Quem, onde e como?
O Ano Vocacional em curso para todo o
Brasil traz consigo uma série de perguntas sobre as pessoas chamadas por Deus,
suas motivações e o alcance de sua atuação. O Evangelho (Mt 4,12-23) nos ajuda
a penetrar neste maravilhoso e desafiador mistério da vocação. Comecemos pelo
espaço de atuação de Jesus. Sabemos que não percorreu grandes distâncias, exceto
a fuga para o Egito, ainda criança, algumas incursões pelas fronteiras com
regiões pagãs. Jerusalém e a Judeia foram percorridas por ele, como ponto de
chegada de sua entrega como Salvador do Mundo, visitas ao Templo e muitos
confrontos com as autoridades religiosas. Entretanto, a maior parte de sua
pregação do Reino de Deus aconteceu na Galileia. De fato, “deixou Nazaré e foi
morar em Cafarnaum, às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e
de Neftali, para cumprir-se o que foi dito pelo profeta Isaías: ‘Terra de
Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galileia,
entregue às nações pagãs! O povo que estava nas trevas viu uma grande luz, para
os habitantes da região sombria da morte uma luz surgiu’. A partir de então, Jesus
começou a anunciar: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mt
4,13-17).
Ele começou pela região mais desafiadora, o
povo que andava na escuridão (Cf. Is 9,1) e que encontrou uma grande luz, para
crescer a alegria e a felicidade. Com frequência ouvimos pessoas se referirem a
outros tempos ou épocas, pensando ter sido melhor o passado, alimentando
saudade bucólica e falta de coragem para enfrentar os desafios do presente.
Desejamos apresentar a todos os cristãos, especialmente aos jovens, a beleza do
tempo presente, para que descubram justamente nos problemas de hoje a
inspiração a darem resposta corajosa, pois há muita gente desorientada e
perdida, suplicando nosso envolvimento. Onde Deus está e apresenta seu convite
vocacional? Faz-se necessário olhar ao redor, superar o indiferentismo e olhar
para tantas pessoas caídas à beira do caminho, sem passar ao largo! (Cf. Lc
10,31-2) Não existe falta de vocações em nosso tempo. Falta sensibilização,
trato e resposta corajosa.
Para trazer em nossa boca a palavra forte
de Jesus – “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo” – é necessário
ouvi-la dirigida a cada um de nós, em qualquer idade ou condição social e
religiosa. Cada um de nós há de se encontrar na Galileia dos pagãos! Uma revisão
corajosa e honesta da vida mostrará o quanto cada um de nós, sem exceção, deve
converter-se sempre e mais ainda. A força da pregação do Reino de Deus não
diminuiu e vai se perpetuar até o fim dos tempos. E tendo ouvido o convite de
Jesus, abram-se nossos olhos e nossos corações para o horizonte missionário,
com a pergunta sobre onde cada um de nós pode servir, e com ousadia procurar
saber que situações mais complicadas podem contar com os dons a nós concedidos
pelo Senhor. Há coisas difíceis cuja solução pode estar em nós e não nos
outros! Que tal aceitar esta provocação?
O Evangelho depois apresenta nomes! Simão
Pedro, André, seu irmão, Tiago e João (Cf. Mt 4,18-22). Quem pode responder ao
chamado de Jesus? Uma lista imensa começa ali e hoje chega até aqui, incluindo
nossos nomes. São Paulo nos ajuda a entender: “A alguns ele concedeu serem
apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros, pastores e
mestres. Assim, ele capacitou os santos para a obra do ministério, para a
edificação do Corpo de Cristo, até chegarmos, todos juntos, à unidade na fé e
no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura do Cristo em
sua plenitude” (Ef 4,11-13).
Na mesma Carta aos Efésios ele descreve a
vocação da família (Ef 5,21 – 6,4). Na primeira semana de janeiro, para dar um
exemplo, foi celebrada a missa de posse e envio dos casais dirigentes do
Encontro de Casais com Cristo, homens e mulheres que descobrem com criatividade
seu lugar nas Paróquias e na Arquidiocese, um evento de grande significação. E
no último final de semana, era toda a Pastoral Familiar da Arquidiocese que se
reunia, traçando seus rumos de trabalho para o presente ano! Não há vocação
melhor do que a outra! Para cada um de nós, a melhor é a que corresponde ao
olhar pessoal de Deus, e para todos ele tem este olhar especial!
O Apóstolo São Paulo escrevendo aos
Coríntios (1Cor 1,10-17), ao referir-se a nomes de personalidades importantes,
como Pedro, Apolo e o próprio Paulo, faz convergir as diversas vocações e dons
para o essencial, Jesus Cristo! Durante este período do ano, as diversas circunscrições
eclesiásticas de todo o Brasil, segundo as prementes necessidades da
Evangelização, promove as nomeações de sacerdotes para Paróquias e outras
atividades. Nossa Arquidiocese tem assistido, desde o final do mês de dezembro
de 2022, quando começamos a dar posse aos padres em suas novas destinações, um
verdadeiro espetáculo de disponibilidade, da parte dos sacerdotes e do povo,
manifestações de acolhida aos párocos que chegam, uma alegria pela
responsabilidade missionária e evangelizadora que envolve a todos, na grande
tarefa do anúncio do nome de Jesus Cristo e não a si mesmos, todos eles prontos
a abraçar a missão. Além disso, nossos seminaristas estão nas missões
intensivas de férias, presentes em toda a Arquidiocese, felizes e agradecidos
pelo trabalho e os frutos, já que Deus não se deixa vencer em generosidade. E
chegam continuamente notícias de nossas Áreas Missionárias e Novas Paróquias,
onde pululam iniciativas de formação e dedicação ao povo de Deus.
Como se não bastasse, fiel às propostas do
Sínodo Especial para a Amazônia, nossa Arquidiocese tem agora quatro sacerdotes
diocesanos missionários, dois na Prelazia do Alto Xingu – Tucumã – PA, um em
Itacoatiara – AM e um na Diocese de Humaitá – AM. Temos aprendido a dar de
nossa pobreza, para que sejamos mais ainda uma Igreja em saída, abrindo-nos
para horizontes cada vez amplos.
Rezemos com a Igreja: Deus eterno e
todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em
nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Amém!
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