Não decepcionar a confiança que Deus deposita em nós!
A liturgia do
33º Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a grave responsabilidade de
ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha consciente, ativa e
comprometida desse projeto de salvação/libertação que Deus Pai tem para os
homens.
O Evangelho (Mt
25,14-30) nos apresenta dois exemplos opostos de como esperar e preparar a
última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os
“bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na
apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está
a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos
frutos a que têm direito).
O Evangelho fala
do serviço fiel e do amor operoso. O homem, sem nenhum aviso prévio, confia os
seus bens, antes de sua viagem aos seus empregados, segundo a capacidade de
cada um. Temos presentes duas situações: a longa ausência do patrão e as
atitudes dos que receberam bens, para administrarem. O retorno do patrão e a
prestação de contas, acompanhada do diálogo entre o patrão e o empregado. Os
dois primeiros empregados foram edificantes. Ao terceiro não coube esta
felicidade, porque não soube cumprir com a sua missão. Aos dois primeiros
empregados, fiéis e diligentes, houve a alegria, fruto da missão cumprida e ao
último empregado, negligente, houve a inação, fruto da insensatez de quem não
sabe confiar no seu Senhor.
O Papa Francisco
nos ensina que: “E também o Senhor não dá a todos as mesmas coisas e no mesmo
modo: conhece cada um de nós pessoalmente e nos confia aquilo que é certo para
nós; mas em todos, em todos há algo de igual: a mesma, imensa confiança. Deus
confia em nós, Deus tem esperança em nós! E isto é o mesmo para todos. Não o
desiludamos! Não nos deixemos enganar pelo medo, mas vamos retribuir confiança
com confiança! A Virgem Maria encarna esta atitude no modo mais belo e mais
pleno. Ela recebeu e acolheu o dom mais sublime, Jesus em pessoa, e à sua volta
O ofereceu à humanidade com coração generoso. A ela peçamos para nos ajudar a
sermos “servos bons e fiéis” para participar “da alegria do nosso Senhor”.
Na segunda leitura, São Paulo(1Ts 5,1-6) deixa
claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é
estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus,
testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do
Reino.São Paulo considera a comunidade privilegiada, por pertencer à Igreja e
viver a fidelidade ao Evangelho, mantendo um estado de vigilância e uma conduta
sóbria, sem vícios e impurezas: “não durmamos, como os outros, mas sejamos
vigilantes e sóbrios!”(cf. 1Ts 5,5). Se os pagãos vivem sem fé, a nós batizados
devemos estar vigilantes e testemunhando a nossa fé.
A primeira
leitura(Pr 31,10-13.19-20.30-31) apresenta, na figura da mulher virtuosa,
alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio”
autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da
generosidade, do “temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são
valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos
projetos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou. A mulher
virtuosa, e todos os homens e mulheres de boa vontade, vivem em sabedoria e
graça diante de Deus e das outras pessoas. É fonte de confiança de alegria e de
sucesso para o seu marido. É trabalhadora e sabe administrar bem a casa. Usa de
generosidade para com os mais pobres, o que devemos ressaltar neste domingo em
que o Papa Francisco, nos convida a celebrar o dia mundial do pobre. A mulher
virtuosa não se apoia na beleza ou em seguranças passageiras, pois seu encanto
está na sua relação com Deus. Por isso essa mulher e todos os que seguem o seu
exemplo merecem receber o louvor publicamente, porque não só a mulher virtuosa,
mais todos os que vivem o que se pede o Senhor, és feliz, se temes o Senhor e
trilhas os seus caminhos (cf. Sl 127).
Neste domingo
dedicado aos irmãos mais humildes vamos emprestar aos mais pobres aquilo que
somos apenas administradores. Se assim agimos, com generosidade, acolhida,
sabedoria e desprendimento nós não estaremos decepcionando a confiança que Deus
deposita em cada um de nós! Reparta, reparta sempre. Repartir e rezar sempre
resolve!
Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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