Não a cristãos por demais apegados ao dinheiro
Cidade do
Vaticano (RV) - “Um cristão muito apegado ao dinheiro errou o caminho.” É o que
afirma o Papa Francisco no tuíte lançado esta terça-feira. Trata-se de uma
advertência que, certamente, não é uma novidade em seus ensinamentos, feitos
sempre com muita clareza tanto à pessoa, singularmente considerada, como ao
episcopado e ao clero. Entrevistado pela Rádio Vaticano, o Bispo auxiliar de
Roma, Dom Guerino Di Tora, comenta a mensagem do Papa:
Dom Guerino Di
Tora: “Isso me faz pensar naquilo que é a relação de todo cristão com o
dinheiro e, muitas vezes, também para nós sacerdotes, não estamos isentos
disso. O que o dinheiro representa? A segurança humana: tendo dinheiro, a
pessoa pensa estar tranquila para qualquer situação. Portanto, coloca a sua
segurança numa relação baseada numa coisa, e não numa realidade de fé em Deus.
Consequentemente, se tenho fé no Senhor ou se confio unicamente no dinheiro e
tudo que isso comporta: amizades com os poderosos, as outras realidades e
situações humanas, o aparecer... A minha segurança é Cristo, diz São Paulo,
“quer eu viva, quer eu morra, Cristo é a minha força”. Isso não significa,
então, que o cristão é chamado a viver sem dinheiro, mas o dinheiro para mim
deve ser algo que me ajuda a viver, não se tornando o ganhar a finalidade da
minha vida, o acumular... É claro que quem tem mais pode utilizá-lo inclusive
em benefício dos outros. Portanto, deve ser um meio quer para a minha vida,
quer para uma relação com meu próximo. O Senhor pede também a nós, sacerdotes,
que saibamos utilizar e ter o sentido do dinheiro para a comunidade, para o
sustento, para nossas atividades tanto pastoral quanto material, se temos que
cuidar dos bens da Igreja que nos são confiados.”
RV: O que
sugeriria a um cristão por demais seduzido pelo dinheiro e que gostaria, ao
invés, de reencontrar o justo caminho?
Dom Guerino Di
Tora: “Em primeiro lugar, ninguém pode abandonar facilmente uma segurança. Se
até hoje, por exemplo, sempre confiei em minhas coisas, nas coisas materiais,
no dinheiro, acaba sendo um insulto pensar em desfazer-se de tudo... Devo
primeiro encontrar para mim uma segurança maior. No momento em que encontro
essa segurança no Senhor, na fé, então posso verdadeiramente colocar de lado as
seguranças de antes. O que eu sugeriria? Uma vida mais intensa de oração, uma
escuta da Palavra de Deus, um viver mais com os outros e a serviço dos outros.
Estive muitos anos na Caritas de Roma: vi gente mudar de vida unicamente
estando em contato com pessoas em dificuldades. É verdadeiramente um dom de
Deus o fato de essa relação com pessoas em dificuldades levar outras a
encontrar algo de diferente.”
RV: Quem critica
a Igreja sobre o modo de administrar dinheiro e bens, muitas vezes não sabe, ou
se esquece, o quanto a Igreja faz, todos os dias, em favor dos pobres, a
começar pelo próprio Papa até as estruturas mais periféricas da Igreja. Como
responde, como bispo, quando se depara com esse tipo de críticas?
Dom Guerino Di
Tora: “Infelizmente, há algum sacerdote ou alguma instituição que não soube
dar bom exemplo. Nisso somos todos pecadores, deficitários. Porém, olhemos não
somente para algo de negativo que existe: olhemos para o muito positivo que
existe! Quantas pessoas se prodigalizam pelos outros, quantas instituições,
quantas realidades! Visitei o centro que foi aberto atrás da Estação Tiburtina
(de Roma). À noite, as pessoas vinham trazer ajudas... Um ancião comoveu-me;
chegou num taxi: “Não sabia onde estava e ,então, peguei o taxi para trazer
essas duas bolsas”, disse ele. Ora, devemos saber valorizar sempre mais essas
ações. Mesmo se há quem comete erros, não se pode de um exemplo deduzir toda
uma realidade ou uma estrutura.” (RL)
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Fonte: radiovaticana.va
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