Deus não se nega a ninguém nem se esquece de ninguém
Na sua homilia
em São Pedro, na Solenidade da Epifania, Francisco destacou que a estrela nos
fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças,
chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.
“‘Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo’: é este o testemunho que os Magos dão aos habitantes de Jerusalém, anunciando-lhes que nasceu o rei dos Judeus”: assim iniciou a sua homilia o Papa Francisco na Santa Missa na Solenidade da Epifania do Senhor celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, neste dia 6 de janeiro. Em muitas Igrejas locais – como no Brasil – a Solenidade foi celebrada neste domingo (05/01).
Francisco
destacou nas suas palavras que os Magos testemunham que se puseram a caminho e
realizaram uma mudança nas suas vidas, porque viram uma nova luz no céu.
Enquanto celebramos a Epifania do Senhor no Jubileu da Esperança – disse o
Santo Padre -, podemos deter-nos a refletir sobre esta imagem. Então destacou
três caraterísticas da estrela de que nos fala o evangelista Mateus: é brilhante, visível
para todos e indica um caminho.
Antes de
mais, a estrela é brilhante. No tempo de Jesus, muitos governantes
faziam-se chamar “estrelas” porque se sentiam importantes, poderosos e famosos.
Não foi, porém, a sua luz – a de nenhum deles! – que revelou aos Magos o
milagre do Natal.
Fê-lo um outro
tipo de luz, simbolizada pela estrela, que ilumina e aquece, queimando e
deixando-se consumir. A estrela fala-nos da única luz que pode indicar a todos
o caminho da salvação e da felicidade: a do amor.
“Antes de mais, o amor de Deus, que se fez homem e se entregou a nós, sacrificando a sua vida. Depois, por repercussão, aquele [amor] com que também nós somos chamados a gastar-nos uns pelos outros, tornando-nos, com a sua ajuda, um sinal recíproco de esperança, mesmo nas noites escuras da vida”.
Como a estrela
guiou, com o seu brilho, os Magos até Belém, assim também nós, com o nosso amor
- enfatizou o Papa - podemos levar a Jesus as pessoas que encontramos,
fazendo-as conhecer, no Filho de Deus feito homem, a beleza do rosto do Pai e o
seu modo de amar, feito de proximidade, compaixão e ternura.
A caraterística
da estrela: ela é visível para todos. Os Magos não seguem as indicações de
um código secreto, mas uma estrela que veem resplandecer no firmamento. Eles
reparam nela; outros, como Herodes e os escribas, nem sequer se apercebem da
sua presença. Porém, a estrela está sempre lá, acessível a quem levante o olhar
para o céu, em busca de um sinal de esperança.
“Também esta é uma mensagem importante: Deus não Se revela em círculos restritos ou a uns poucos privilegiados, mas oferece a sua companhia e orientação a quem O procure de coração sincero. Aliás, muitas vezes Ele antecipa as nossas demandas, vindo procurar-nos ainda antes de nós Lhe pedirmos".
O Santo Padre
então sublinhou que a estrela, que a todos no céu oferece a sua luz,
recorda-nos que Deus, fazendo-se homem, vem ao mundo para encontrar todo o
homem e mulher da terra, independentemente da etnia, língua ou povo a que
pertença, e que nos confia a mesma missão universal.
“Isto é, chama-nos a banir todas as formas de discriminação, marginalização e descarte das pessoas, e a promover, em nós mesmos e nos ambientes em que vivemos, uma forte cultura do acolhimento, na qual às fechaduras do medo e da rejeição se prefiram espaços abertos de encontro, integração e partilha; lugares seguros onde todos possam encontrar aconchego e abrigo”.
É por isso que a
estrela está no céu: não para permanecer distante e inacessível, antes pelo
contrário, para que a sua luz seja visível a todos, para que chegue a todas as
casas e ultrapasse qualquer barreira, levando a esperança aos cantos mais
remotos e esquecidos do planeta.
Está no Céu para
dizer a todos, com a sua luz generosa, que Deus não se nega a ninguém nem se
esquece de ninguém.
Francisco destacou em seguida que a estrela nos fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças, chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.
E isto leva-nos
à última caraterística da estrela: a de indicar um caminho. Também esta é
uma importante pista de reflexão, especialmente no contexto do Ano Santo que
estamos a celebrar, no qual um dos gestos distintivos é a peregrinação.
"A luz da estrela convida-nos a realizar um caminho interior que, como escreveu São João Paulo II para o Grande Jubileu do Ano 2000, liberta o nosso coração de tudo o que não é caridade, para “termos a possibilidade de nos encontrarmos plenamente com Cristo, confessando a nossa fé n’Ele e recebendo a abundância da sua misericórdia”.
Só assim,
convertidos e perdoados, poderemos anunciar a todos, com entusiasmo
missionário, “a proximidade do Reino de Deus”.
Silvonei José – Vatican News
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"Hoje, a
Igreja celebra a manifestação de Jesus, e o Evangelho concentra-se nos Magos,
que no final de uma longa viagem vão a Jerusalém para adorar Jesus", disse
Francisco no Angelus da Solenidade da Epifania do Senhor.
O Papa Francisco
rezou a oração mariana do Angelus, nesta segunda-feira (06/01), Solenidade da
Epifania do Senhor, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. No
Brasil, assim como em muitas Igrejas locais, a Solenidade da Epifania foi
celebrada no último domingo (05/01).
Hoje, a Igreja celebra a manifestação de Jesus, e o Evangelho concentra-se nos Magos, que no final de uma longa viagem vão a Jerusalém para adorar Jesus.
Segundo o Papa,
"se prestarmos atenção, descobriremos algo um pouco estranho: enquanto
aqueles sábios chegam de longe para encontrar Jesus, aqueles que estavam perto
não dão um passo em direção à gruta de Belém". "Atraídos e guiados
pela estrela, os Magos tiveram enormes despesas, colocam à disposição o seu
tempo e aceitam muitas coisas, os muitos riscos e incertezas que nunca faltavam
naqueles tempos. Mesmo assim, superam todas as dificuldades para ver o Rei
Messias, porque sabem que está acontecendo algo único na história da humanidade
e não querem faltar ao encontro. Tinham a inspiração dentro e a seguiram",
disse ainda Francisco.
Em vez disso, aqueles que vivem em Jerusalém, que deveriam ser os mais felizes e mais prontos para ir, permanecem parados. Os sacerdotes e os teólogos interpretam corretamente as Sagradas Escrituras e dão indicações aos Magos sobre onde encontrar o Messias, mas não se movem das suas “cátedras”. Estão satisfeitos com o que têm e não buscam, não pensam que valha a pena sair de Jerusalém.
"Este fato,
irmãs e irmãos, nos faz refletir e num certo sentido nos provoca, porque
suscita a pergunta: nós, hoje, a que categoria pertencemos?" Perguntou o
Pontífice.
Somos mais parecidos com os pastores, que naquela mesma noite vão com pressa para a gruta, ou com os Magos do Oriente, que partem confiantes em busca do Filho de Deus feito homem; ou somos mais parecidos com aqueles que, mesmo estando fisicamente muito próximos a Ele, não abrem as portas do seu coração e da sua vida, permanecendo fechados e insensíveis à presença de Jesus?
"Façamo-nos
esta pergunta. A que grupo de pessoas pertenço?" Perguntou novamente o
Papa.
A seguir, contou
uma história. "Um quarto Rei Mago chega tarde a Jerusalém, bem na época da
crucificação de Jesus, esta é uma bela história; não é histórica, mas é uma
bela história", sublinhou Francisco, "porque ele parou no caminho
para ajudar todos os necessitados, entregando os presentes preciosos que tinha
levado para Jesus. No final, um idoso se aproximou dele e disse: 'Em verdade
vos digo: tudo o que fizestes ao último de nós, irmãos, fizestes por
mim'".
O Papa concluiu,
convidando todos a pedirem "à Virgem Maria que nos ajude, para que,
imitando os pastores e os Magos, saibamos reconhecer Jesus próximo no pobre, na
Eucaristia, no abandonado, no irmão e na irmã".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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