O amor verdadeiro nunca é até um certo
ponto e nunca se dá por satisfeito; o amor vai além, não pode passar sem ele. O
Senhor nos mostrou isto dando sua vida na cruz e perdoando seus assassinos. E
ele nos confiou o mandamento que lhe é mais caro: que nos amemos uns aos outros
como Ele nos amou. Este é o amor que dá cumprimento à Lei, à fé, à vida! Disse
o Papa Francisco no Angelus este VI Domingo do Tempo Comum.
O Papa rezou a oração do Angelus ao
meio-dia deste VI Domingo do Tempo Comum, com os fiéis e peregrinos reunidos na
Praça São Pedro. Na alocução que precedeu a oração mariana o Santo Padre
ateve-se ao Evangelho do dia.
No Evangelho da liturgia de hoje Jesus
diz: "Não penseis que vim para abolir a Lei ou os Profetas; não vim para
abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento". Dar cumprimento: esta é
uma palavra-chave para entender Jesus e sua mensagem. O que isso significa?
Para explicar isso, disse Francisco, o Senhor começa por dizer o que não é
cumprimento. A Escritura diz "não matarás", mas para Jesus isto não é
suficiente se depois se ferem os irmãos com as palavras; a Escritura diz
"não cometerás adultério", mas isto não é suficiente se depois se
vive um amor manchado por duplicidade e falsidade; a Escritura diz "não jurarás
falsamente", mas não é suficiente fazer um juramento solene se depois se
age com hipocrisia. Assim, não há cumprimento, observou o Santo Padre.
Gratuidade do amor de Deus, que nos ama
por primeiro
Para nos dar um exemplo concreto, Jesus
se concentra no "rito da oferenda". Ao fazer uma oferenda a Deus, se
retribuía a gratuidade de seus dons; era um rito muito importante, tanto que
era proibido interrompê-lo, exceto por motivos graves. Mas Jesus afirma que é
preciso interrompê-lo se um irmão tem algo contra nós, a fim de ir primeiro
reconciliar-se com ele (cf. vv. 23-24): só então o rito se cumpre. A
mensagem é clara, acrescentou:
Deus nos ama primeiro, gratuitamente,
dando o primeiro passo em direção a nós sem que o mereçamos; e então não
podemos celebrar seu amor sem, por nossa vez, dar o primeiro passo para nos
reconciliarmos com quem nos feriu. Assim, há cumprimento aos olhos de Deus,
caso contrário, a observância externa, puramente ritual, é inútil. Em outras
palavras, Jesus nos faz compreender que as normas religiosas são úteis, são
boas, mas são apenas o começo: para dar-lhes cumprimento, é necessário ir além
da letra e viver seu significado. Os mandamentos que Deus nos deu não devem ser
trancafiados nos cofres asfixiantes da observância formal, caso contrário,
permanecemos em uma religiosidade exterior e distante, servos de um "deus
patrão" e não filhos de Deus Pai.
O Pontífice ressaltou que este problema
não existia apenas no tempo de Jesus, ele também está presente hoje.
O amor de Deus por nós, sem limites
Às vezes, por exemplo, ouvimos:
"Padre, eu não matei, não roubei, não fiz mal a ninguém... ", como se
dissesse: "Eu estou bem". Aí está a observância formal, que se
contenta com o mínimo indispensável, enquanto Jesus nos convida ao máximo possível.
Lembremo-nos: Deus não raciocina por cálculos e tabelas; Ele nos ama como um
enamorado: não ao mínimo, mas ao máximo! Ele não nos diz: "Eu te amo até
um certo ponto". Não, o amor verdadeiro nunca é até um certo ponto e nunca
se dá por satisfeito; o amor vai além, não pode passar sem ele. O Senhor nos
mostrou isto dando sua vida na cruz e perdoando seus assassinos. E ele nos
confiou o mandamento que lhe é mais caro: que nos amemos uns aos outros como
Ele nos amou. Este é o amor que dá cumprimento à Lei, à fé, à vida!
A Virgem Maria nos ajude a cumprir nossa
fé e nossa caridade
A este ponto, o Santo Padre questionou:
Como eu vivo a fé? É uma questão de
cálculos, de formalismos, ou é um caso de amor com Deus? Estou satisfeito por
não fazer o mal, por manter a "fachada", ou tento crescer no amor por
Deus e pelos outros? E, de vez em quando, eu me pergunto sobre o grande
mandamento de Jesus, me pergunto se amo meu próximo como Ele me ama? Pois
talvez sejamos inflexíveis no julgamento aos outros e nos esqueçamos de ser
misericordiosos, como Deus é conosco.
Francisco concluiu pedindo à Virgem
Maria, que observou perfeitamente a Palavra de Deus, que Ela nos ajude a
cumprir nossa fé e nossa caridade.
Raimundo de Lima - Vatican News
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O Papa reza pelo bispo Álvarez condenado
na Nicarágua
Em suas saudações após o Angelus este domingo, 12 de fevereiro, Francisco expressou tristeza pelas notícias provenientes do país centro-americano, onde o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, foi condenado a 26 anos de prisão.
Este domingo, 12 de fevereiro, o olhar do
Papa foi além da Praça São Pedro, em direção à Nicarágua, de onde chegam
notícias que o entristecem "bastante", disse Francisco no
pós-Angelus, ao referir-se ao que aconteceu nas últimas horas no país latino-americano,
de onde 222 pessoas foram expulsas e um bispo foi condenado a 26 anos de
prisão, e pediu aos fiéis presentes na praça que rezem para Nossa Senhora:
Não posso deixar de lembrar com
preocupação o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, de quem gosto muito,
condenado a 26 anos de prisão e também as pessoas que foram deportadas para os
EUA. Rezo por eles e por todos aqueles que sofrem naquela querida nação. E
peço-vos vossas orações. Peçamos também ao Senhor, por intercessão da Imaculada
Virgem Maria, que abra os corações dos responsáveis políticos e de todos os
cidadãos à busca sincera da paz, que nasce da verdade, da justiça, da liberdade
e do amor e que é alcançada através do paciente exercício do diálogo. Rezemos
juntos a Nossa Senhora
Uma sentença lida por um juiz da Corte de
apelação definiu dom Álvarez, 56 anos, "um traidor de seu país",
condenando-o a permanecer na prisão até 2049, sob a acusação de
"conspiração para minar a integridade nacional e de propagação de falsas
notícias através das tecnologias de informação e da comunicação em detrimento
do Estado e da sociedade nicaraguense".
Francesca Sabatinelli/Raimundo de Lima – Vatican News
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