uma
mulher chefiará o Governatorato do Vaticano
Francisco foi
entrevistado por Fabio Fazio no programa “Che tempo che fa” do canal Nove,
anunciando uma nova nomeação feminina para o além Tibre: em março, a promoção
da religiosa que hoje é a número dois. O Pontífice respondeu a uma pergunta
sobre os rumores a respeito dos planos do novo governo Trump de deportar
migrantes: se for assim, será uma vergonha, não se pode fazer com que os mais
pobres paguem a conta dos desequilíbrios da sociedade.
Em primeiro
lugar, a novidade: uma mulher, a secretária Irmã Raffaella Petrini, a partir de
março à frente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano. Depois, o
olhar para o mundo com a tristeza por uma possível deportação em massa de
imigrantes nos EUA, a alegria pela trégua em Gaza, a esperança pela solução de
dois Estados. E ainda, a acolhida aos migrantes, o Jubileu, a abertura de uma
Porta Santa na prisão, a luta contra os abusos, a saúde pessoal. Temas
relacionados aos eventos atuais e aos desafios do mundo, da Igreja e do
pontificado, abordados pelo Papa Francisco na entrevista com o jornalista Fabio
Fazio no programa italiano Che tempo che fa, transmitido na noite deste
domingo, 19 de janeiro, no canal Nove.
Francisco já
havia concedido uma entrevista ao mesmo programa em 2022, depois uma segunda em
2024. Hoje, uma nova entrevista de cerca de uma hora, também uma oportunidade
para apresentar a autobiografia intitulada Spera, realizada pelo
jornalista Carlo Musso, publicada pela Mondadori e publicada em cem países: uma
obra “muito delicada” composta de muitas histórias “que dão uma ideia de como
eu sou”.
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Papa e o jornalista Fazio |
A Irmã Petrini
chefiará o Governatorato
O Papa - depois
de tranquilizar sobre a condição de seu braço após a contusão de quinta-feira:
“Está se movendo melhor” - anuncia en passant que a partir de março,
após a aposentadoria do cardeal Fernando Vergéz Alzaga, a secretária Irmã
Raffaella Petrini será a presidente do Governatorato do Vaticano. Outra mulher,
portanto, à frente de um importante cargo, após a nomeação da Irmã Simona
Brambilla como prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada. “O trabalho das
mulheres nas Cúrias é algo que se desenvolveu lentamente e tem sido bem
compreendido. Agora temos muitas delas”, comentou o Papa. E listando as tarefas
confiadas a figuras femininas no Vaticano, acrescenta: “no Governatorato, a
vice-governadora, que se tornará governadora em março, é uma freira...” “As
mulheres sabem administrar melhor do que nós”, brinca.
Planos para
deportação em massa de imigrantes nos EUA
Em seguida, o
Papa Francisco responde a uma pergunta sobre os Estados Unidos, à luz dos
rumores de um possível plano de deportação em massa de imigrantes após a posse
do presidente Donald Trump. Uma eventualidade que o Papa chama de “uma
desgraça”, porque “faz com que os pobres infelizes que não têm nada, paguem a
conta do desequilíbrio”.
Acolhida aos
migrantes e desnatalidade
Sobre o tema das
migrações, o Papa Francisco repete os “quatro verbos” para enfrentar a
emergência: “o migrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado”.
E retorna ao tema que lhe é caro o da desnatalidade, olhando para a Itália,
onde a idade média é de “46 anos”. “Se não fazem filhos, deixem entrar os
migrantes”, afirma.
A solução de
dois Estados e a importância da paz
A entrevista não
deixa de fora uma pergunta sobre a guerra no Oriente Médio, com o início hoje
da trégua em Gaza e a libertação de três mulheres reféns do Hamas. Como no
Angelus, o Papa expressa gratidão aos mediadores: “Eles são bons”, depois se
detém na hipótese de dois Estados: “acredito que seja a única solução. Alguns
estão dispostos, outros não”. “A paz”, acrescenta, ‘é superior à guerra’, mas é
preciso ‘coragem’ para fazê-la porque ‘muitas vezes você perde algo, mas ganha
mais’. A guerra, ao invés, sempre “é uma derrota”, insiste o Papa, reiterando o
valor das negociações e denunciando o “grande” lucro das fábricas de armas que
levam “à destruição”.
Não se esqueçam
dos prisioneiros
O Papa fala
então da esperança, que está no centro do Jubileu: é “a âncora na praia” à qual
se agarrar, enfatiza, retomando a imagem da homilia na abertura da Porta Santa
na prisão de Rebibbia. Um gesto sem precedentes que o Papa quis fazer “porque
eu sempre carrego os prisioneiros em meu coração”. “Não se esqueçam dos
prisioneiros”, é seu apelo, ‘muitos que estão do lado de fora são mais culpados
do que eles’.
Vergonha e dor
pela Shoah
Poucos dias
antes do Dia da Memória, em 27 de janeiro, o Papa diz provar “um sentimento de
piedade e vergonha” pelo drama que pode tocar com a mão durante uma visita a
Auschwitz em 2016, com histórias, filmes e o testemunho da “grande senhora”
Edith Bruck, uma poetisa húngara de 92 anos que sobreviveu à Shoah.
Abusos, jovens,
pecados
Na entrevista,
também foi dado espaço a outros temas: os abusos, “um mal muito grande” por
isso devemos “lutar tanto”; as emergências dos jovens que devemos “acompanhar”;
a proximidade com “todos, todos, todos”, sem “angelicalidade” na visão dos
pecados e sem “colocar tudo nos pecados da carne”. “Para mim é péssimo quando
alguns, na Confissão, sempre procuram isso”, diz o Pontífice. Que repete: “Não
há pecado que não possa ser perdoado; não há. Porque Deus quer ter todos com
Ele, como filhos, como irmãos entre nós”.
O “primeiro
tropeço” na Capela Sistina
Por fim, o Papa
Bergoglio revela anedotas curiosas, como o “primeiro tropeço” em um degrau da
Capela Sistina, logo após a eleição, para cumprimentar um cardeal em cadeira de
rodas: “O Papa infalível começou com uma falha: tropeçou!”. Para concluir, um
pedido para o Ano Santo: “Não deixem passar esta oportunidade. Avante e
coragem. E não percam o senso de humor”.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
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