22º Domingo do Tempo Comum
Acolher os
cegos, coxos e aleijados, para a sociedade judaica, era acolher os pecadores; o
defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências do pecado.
No Evangelho,
Jesus está jantando na casa de pessoas importantes da sociedade judaica. Ele
observou, não apenas neste jantar, mas em diversas refeições de que participou,
especialmente em banquetes, que as pessoas faziam verdadeiras ginásticas para
estarem em lugar de destaque, próximos do anfitrião ou do homenageado. Ele
aproveitou o momento para fazer algumas observações que não são de etiqueta, mas
de postura em relação ao Reino do Céu.
Ele inicia
quebrando certa visão conservadora de Deus e de relacionamentos “queridos” por
ele.
Para Jesus não
existe um Deus distante das pessoas e nem a necessidade de render-lhe homenagem
com mortificações, penitências e jejuns. O Deus de Jesus Cristo é o Emanuel,
Deus Conosco, que vem armar sua tenda em nosso meio, que vem participar de
nossas alegrias e tristezas, que vem viver a nossa vida e nos quer ver alegres,
felizes, em paz.
Em seguida, o
Senhor faz uma advertência sobre quem convidar para o festim.
Os convidados
deverão ser os coxos, os aleijados, os excluídos, aqueles que jamais poderão
retribuir o convite. Dentro da tradição, os convidados seriam irmãos, parentes,
amigos e vizinhos. Jesus, rejeitou esse costume e deu novas orientações, como
vimos.
Jesus dá o
alerta em relação aos marginalizados, aos esquecidos. É com eles, com os que
estão presentes apenas para servir, que o Senhor se identificou. Do mesmo modo
Maria, nas Bodas de Caná, se identificou com os servidores, por isso ela
percebeu a falta de vinho. Se estivesse sentada à mesa, não perceberia, mas
como certamente estava ajudando a servir, apesar de convidada, percebeu.
Neste momento
poderemos nos perguntar de que lado nos posicionamos? Qual é nosso lugar social
no mundo em que habitamos? Lugar social não tanto de nascimento, mas de opção.
Colocamo-nos ao lado dos ricos, dos incluídos ou nos identificamos com os
despossuídos?
Depois o Senhor
entra na questão do acolhimento. Banquete, almoço, jantar ou uma simples
refeição, supõe acolhida. Acolhemos apenas os sadios, os perfeitos, os
íntegros, os santos, ou temos espaço para os doentes, para os que levam vida
irregular e estão fora do politicamente e eticamente aceito?
Acolher os
cegos, coxos e aleijados, significava na sociedade judaica acolher os
pecadores, já que o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como
consequências de pecados.
Jesus não está
se referindo a uma refeição concreta, mas a uma postura de vida que aceita os
puros, perfeitos, santos aos olhos dos valores éticos de nossa sociedade e
rejeita aqueles que deveriam estar cobertos de vergonha pela vida que levam ou
que levaram, pelas suas opções erradas, pela demonstração pública de que
rejeitaram as inspirações para o bom caminho. Podemos pensar nos alcoólatras,
drogados, viciados em jogos de azar, prostitutas e outros praticantes de
atitudes que desabonam mocinhas e mocinhos virtuosos.
Concluindo nossa
reflexão, peçamos ao Senhor a graça de mudarmos nosso lugar social e de nos
identificarmos com aqueles que ele, sua e nossa bendita Mãe, se identificaram,
ou seja, com os pobres, com os marginalizados.
Que a celebração
eucarística, que nossa presença na igreja durante a missa, seja sinal do que
acontece em nosso interior, e sintamo-nos irmanados com aquele que estiver ao
nosso lado, seja conhecido ou não, bem apresentável ou não.
Não importa
tanto se em nossa vida é frequente esse tipo de refeição, mas é fundamental que
isso faça parte de nosso coração, de nosso querer, de nossa identificação, de
nosso lugar de fé.
Pe. Cesar Augusto dos Santos
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Fonte: vaticannews.va
Fonte: vaticannews.va
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