Por a confiança em Deus, o grande amigo, o aliado, o Pai
Cidade do
Vaticano (RV) – Diante das tantas preocupações que tiram a nossa serenidade e
equilíbrio, devemos confiar-nos a Deus. “Ele não resolve magicamente os
problemas, mas permite enfrentá-los com o espírito correto”.
Palavras do Papa
Francisco na alocução que precedeu a Oração mariana do Angelus, inspirada na
leitura do Evangelho de Mateus, proposta pela Liturgia do dia, onde somos
chamados a fazer uma escolha por Deus e pelo seu Reino, uma escolha “que nem
sempre mostra imediatamente seus frutos” e que é feita na esperança.
Deus cuida dos
seres da criação, “provê de alimento a todos os animais, preocupa-se pelos
lírios e pela erva do campo; o seu olhar benéfico e solícito vigia
cotidianamente a nossa vida”.
O Papa recorda
que “a angústia” causada pelas preocupações “é muitas vezes inútil”, pois “não
consegue mudar o curso dos acontecimentos”. Neste sentido, a insistente
exortação de Jesus “a não nos preocupar-nos com o amanhã”, “existe um Pai
amoroso que não se esquece nunca de seus filhos. Entregar-se a Ele não resolve
magicamente os problemas, mas permite enfrentá-los com o espírito correto,
corajosamente”:
“Deus não é um
ser distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e de
nossa paz. É a rocha da nossa salvação, a quem podemos agarrar-nos na certeza
de não cair. Quem se agarra a Deus não cai, quem se agarra a Deus, não cai
nunca! É a nossa defesa do mal, sempre à espreita. Deus é para nós o grande
amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre nos damos conta disto”.
Francisco abençoa os fiéis |
Não nos damos
conta disto, e “preferimos nos apoiar em bens imediatos que podemos tocar, bens
contingentes – constata Francisco - esquecendo, e às vezes rejeitando, o
bem supremo, isto é, o amor paterno de Deus”:
“Senti-lo Pai,
nesta época de orfandade é tão importante! Neste mundo órfão, senti-lo Pai. Nós
nos afastamos do amor de Deus quando vamos em busca obsessiva dos bens terrenos
e das riquezas, manifestando assim um amor exagerado por estas realidades”.
“Jesus –
recordou o Santo Padre - nos diz que esta busca incansável é ilusória e motivo
de infelicidade. E dá aos seus discípulos uma regra de vida fundamental:
“Buscai, pelo contrário, o reino de Deus””:
“Trata-se de
realizar o projeto que Jesus anunciou no Sermão da Montanha, confiando em Deus
que não desilude - tantos amigos ou tantos que acreditávamos amigos, nos
desiludiram; Deus nunca desilude - agir como administradores fieis dos bens que
Ele nos deu, também os terrenos, mas sem “exagerar” como se tudo, também a
nossa salvação, dependesse somente de nós”.
“Esta atitude
evangélica requer uma escolha clara, que a passagem de hoje indica com precisa:
“Não podeis servir a Deus e à riqueza”. Ou o Senhor, ou os ídolos fascinantes,
mas ilusórios”:
“Esta escolha
que somos chamados a fazer, repercute depois em tantos de nossos atos,
programas e compromissos. É uma escolha que deve ser feita de modo claro e
renovada continuamente, porque as tentações de reduzir tudo a dinheiro, prazer
e poder, estão sempre presentes. Existem tantas tentações neste sentido”.
“Enquanto honrar
estes ídolos leva a resultados tangíveis, mesmo se fugazes, fazer a escolha por
Deus e pelo seu Reino nem sempre mostra imediatamente os seus frutos”:
“É uma decisão
que se toma na esperança e que deixa a Deus a plena realização. A esperança
cristã é voltada ao cumprimento futuro da promessa de Deus e não se rende
diante de alguma dificuldade, porque é fundada na fidelidade de Deus, que nunca
falta. É fiel, é um pai fiel, é um amigo fiel, é um aliado fiel”.
A confiança no
amor e na bondade do Pai celeste – concluiu o Papa – “é o pressuposto para
superar os tormentos e as adversidades da vida, e também as perseguições, como
nos mostra o testemunho de tantos nossos irmãos e irmãs”.
Ao saudar os
inúmeros grupos e cerca de 30 mil fiéis presentes na Praça São Pedro, o Papa
recordou que na terça-feira, 28 de fevereiro, recorre ao “Dia das doenças
raras”. Neste sentido, “fez votos de que os pacientes e as suas famílias sejam
adequadamente apoiados no difícil percurso, quer a nível médico como
legislativo”. (JE)
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Assista:
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reconhecer-se humilde, ponto de partida para Deus agir
Cidade do
Vaticano (RV) – Na tarde deste domingo, 26 de fevereiro, o Papa Francisco
realizou uma visita histórica, ao participar das celebrações dos 200 anos da
Paróquia anglicana All Saints, em Roma. Foi o primeiro Pontífice a entrar no
templo.
Eis a íntegra do
discurso do Santo Padre:
“Queridos irmãos
e irmãs,
Vos agradeço
pelo gentil convite em celebrar juntos este aniversário paroquial.
Transcorreram mais de duzentos anos desde que realizou-se o primeiro serviço
litúrgico público anglicano em Roma, para um grupo de residentes ingleses que
viviam nesta parte da cidade. Muita coisa mudou desde então, em Roma e no
mundo. No decorrer destes dois séculos, muito também mudou entre anglicanos e
católicos, que no passado olhavam-se com suspeita e hostilidade; hoje, graças a
Deus, nos reconhecemos como verdadeiramente somos: irmãos e irmãs em Cristo,
mediante o nosso batismo comum. Como amigos e peregrinos desejamos caminhar
juntos, seguir juntos o nosso Senhor Jesus Cristo.
Vocês me
convidaram para abençoar o novo ícone de Cristo Salvador. Cristo nos olha, e o
seu olhar sobre nós é um olhar de salvação, de amor e de compaixão. É o mesmo
olhar misericordioso que atravessou o coração dos Apóstolos, que iniciaram um
novo caminho de vida nova para seguir e anunciar o Mestre. Nesta santa imagem,
Jesus, olhando-nos, parece dirigir também a nós um chamado, um apelo: “Estás
pronto a deixar alguma coisa do teu passado por mim? Queres ser mensageiro de
meu coração, de minha misericórdia?”.
"Reconhecendo-nos frágeis vasos de barro, pecadores necessitados
de misericórdia, o tesouro de Deus se derrama sobre nós"
|
A misericórdia
divina é a fonte de todo o ministério cristão. O diz o Apóstolo Paulo,
dirigindo-se ao Coríntios, na leitura que acabamos de ouvir. Ele escreve: “Este
é o nosso ministério, nós o temos pela misericórdia de Deus; por isto, não
perdemos a coragem” (2 Cor 4,1).
Com efeito, São
Paulo nem sempre teve uma relação fácil com a comunidade de Corinto, como
demonstram as suas cartas. Houve também uma visita dolorosa a esta comunidade e
palavras inflamadas foram trocadas por escrito. Mas esta passagem mostra o
Apóstolo que supera as divergências do passado e, vivendo o seu ministério
segundo a misericórdia recebida, não se resigna diante das divisões, mas
trabalha pela reconciliação. Quando nós, comunidade de cristãos batizados,
nos encontramos diante de desacordos e nos colocamos diante do rosto
misericordioso de Cristo para superá-los, fazemos precisamente como fez São
Paulo em uma das primeiras comunidades cristãs.
Como se
compromete Paulo nesta missão, de onde começa? Da humildade, que não
é somente uma bela virtude, é uma questão de identidade: Paulo se compreende
como um servidor, que não anuncia a si mesmo, mas Cristo Jesus Senhor. E cumpre
este serviço, este ministério, segundo a misericórdia que lhe foi dada; não com
base em sua bravura e contando com suas forças, mas na confiança com que Deus o
olha e apoia, com misericórdia a sua fraqueza. Tornar-se humilde é sair do
centro, reconhecer-se necessitado de Deus, mendigo de misericórdia: é o ponto
de partida para que seja Deus a operar.
Um Presidente do
Conselho Ecumênico das Igrejas descreve a evangelização cristã como “um mendigo
que diz a outro mendigo onde encontrar o pão”. Acredito que São Paulo teria
aprovado. Ele se sentia “com fome de misericórdia” e a sua prioridade era
compartilhar com os outros o seu pão: a alegria de ser amados pelo Senhor e de
amá-lo.
Este é o nosso
bem mais precioso, o nosso tesouro, e neste contexto Paulo introduz uma de suas
imagens mais conhecidas, que podemos aplicar a todos nós: “Temos este tesouro
em vasos de barro”. Somos somente vasos de barro, mas guardamos dentro de
nós o maior tesouro do mundo. Os Coríntios sabiam bem que era tolice preservar
algo de precioso em vasos de barro, que eram baratos, mas se quebravam
facilmente. Ter dentro deles algo de precioso significava risco de perdê-lo.
Paulo, pecador, agraciado, humildemente reconhece ser frágil como um vaso de
barro. Mas experimentou e sabe que precisamente ali, onde a miséria humana
se abre à ação misericordiosa de Deus, o Senhor opera maravilhas. Assim opera o
“extraordinário poder de Deus”.
Confiante neste
humilde poder, Paulo serve o Evangelho. Falando de alguns adversários seus em
Corinto, os chamou “super-apóstolos”, talvez, e com uma certa ironia, porque o
tinham criticado pelas suas fraquezas, das quais eles se consideravam isentos”.
Paulo, pelo contrário, ensina que somente reconhecendo-nos frágeis vasos
de barro, pecadores sempre necessitados de misericórdia, o tesouro de Deus se
derrama em nós e sobre os outros mediante nós. De outra forma, seremos somente
cheios de tesouros nossos, que se corrompem e apodrecem em vasos aparentemente
bonitos. Se reconhecemos a nossa fraqueza e pedimos perdão, então a
misericórdia restauradora de Deus resplandecerá dentro de nós e será também
visível de fora; os outros irão experimentar de alguma forma, através de nós, a
beleza gentil da face de Cristo.
A um certo
ponto, talvez no momento mais difícil com a comunidade de Corinto, Paulo
cancelou uma visita que havia programado, renunciando também às ofertas que
teria recebido. Existiam tensões na comunhão, mas não tiveram a última palavra.
A relação voltou ao normal e o Apóstolo aceitou a oferta para o sustento da
Igreja de Jerusalém.
Os cristãos de
Corinto voltaram a trabalhar junto às outras comunidades visitadas por Paulo,
para apoiar quem era necessitado. Este é um sinal forte de comunhão
restabelecida. Também a obra que a vossa comunidade desenvolve junto a outras
de língua inglesa aqui em Roma, pode ser vista desta forma. Uma comunhão
verdadeira e sólida cresce e se robustece quando se age juntos por quem tem
necessidade. Por meio do testemunho concorde da caridade, a face misericordiosa
de Jesus torna-se visível na nossa cidade.
Católicos e
anglicanos, somos humildemente agradecidos porque, depois de séculos de
recíproca desconfiança, somos agora capazes de reconhecer que a fecunda graça
de Cristo está em ação também nos outros. Agradecemos ao Senhor porque
entre os cristãos cresceu o desejo de uma maior proximidade, que se manifesta
no rezar juntos e no comum testemunho ao Evangelho, sobretudo por meio das
várias formas de serviço. Às vezes, o progresso no caminho rumo à plena
comunhão pode parecer lento e incerto, mas hoje podemos tirar um encorajamento
deste nosso encontro. Pela primeira vez um Bispo de Roma visita a comunidade de
vocês. É uma graça e também uma responsabilidade: a responsabilidade de
fortalecer as nossas relações em louvor a Cristo, a serviço do Evangelho e
desta cidade.
Encorajando-nos
uns aos outros a tornar discípulos sempre mais fieis a Jesus, sempre mais
livres dos respectivos preconceitos do passado e sempre mais desejosos de rezar
por e com os outros. Um bonito sinal desta vontade é a “parceria” concretizada
entre a vossa paróquia All Saints e a católica, de Todos os Santos. Que os
Santos de cada Confissão cristã, plenamente unidos na Jerusalém celeste, nos
abram o caminho para percorrer aqui todas as possíveis vias de um caminho
cristão fraterno e comum. Onde nos reunimos em nome de Jesus, ali Ele está
presente, e dirigindo o seu olhar de misericórdia, chama a trabalharmos
pela unidade e pelo amor.Que o rosto de Deus resplandeça sobre nós, sobre
vossas famílias e sobre toda a comunidade!”.(JE)
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Assista:
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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