Processo Diocesano de beatificação
do Monsenhor Alderigi se encerra em dezembro
“Um homem de
Deus, perseverante na oração. Um homem da Igreja totalmente dedicado ao
progresso espiritual do seu povo. Um homem que se fez pobre para doar-se
inteiramente aos pobres. Um presente de Deus que passou por este mundo fazendo
o bem”. É assim que muitos fiéis se recordam do Servo de Deus Padre Alderigi
Maria Torriani, padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG, falecido em 1977
Santuário de Santa Rida de Cássia |
Biografia
Filho de
imigrantes italianos, Alderigi nasceu em Jacutinga, em 1895. Desde pequeno
sentiu-se chamado por Deus para a vida sacerdotal. Cultivou a semente da
vocação através da oração, da vida comunitária em sua paroquia e da constante
participação nos sacramentos. Depois dos estudos no Seminário de Pouso Alegre,
foi ordenado sacerdote em 1920. Já no início de seu ministério sacerdotal,
exerceu importantes funções. Em Pouso Alegre foi Vigário Cooperador na Catedral
Metropolitana e Diretor do Ginásio Diocesano, atual Colégio São José.
Logo depois, foi nomeado Vigário de Brasópolis, onde permaneceu por alguns
meses. Por um curto período esteve também à frente da paróquia de Camanducaia,
onde lançou sementes de reconciliação e de paz. Mas foi em Santa Rita de Caldas
que viveu a maior parte de sua vida e ministério, ficando ali por 50 anos.
Mons. Alderigi |
Devido
a esta tão grande fama de santidade, o Arcebispo de Pouso Alegre na época, Dom
Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho – Opraem., decretou a introdução do Processo
de Canonização de Padre Alderigi. Este processo se desenvolve em uma fase
diocesana e, depois, na Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, na fase
romana. A partir da abertura deste processo de canonização, Padre Alderigi é
chamado Servo de Deus. Este título indica que um processo está sendo realizado
para que a Igreja reconheça, oficialmente, que ele viveu de modo heroico as
virtudes cristãs e seja apresentado como modelo de santidade a todos os
católicos.
Para
saber mais sobre a vida e também como se encontra seu processo de canonização,
conversamos com o padre Rodrigo Carneiro Paiva Mendes, vice-postulador da
causa, isto é, como se fosse um advogado de defesa que tem a incumbência de
reunir elementos, depoimentos, testemunhos, dados etc, que efetivamente
comprovem os méritos de Beato de Monsenhor Alderigi Torriani.
Pergunta: Especificamente,
em que etapa desse processo nos encontramos atualmente?
Pe.
Rodrigo - Padre Alderigi Torriani morreu em 1977 com fama de Santidade e desde
então as pessoas reconhecem que sua vida foi um testemunho de fé, amor e
esperança. A Arquidiocese, percebendo o apelo popular, abriu em 1999, com a
autorização da Congregação para a Causa dos Santos, seu Processo de
Canonização. O processo se encontra ainda na primeira fase, que é chamada de
Fase Diocesana, onde uma comissão história tem buscado, através de pesquisas,
conhecer a vida do Padre Alderigi e outra comissão tem colhido depoimentos de
pessoas que o conheceram, para que se verifique e comprove através de
testemunhos sua fama de santidade.
Pergunta: Por
que foi confiado ao Senhor a função de postulador na causa de beatificação de
Monsenhor Alderigi?
Pe.
Rodrigo - Dentro do Processo de Canonização existem funções que precisam ser
desempenhadas. A figura do Postulador é aquele que coordena os trabalhos e
busca divulgar a vida do Servo de Deus. No caso deste Processo, o Postulador é
o Padre Leandro de Carvalho Raimundo, hoje Pároco de Monte Verde. Quando da sua
estada em Roma para estudos teológicos, realizou também estudos na Congregação
da Causa dos Santos.
Pergunta: O
que há de especial na vida de Monsenhor Alderigi? Não houve na história do
Brasil muitos sacerdotes semelhantes?
Pe.
Rodrigo - A vida do Padre Alderigi foi uma vida muito simples, mas que se
destacou pela sua fé e devoção a Nossa Senhora e Santa Rita. Um ser humano
desapegado, que se preocupou muito com questões humanas, sociais e
educacionais, na promoção da pessoa. Promoveu o ser humano, pois foi um homem
de fé e de oração. Sim, no Brasil existem muitos outros Padres que também estão
com Processos de Canonização abertos, como é o caso do Padre Donizete
(Tambú-SP), Dom Ignácio (Bispo de Guaxupé) e Dom Otton (Bispo da Campanha).
Pergunta: Qual
sua recordação mais particular de tal processo? Deparou com alguma surpresa?
Pe.
Rodrigo - Trabalhar neste processo tem sido algo edificador, pois como Padre
posso conhecer mais a vida de um Sacerdote que trabalhou em nossa região
espalhando o cuidado do Cristo Bom Pastor. Algo que me impressiona é o carinho
de um povo pelo seu Sacerdote, mesmo tendo falecido há 40 anos, sua memória
está muito viva. Algo impressionante também é a confiança das pessoas em sua
intercessão. Consequência desta confiança são as inúmeras graças alcançadas por
seu intermédio.
Pergunta: Até
o momento, o que já foi recolhido e juntado no processo?
Pe.
Rodrigo - Até o momento muitos depoimentos foram ouvidos. Depoimentos de
belíssimas experiências de pessoas que o conheceram e atestam que sua vida
realmente foi fazer a vontade de Deus na simplicidade, no amor e humildade.
Foram também juntados a este processo documentos pessoais, escritos pessoais,
escritos sobre ele que foram veiculados pela imprensa e está sendo feita agora
uma biografia oficial para que seja um resumo de sua vida nesta região do sul
de Minas Gerais.
Pergunta: Para
Monsenhor Alderigi ser beatificado, é necessário que a Santa Sé reconheça um
milagre obtido pela sua intercessão. Há algum milagre atribuído a ele? Como se
encontra este processo?
Pe.
Rodrigo – Sim. Para o Padre Alderigi ser declarado Bem Aventurado ou Beato, a
Igreja Católica, através da Congregação dos Santos, precisa reconhecer suas
virtudes e um possível milagre. Existem algumas graças que são atribuídas a
ele, algumas mais simples e outras mais complexas. Esta fase de triagem dos
Milagres vai ocorrer agora com o fechamento da Fase Diocesana, que se preocupou
com uma dimensão mais histórica. O Milagre que poderá ser utilizado para a
Beatificação precisa se tratar de algo extraordinário, realmente algo que a
medicina comprove que a mão humana não tenha alcançado. Enfim, os relatos
existentes e futuros relatos serão analisados, de acordo com as exigências do
Vaticano.
Pergunta: Qual
serão os próximos passos?
Pe.
Rodrigo - Com o fechamento da Fase Diocesana, inicia-se a Fase Romana do
Processo de Canonização, onde o Postulador passa a ser o Dr. Paolo Vilotta.
Este novo Postulador da Fase Romana é um italiano que possui sua equipe de
trabalho e que é responsável no Brasil e em outros países por quase cem
Processos de Canonização, como por exemplo: Nhá Chica – Baependi, Padre Victor
– Três Pontas, Guido Shaffer – Rio de Janeiro, Irmã Dulce – Salvador, entre
outros. Nesta Fase Romana será estudado o material produzido pela Diocese:
históricos, depoimentos e escritos do Servo de Deus e com este estudo,
analisado suas virtudes e também ao longo desta fase um possível
milagre. Percebo que um passo importante é a divulgação do Padre Alderigi
em Jacutinga, que é sua cidade natal. Semana passada alguns integrantes do
Terço dos Homens me procuraram e em breve, em união com os Padres e Lideranças
Católicas, queremos iniciar este resgate da pessoa do Padre Alderigi em
Jacutinga, visto que os restos mortais de seus pais se encontram sepultados no
Cemitério Municipal.
Pergunta: É
possível que se chegue à beatificação do Monsenhor Alderigi? Existem um prazo?
Pe.
Rodrigo – Sim. É possível que a Igreja reconheça oficialmente a Santidade do
Padre Alderigi, pois sua vida é um verdadeiro testemunho do Evangelho. Em
relação a prazo, não posso afirmar nada, pois isso dependerá de muitos fatores.
O importante neste momento é rezarmos pelo bom êxito do Processo de Canonização
e buscar divulgar muito o Servo de Deus, para que seja conhecido e mais pessoas
peçam a ele o auxílio para suas vidas e, quem sabe, desta divulgação saia o
futuro milagre que a Igreja precise para o declarar Beato.
Processo
da Mãezinha do Carmelo
Maria
Giselda Villela nasceu em Jacutinga em 08 de julho 1909, no bairro Sapucaí, mas
viveu sua infância em Maria da Fé. Era a terceira de sete filhos do casal
Manoel Villela Pereira (de origem portuguesa) e Maria Augusta Campos Villela.
Entrou para o Carmelo em 1930, em Campinas. Mas em 1943, ela é enviada para
Pouso Alegre, como uma das responsáveis para o fundação do Carmelo da Sagrada
Família. Ali sua vida foi de total dedicação ao povo de Deus. Mesmo
enclausurada, intercedia pelas pessoas que corriam ao Carmelo para fazer suas
orações. Em vida já possuía fama de santidade. “Mãezinha do Carmelo”
faleceu no dia 20 de janeiro de 1988. Com o clamor dos fiéis, também se
inaugurou a fase Diocesana, a qual já foi encerrada em outubro de 2015, após
oito anos de trabalho e pesquisas. O processo, hoje, se encontra no
Vaticano.
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Fonte: arq.mirade.com.br Texto: Pe. Andrey Nicioli
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