mulher de oração a ser imitada
A Igreja recorda
hoje Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. O Papa Francisco apontou-a várias
vezes como modelo a imitar, especialmente por sua constante oração a Deus, um
diálogo de fé que sustentou a sua caminhada cristã.
Santa Mônica (©jorisvo - stock.adobe.com) |
Tiziana Campisi –
Vatican News - Uma mulher tenaz e amorosa, com uma fé sólida: este é o retrato
de Santa Mônica. Esposa virtuosa e mãe cuidadosa, ela alimentou sua fé com a
oração, prática piedosa e escuta da Palavra de Deus. O seu é o exemplo de
oração incessante que deveria alimentar a fé de todo cristão. E, de fato, a
oração é o "segredo" da vida de Mônica, um diálogo com Deus que nunca
se interrompeu. Uma oração que, embora às vezes parecesse que não era ouvida,
foi insistente, sustentada pela vontade de ferro de querer ser uma boa esposa e
de ver seus filhos seguros no porto de Deus. Em uma meditação matinal proposta
na Capela da Casa de Santa Marta (11 de outubro de 2018), o Papa chamou a
oração "uma trabalho: um trabalho que nos pede vontade, nos pede
constância, nos pede determinação, sem vergonha". (...) Uma oração
constante e intrusiva. Pensemos em Santa Mônica, por exemplo, quantos anos ela
rezou assim, mesmo com lágrimas, pela conversão de seu filho. O Senhor
finalmente abriu a porta".
A oração escola de
perfeição
E foi precisamente
na oração que Mônica alcançou a Sabedoria e a perfeição, tanto que um dia,
conversando com seu filho Agostinho, agora determinado a dar sua vida
inteiramente pela Igreja, sabendo-o na vida de Cristo, desejando a plenitude em
Deus e bem-aventurança eterna, ela disse que a vida não tinha mais nenhuma
atração para ela. E perto da morte, encontrando-se em Óstia, longe da Numídia,
a região do norte da África onde nasceu, ela comentou com seus parentes que não
queriam deixar que seus restos mortais ficassem em uma terra estrangeira,
recomendou: "enterrem este corpo onde ele está, sem nenhuma piedade. Peço
a você apenas uma coisa: lembrem-se de mim, onde quer que vocês estejam, diante
do altar do Senhor" (Conf. IX, 11.27).
Mônica em diálogo
com Deus
Sem dúvida, Mônica
não teria conseguido tal visão de sua existência se não tivesse alimentado sua
vida cristã com a oração. A Irmã Ilaria Magli, monja agostiniana do Mosteiro
dos Santos Quatro Coroados, de Roma, explica o que caracterizou a conversa de Santa
Mônica com Deus:
Irmã Ilaria Magli - O que
certamente distingue sua oração é sua tenacidade e insistência em arrancar
Agostinho tanto da seita maniqueísta como de todos os erros de sua
adolescência, a fim de trazê-lo àquela certa felicidade que é a estabilidade
com Deus. Esta insistência, e esta grande liberdade que a mulher e mãe Mônica
tinha para com Deus, gosto um pouco de compará-la à mulher sirofenícia do
Evangelho que, para sua filha doente, insiste também diante das respostas que
parecem bruscas de Jesus e quer a todo custo conseguir a cura de sua filha, com
aquela liberdade que não a faz dizer: "Ah, olha, Senhor, é verdade, tens
razão, eu não pertenço à casa de Israel". Com licença, estou indo
embora". Não, não, ela insiste e insiste. Isto realmente nos ensina perseverança
e confiança em um Pai que nos salva. E também me parece que, além da
insistência, há este belo fato que é fundamentalmente a maternidade, isto é,
rezar como sendo ventres que continuamente geram vida. Agostinho nos conta isso
sobre Mônica, que ela havia criado seus filhos dando à luz tantas vezes quantas
as que viu se afastando de Deus. Isto diz que a oração parte da própria
essência de uma realidade, que para Mônica era a maternidade, sendo ela
precisamente uma mulher que deseja a vida de seus filhos. E isto não nos separa
também de uma oração que está ancorada em nosso tecido vital, de nosso ser
mulheres ou homens, sacerdotes ou homens consagrados, mulheres casadas ou
mulheres que vivem a castidade, mas ancoradas à sua realidade. Portanto, uma mulher,
mãe, Mônica, que insiste na vida e dá à luz e gera, continuamente à vida, vida
concreta, mas também vida na fé.
O que Santa Mônica
aprendeu com a oração?
Irmã Ilaria Magli - Parece-me que
Mônica, entretanto, fosse uma mulher que rezava muito. Agostinho nos lembra dela
quando passava um tempo em Milão ouvindo Ambrósio. E o espaço que ele dedicava
à escuta, à oração, deu a Mônica esse conhecimento, essa Sabedoria que é
precisamente o sabor da presença de Deus em sua vida e em sua história. E
talvez Mônica também aprende e nos ensina que estar com Deus,
"desperdiçando nosso tempo", torna possível adquirir um bom sabor da
vida que é esta eternidade, que então se encarna nos fragmentos de nossa
existência. É bonito quando Agostinho, nos diálogos com seus amigos neste caminho
de busca, agora próximo da conversão, vê Mônica também presente que lança estas
pérolas de sabedoria. Mas de onde vem essa sabedoria nela que não tem os
fundamentos filosóficos que esses jovens têm? Vem precisamente desta bela
Sabedoria que é o Evangelho, que é a escuta dos textos, que é esta oração, este
sabor que torna Deus presente na história e que torna você sábio.
Como cultivar a
oração hoje?
Irmã Ilaria Magli - Hoje é tão
difícil rezar - porque estamos todos imersos numa sociedade extremamente
frenética e apressada - que parar e adorar o Santíssimo Sacramento, ler as
Escrituras, neste tempo livre, parece, precisamente, uma perda de tempo; não é
tempo explorável, não tem lucro. Cultivar a oração significa, enquanto isso,
aprender que somente tomando tempo, tomando espaço durante o dia, chegaremos
àquela Sabedoria que Mônica nos ensinou, que é a de garantir que em todas as
coisas que fazemos ali esteja aquela reverberação da eternidade que Deus nos
dá. Depois há um espaço sagrado a preservar - a partir da própria interioridade,
da escuta da Palavra, de uma oração, também vocal, daquela que é a forma
pessoal de oração - mas para chegar a esta conexão com a realidade, esta
compreensão de toda a realidade, com sua fadigas e alegrias, com as doenças e
as dores, com as solidões e os vazios. É nesta realidade que Deus nos fala.
Para Mônica Deus falou precisamente através de um sofrimento que era a
distância de Agostinho de Deus, também de seu marido. E ele a levou a assumir
na oração este grito materno.
Assim, estar
verdadeiramente ancorado à própria história, à própria vida, faz com que a
doação de espaços de silêncio torne a vida plena, bela, cheia de Deus. Porque,
nos lembra o próprio Agostinho, estamos inquietos, temos um coração
continuamente ansioso, preocupado, até que O encontramos, até que descansamos
n’Ele. Significa alcançar, trazer para cá, acolher aqui aquele Paraíso e aquela
eternidade que o Senhor quer nos dar em cada fragmento do dia. Isto podemos
aprender com a oração e podemos cultivar se aprendermos a descobrir aquele
desejo básico que é uma felicidade que habita em nós, que está escrito em
nossos corações. Assim, fazer florescer novamente este desejo que habita em
nosso coração significa então aprender, lentamente, a tomar tempo e permanecer
dentro desta bela escola da vida.
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Fonte: vaticannews.va
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