Por que um
Sínodo para a Amazônia?
O principal
sentido do Sínodo para a Amazônia é potencializar a ação evangelizadora naquele
território.
O Concílio
Ecumênico Vaticano II (1962-1965) é um dos mais importantes marcos do século
XX. Sua realização contribuiu especialmente para a autocompreensão da Igreja e
de sua missão. A famosa pergunta “Igreja, o que dizes de ti mesma?”, feita em
aula conciliar, produziu significativos estudos e aprofundamentos sobre a
identidade da Igreja e de sua missão no mundo. O Concílio acabou por tomar o
itinerário de pensar a ação da Igreja no seu interior (ecclesia ad intra) e em
relação ao mundo (ecclesia ad extra). Se no Concílio Vaticano I houve forte
insistência no papel do sucessor de Pedro, o Papa, no Vaticano II a insistência
pesou sobre o exercício do ministério episcopal. E a imagem da Igreja como
“povo de Deus” foi fundamental para enfatizar a missão dos bispos e dos padres
como servidores desse povo sacerdotal.
Dom João Justino de Medeiros Silva |
Como a
realização de um concílio é algo bastante complexo, para garantir maior e
melhor participação dos bispos no governo da Igreja, o Papa Paulo VI instituiu,
ainda durante o Concílio, precisamente no dia 15 de setembro de 1965, com o
Motu Proprio Apostolica Sollicitudo, o Sínodo dos Bispos, como um organismo
permanente de escuta e de consulta, de encontros e de diálogos de bispos
representantes dos diferentes episcopados do mundo. O Decreto Conciliar
Christus Dominus faz uma alusão ao Sínodo então instituído como resposta às
demandas do episcopado de participar mais ativamente com o Papa, e sob a
direção do Papa, do governo da Igreja: “Alguns Bispos das diversas regiões do
mundo, escolhidos do modo e processo que o Romano Pontífice estabeleceu ou vier
a estabelecer, colaboram mais eficazmente com o pastor supremo da Igreja
formando um Conselho que recebe o nome de Sínodo Episcopal. Este Sínodo, agindo
em nome de todo o Episcopado católico, mostra ao mesmo tempo que todos os
Bispos em comunhão hierárquica participam da solicitude por toda a Igreja” (CD
5). A Secretaria Geral do Sínodo se encarrega de organizar todo o processo
sinodal, após a escolha do tema. Desde então, houve sínodos ordinários, extraordinários
e especiais.
O Sínodo para a
Amazônia, convocado pelo Papa Francisco, se inscreve como Sínodo Especial.
Diversos outros sínodos especiais já foram celebrados. Recorde-se o Sínodo para
o Oriente Médio (2010) e o Sínodo para o Líbano (1995), entre outros. Isto
demonstra a praxe da Igreja de tratar de sua missão evangelizadora com olhar
especial para algumas regiões do mundo. O principal sentido do Sínodo para a
Amazônia é potencializar a ação evangelizadora naquele território. Isso não se
faz sem antes escutar aquela realidade, o que significa dar voz aos povos
amazônicos, incluídos os missionários e pastores que ali estão a serviço do
Evangelho. A escuta é tão importante e necessária que o Papa Francisco convidou
alguns membros de Igrejas Protestantes e Evangélicas para participar do Sínodo.
Acreditamos que
o Sínodo para a Amazônia é uma fecunda oportunidade para a Igreja e, também,
para a sociedade, de escutar os clamores da Amazônia. E para isso não se poderá
escapar de considerar o descaso dos governos com essa região chamada de pulmão
do mundo e cobiçada pelo capital. Acompanhemos o Sínodo.
Dom João Justino
de Medeiros Silva - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros - MG
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Fonte: cnbbleste2.org.br Banner: diocesedemaraba.com.br
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