fez um apelo especial em prol do Sudão do
Sul:
“Provocam particular
apreensão as dolorosas notícias que chegam do martirizado Sudão do Sul, onde a
um conflito fratricida se une uma grave crise alimentar, que condena à morte
por fome milhões de pessoas, entre as quais muitas crianças. Neste momento, é
mais necessário do que nunca o empenho de todos a não ficar somente nas
declarações, mas a tornar concretas as ajudas alimentares e a permitir que
possam chegar às populações sofredoras. Que o Senhor ampare esses nossos irmãos
e os que atuam para ajudá-los."
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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