Leitura do livro do Profeta Samuel
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- O Senhor é bondoso e compassivo.
- O Senhor é bondoso e compassivo.
- Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores!
- Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão.
- O Senhor é indulgente, é favorável, / é paciente, é bondoso e compassivo. / Não nos trata como exigem nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas.
- Quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes. / Como um pai se compadece de seus filhos, / o Senhor tem compaixão dos que o temem.
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2ª Leitura: 1Cor 15,45-49
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
O sistema de Deus e o homem novo
O evangelho é a continuação do de domingo passado (o Sermão da Planície, de Lucas). Aí Jesus anunciava aos pobres o Reino, o “sistema” de Deus; e lamentava os ricos, que colocam a sua esperança em outras coisas. Hoje Jesus nos explica como funciona o sistema de Deus na prática. Amar os inimigos (a 1ª leitura dá um exemplo disso). Não resistir aos exploradores. Fazer aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem. Fazer o bem sem esperar nada em troca … Sermos misericordiosos como Deus é misericordioso! É isso que Jesus pede, pois assim seremos filhos de Deus e realizaremos aquilo para que fomos criados: a sua imagem e semelhança.
O sistema de Deus parece estranho. Não só aos olhos dos poderosos, também aos olhos dos pobres e oprimidos, acostumados a deixar acontecer a exploração, a injustiça etc. Contudo, Deus está certo … O projeto de Deus é vencer o desamor pelo amor. O clamor dos pobres e oprimidos não é um grito de vingança, mas o primeiro passo para, pela justiça, transformar a exploração em fraternidade. A luta dos pobres não busca revanche, mas é o primeiro passo rumo a um novo sistema, em que todos serão beneficiados, porque todos participarão da fraternidade. Não exigir paga do opressor, mas superar o sistema dele com o sistema de Deus. Não exigir retaliação (a lei do talião, do “tal qual”), mas provocar relações novas em que a exploração e a inimizade não cabem mais. “Desinimizar” o mundo, eis a missão histórica dos pobres aos quais Jesus anunciou as bem-aventuranças.
Jesus não oferece receitas a seguir literalmente. Usa imagens para provocar nossa imaginação. Mas fala com bastante clareza para que percebamos em que direção ele nos quer conduzir. Talvez nem sempre precisemos oferecer a outra face a quem nos bate, mas sempre devemos procurar superar o ódio. A superação do sistema iníquo pode às vezes exigir luta, mas que esta não sirva para vingança ou para mera inversão dos papéis (os oprimidos se tornam opressores … ). Sirva para a nova realidade da justiça, amor e fraternidade. O povo dos pobres deve ser solidário, não contaminado pelo vírus da opressão. Então poderá desinfetar o mundo da violência e da exploração, praticando o contrário disso.
A imagem usada por Paulo na 2ª leitura pode nos ajudar para aprofundar esses pensamentos: o Adão antigo pertence ao passado, somos chamados a assemelhar-nos ao “homem novo”, Jesus, confirmado para sempre na ressurreição. É o modelo definitivo do agir humano.
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
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