A imagem é realmente expressiva. Todo ramo que está vivo deve produzir fruto. E, se não produz, é porque não circula por Ele a seiva da videira. Assim é também nossa fé. Vive, cresce e dá frutos, quando vivemos abertos à comunicação com Cristo. Se esta relação vital se interrompe, cortamos a fonte de nossa fé.
Por paradoxal que possa parecer, o vazio interior pode apoderar-se de mais de um cristão. Preso numa rede de relações, atividades, ocupações e problemas, o cristão pode sentir-se mais só do que nunca em seu interior, incapaz de comunicar-se vitalmente com esse Cristo em quem diz crer.
Talvez a derrota mais grave do homem ocidental seja sua incapacidade de vida interior. Parece que as pessoas vivem sempre fugindo. Sempre de costas para si mesmas. Diríamos que a alma de muitos é um deserto.
A falta de contato interior com Cristo como fonte de vida conduz pouco a pouco a um “ateísmo prático”. Não adianta continuar confessando fórmulas, se a pessoa não conhece a comunicação calorosa, prazerosa e revitalizadora com o Ressuscitado. Essa comunicação de quem sabe desfrutar do diálogo silencioso com Ele, alimentar-se diariamente de sua palavra, lembrar-se dele com alegria no meio do trabalho cotidiano, ou descansar com Ele nos momentos de abatimento e opressão.
_______________________________________________________________________________
JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário