O Espírito Santo foi o protagonista na
catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira. Francisco
disse que o Espírito Santo é «o motor da evangelização»" e que "cada
tradição religiosa é útil, se facilitar o encontro com Jesus". "Se
você se refugia numa ideia, numa ideologia seja de direita, de esquerda, ou de
centro, você está fazendo do Evangelho um partido político, uma ideologia, um
clube", disse o Pontífice.
«Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo». Com estas palavras de Jesus o Papa Francisco iniciou a catequese da Audiência Geral, desta quarta-feira (22/02), realizada na Sala Paulo VI, sobre a paixão de evangelizar.
Ide, diz o Ressuscitado, não para
doutrinar, nem para fazer prosélitos, mas para fazer discípulos, ou seja, para
oferecer a cada um a possibilidade de entrar em contato com Jesus, de o
conhecer e de o amar livremente. Ide, batizando: batizar significa imergir e, portanto,
antes de indicar uma ação litúrgica, exprime um ato vital: mergulhar a própria
vida no Pai, no Filho, no Espírito Santo; experimentar todos os dias a alegria
da presença de Deus que está próximo de nós como Pai, como Irmão, como Espírito
que age em nós, no nosso próprio espírito. Batizar é imergir-se na Trindade.
O Espírito Santo é «o motor da
evangelização»
Segundo o Papa, "quando Jesus diz aos
seus discípulos - e também a nós – “Ide!”, não comunica apenas uma palavra.
Não! Comunica, ao mesmo tempo, o Espírito Santo, pois só graças a Ele, ao
Espírito, podemos receber a missão de Cristo e cumpri-la. Com efeito, os
Apóstolos permanecem fechados no Cenáculo, com medo, até chegar o dia de
Pentecostes e descer o Espírito Santo sobre eles. O anúncio do Evangelho só se
realiza na força do Espírito, que precede os missionários e prepara o coração:
Ele é «o motor da evangelização»".
No Livro dos Atos dos Apóstolos,
"vemos que o protagonista do anúncio não é Pedro, Paulo, Estêvão
ou Filipe, mas o Espírito Santo". Os Apóstolos, "não obstante as
diferentes sensibilidades e opiniões, põem-se à escuta do Espírito. E Ele
ensina algo, válido até hoje: cada tradição religiosa é útil, se facilitar o
encontro com Jesus.
O Evangelho é um anúncio que toca e muda o
coração
"Tudo na Igreja deve conformar-se com
as exigências do anúncio do Evangelho; não com as opiniões dos conservadores ou
dos progressistas, mas com o fato de que Jesus alcance a vida das pessoas. Por
isso, cada escolha, uso, estrutura e tradição devem ser avaliados na medida em
que favorecerem o anúncio de Cristo", frisou o Papa, acrescentando:
E quando se encontram divisões na Igreja,
por exemplo, divisões ideológicas, eu sou conservador, ou eu sou progressista,
onde está o Espírito Santo?
“Prestem atenção, pois o Evangelho não é
uma ideia, o Evangelho não é uma ideologia, o Evangelho é um anúncio que toca e
muda o seu coração, mas se você se refugia numa ideia, numa ideologia seja de
direita, de esquerda, ou de centro, você está fazendo do Evangelho um partido
político, uma ideologia, um clube.”
O Evangelho sempre dá a liberdade do
Espírito que age em você e o conduz. Quanto é preciso hoje tomar a liberdade do
Evangelho nas mãos e deixar-se conduzir pelo Espírito!
"Assim, o Espírito lança luz sobre o
caminho da Igreja. Com efeito, Ele não é apenas a luz do coração, é a luz
que orienta a Igreja: esclarece, ajuda a distinguir, a discernir", frisou
ainda o Papa.
Por isso, é necessário invocá-lo
frequentemente; o façamos também hoje, no início da Quaresma. Pois, como
Igreja, podemos ter tempos e espaços bem definidos, comunidades, institutos e
movimentos bem organizados, mas sem o Espírito, tudo permanece sem alma. Não
basta a organização. É o Espírito que dá vida à Igreja.
Invocar com frequência o Espírito
Segundo Francisco, se a Igreja não rezar,
não invocar o Espírito, "fecha-se em si mesma, em debates estéreis e
extenuantes, em polarizações desgastantes, enquanto a chama da missão se
extingue. É muito triste ver a Igreja como se fosse um parlamento,
somente. A Igreja é outra coisa. A Igreja é a comunidade de homens e mulheres
que creem e anunciam Jesus Cristo movidos pelo Espírito Santo e não pelas
próprias razões. Sim, se usa a razão, mas é o Espírito a iluminá-la e a
movê-la".
O Espírito "nos faz sair, nos impele a
anunciar a fé para nos confirmarmos na fé, a ir em missão para reencontrarmos
quem somos. Por isso, o Apóstolo Paulo recomenda: «Não extingais o
Espírito!»", disse ainda o Papa, convidando a rezar "com frequência
ao Espírito", invocá-lo, pedir-lhe "todos os dias que acenda em nós a
sua luz". Façamos isso "antes de cada encontro, para nos tornarmos
apóstolos de Jesus com as pessoas que encontrarmos. Não extinguir o
Espírito na comunidade cristã e dentro de cada um de nós".
"Como Igreja comecemos e recomecemos
do Espírito", disse ainda o Papa, convidando a nos perguntar "se nos
abrimos a esta luz, se lhe damos espaço". "Invoco o Espírito?
Deixo-me orientar por Ele, que me convida a não me fechar, mas a levar Jesus, a
dar testemunho do primado da consolação de Deus sobre a desolação do mundo? Que
Nossa Senhora que entendeu isso muito bem, nos ajude a entender isso",
concluiu Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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