o bem pode vencer
Em sua homilia,
Francisco ressaltou que a presença das Forças Armadas, Polícia e Segurança
"em nossas cidades e bairros, o modo como estão sempre do lado da
legalidade e dos mais fracos, torna-se ensinamento para todos nós: ensina-nos
que a justiça, a lealdade e a paixão cívica continuam sendo valores necessários
hoje em dia. Ensina-nos que podemos criar um mundo mais humano, mais justo e
mais fraterno, apesar das forças contrárias do mal".
Neste domingo, 9
de fevereiro, foi celebrada a missa para o Jubileu das Forças Armadas, Polícia
e Segurança, na Praça São Pedro, com a presença do Papa Francisco.
A missa foi
celebrada pelo prefeito do Dicastério para os Bispos, cardeal Francis Prevost.
Concelebraram o ordinário militar da Itália, dom Santo Marcianò, e o arcebispo
de Vilnius, dom Gintaras Grušas, presidente do Conselho das Conferências
Episcopais Europeias (CCEE). Cerca de 25 mil pessoas participaram da missa na
Praça São Pedro. Mais de trezentos foram os concelebrantes, incluindo cardeais,
bispos e sacerdotes.
Colocar em
primeiro lugar o encontro com os outros
Em sua homilia,
o Papa se deteve na atitude de Jesus no lago de Genesaré, descrita pelo
evangelista Lucas com três verbos: ver, subir e sentar.
“Jesus não está preocupado em dar uma imagem de si mesmo às multidões, em executar uma tarefa, em seguir um cronograma; pelo contrário, coloca sempre em primeiro lugar o encontro com os outros, a relação, a preocupação com aqueles trabalhos e fracassos que muitas vezes sobrecarregam o coração e tiram a esperança.”
"Foi por
isso que naquele dia Jesus viu, subiu e sentou-se", sublinhou o Papa.
Jesus viu.
"Ele tem um olhar atento que lhe permite, mesmo no meio de tanta gente,
avistar dois barcos atracados na margem e notar a desilusão no rosto daqueles
pescadores, que, depois de uma noite que correu mal, lavam as redes vazias.
Jesus dirige o seu olhar cheio de compaixão". "Não nos esqueçamos da
compaixão de Deus. Das três atitudes de Deus: proximidade, compaixão e ternura.
Não se esqueçam: Deus é próximo, Deus é terno e Deus é compassivo,
sempre", frisou.
"Jesus olha
com aquele olhar cheio de compaixão para os olhos daquelas pessoas, captando o
seu desânimo, a frustração de terem trabalhado toda a noite sem apanhar nada, o
sentimento de terem o coração vazio, tal como as redes que agora seguram nas mãos",
ressaltou Francisco.
Jesus sobe na
barca da nossa vida
A seguir, o Papa
pediu desculpas por não continuar a leitura da homilia por causa da dificuldade
de respirar, devido a uma bronquite que o acometeu nos últimos dias. Prosseguiu
a leitura, o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dom Diego Giovanni
Ravelli,
"Vendo o
seu desânimo, Jesus subiu. Pede a Simão que afaste o barco da terra e sobe
a bordo, entrando no espaço da vida de Pedro e abrindo caminho naquele fracasso
que habita o seu coração. E isto é bonito":
“Jesus não se limita a observar as coisas que não correm bem, como nós fazemos muitas vezes, acabando por nos fecharmos em lamentos e amarguras. Em vez disso, Ele toma a iniciativa, vai ao encontro de Simão, detém-se com ele naquele momento difícil e decide subir na barca da sua vida, que naquela noite regressou à terra sem nenhum resultado.”
A esperança que
renasce
"Por fim,
tendo subido, Jesus sentou-se. Nos Evangelhos", disse o Papa,
"esta é a postura típica do mestre, daquele que ensina. Efetivamente, o
Evangelho diz que ele se sentou e ensinou. Depois de ter visto nos olhos e no
coração daqueles pescadores a amargura de uma noite de trabalho em vão, Jesus
sobe a bordo do barco para ensinar, isto é, para anunciar a boa nova, para
levar luz àquela noite de desilusão, para narrar a beleza de Deus no meio das
dificuldades da vida humana, para fazer sentir que, mesmo quando tudo parece
perdido, ainda há esperança. E é aí que acontece o milagre: quando o
Senhor sobe no barco da nossa vida trazendo-nos a boa nova do amor de Deus que
sempre nos acompanha e sustenta, então a vida recomeça, a esperança renasce, o
entusiasmo perdido retorna e podemos lançar de novo as redes ao mar".
"Irmãos e
irmãs, esta palavra de esperança acompanha-nos hoje ao celebrarmos o Jubileu
das Forças Armadas, Polícia e Segurança, a quem agradeço o serviço prestado,
saudando todas as Autoridades presentes, as Associações e Academias Militares,
bem como os Ordinários castrenses e os Capelães", disse Francisco,
acrescentando:
“A vós está confiada uma grande missão, que abrange múltiplas dimensões da vida social e política: a defesa dos nossos países, o compromisso em prol da segurança, a guarda da legalidade e da justiça, a presença nas prisões, a luta contra a criminalidade e as diferentes formas de violência que ameaçam perturbar a paz social. E recordo ainda aqueles que prestam o seu importante serviço em situação de catástrofes naturais, na salvaguarda da criação, no resgate de vidas em alto mar, na defesa dos mais frágeis, na promoção da paz.”
Uma presença que
é ensinamento para nós
"Também a
vocês o Senhor pede para fazerem como Ele: ver, subir, sentar-se", disse
ainda o Papa. "Ver, porque vocês são chamados a manter um olhar atento,
capaz de captar as ameaças ao bem comum, os perigos que pairam sobre a vida dos
cidadãos, os riscos ambientais, sociais e políticos a que estamos
expostos", sublinhou o Francisco. "Subir, porque suas divisas, a
disciplina que os forjou, a coragem que os distingue, o juramento que prestam,
são coisas que os recordam o quanto é importante não só ver o mal, mas
denunciá-lo, subir a bordo do barco que está numa tempestade e, com a missão a
serviço do bem, da liberdade e da justiça, empenhar-se para que ele não
afunde", acrescentou.
“E, por fim, sentar-se, porque a sua presença em nossas cidades e bairros, o modo como estão sempre do lado da legalidade e dos mais fracos, torna-se ensinamento para todos nós: ensina-nos que, apesar de tudo, o bem pode vencer. Ensina-nos que a justiça, a lealdade e a paixão cívica continuam sendo valores necessários hoje em dia. Ensina-nos que podemos criar um mundo mais humano, mais justo e mais fraterno, apesar das forças contrárias do mal.”
Capelães,
presença de Cristo
O Pontífice
recordou também os capelães, que são uma presença sacerdotal importante no meio
dos militares. "Eles não servem – como por vezes e infelizmente aconteceu
na história – para abençoar atos perversos de guerra. Não! Eles encontram-se no
meio de vocês como a presença de Cristo, que quer acompanhar, ouvir e oferecer
a vocês a sua proximidade, dar-lhes coragem" e apoio "na missão que
desempenham todos os dias. Como apoio moral e espiritual, eles caminham com
vocês, ajudando-os a realizar suas tarefas à luz do Evangelho e a serviço do
bem".
Vigilantes
contra a tentação de cultivar um espírito de guerra
Por fim, o Papa
agradeceu aos militares pelo que fazem, "por vezes correndo riscos
pessoais" e os exortou "a não perderem de vista o propósito de seu
serviço e de suas ações: promover a vida, salvar a vida, defender sempre a
vida".
“Por favor, peço-lhes que sejam vigilantes: vigilantes contra a tentação de cultivar um espírito de guerra; vigilantes para não deixarem se seduzir pelo mito da força e pelo rumor das armas; vigilantes para não serem contaminados pelo veneno da propaganda do ódio, que divide o mundo entre amigos a defender e inimigos a combater. Em vez disso, sejam testemunhas corajosas do amor de Deus Pai, que nos quer todos irmãos. Caminhemos juntos para construir uma nova era de paz, justiça e fraternidade.”
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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