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Leitura do Livro do Levítico:
O Senhor falou a Moisés, dizendo: "Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: ‘Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!’"
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- Bendize, ó minh’alma, ao Senhor, pois ele é bondoso e compassivo!
- Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
- Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
- O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.
- Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes. Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem.
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Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:
Irmãos: Acaso não sabeis que sois santuários de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário. Ninguém se iluda: Se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com efeito, está escrito: “Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia”, e ainda: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que são vãos”. Portanto, que ninguém ponha sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.
Proclamação do Evangelho de São Mateus:
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!
Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado.
Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos.
Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?
Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”
Ser perfeito como Deus!
Quem hoje pretendesse querer ser perfeito
como Deus granjearia alguns sorrisos irônicos … E, contudo, é o que Jesus
ensina no Sermão da Montanha (evangelho). A vocação à perfeição “como Deus” é
um tema fundamental para a vida de todo cristão – não só para os santos e
beatos.
Na primeira página da Bíblia está que Deus
criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). Ele quer ver sua imagem em
seu povo eleito, Israel: “Sede santos, porque eu, vosso Deus, sou santo” (1ª
leitura). Pela aliança, os israelitas “são de Deus”. Ora, Deus não quer
envergonhar-se de sua gente. Por isso, quer que sejam irrepreensíveis, e uma
das suas exigências é que eles não briguem entre si, não se matem em eternas
vinganças etc. Numa palavra: que amem seus “próximos” (= compatriotas) como a
si mesmos (Lv 19,18). Ora, ninguém entende como Jesus, o que exige essa
pertença a Deus. Deus é o Pai de todos, de bons e maus, e ama a todos como a
seus filhos. Então nós, seu povo, devemos também amar a todos, inclusive os
inimigos! Assim nos mostraremos semelhantes a Deus e realizaremos a vocação de
nossa criação.
O homem moderno (como o de todos os tempos)
gosta de ser seu próprio deus. Em vez de querer ser semelhante a Deus, só olha
no espelho … Será por isso que existem inimizades tão cruéis em nosso mundo, a
violência descarada das bombas atômicas, a violência “limpa” das “guerras
cirúrgicas”, a cínica exploração das massas populares? No mundo reina divisão,
entre nações, religiões, classes sociais; até na Igreja ricos e pobres vivem
separados. Onde existe esse amor ao inimigo que Jesus ensina? Pois bem,
exatamente por causa dessas divisões, o amor ao inimigo é indispensável. Se
todos estivéssemos perfeitamente de acordo, não precisaríamos desse ensinamento
de Jesus! As lutas e divisões que são a matéria da História e que têm reflexos
mesmo entre os fiéis não devem excluir o amor à pessoa, ainda que se lute
contra sua ideia ou posição. As divergências tornam ainda mais necessário o
amor – que consistirá talvez em mostrar ao “inimigo” que ele defende um projeto
errado ou injusto …
O ser humano realiza sua vocação de ser semelhante a Deus, quando ama a todos com o amor gratuito de Deus, sem procurar qualquer compensação. Por essa razão, deve empenhar-se de modo especial pelos pobres, estranhos etc. – e também amar os inimigos.
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
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