a paciência é a “vitamina
essencial” do cristão
O Papa dedicou a catequese da Audiência
Geral à virtude da paciência que tem como raiz o amor com que Cristo responde
ao sofrimento. "Não há melhor testemunho do amor de Cristo do que
encontrar um cristão paciente", disse Francisco.
"A paciência" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (27/03), realizada na Sala Paulo VI. Este encontro semanal do Pontífice com os fiéis deveria se realizar na Praça São Pedro, mas por causa da chuva foi transferido para a Sala Nervi.
Francisco recordou que no Domingo de Ramos
ouvimos a história da Paixão do Senhor. Jesus responde ao sofrimento "com
uma virtude que, embora não incluída entre as tradicionais, é muito importante:
a virtude da paciência. Trata-se da resistência daquilo que se sofre: não é por
acaso que paciência tem a mesma raiz que paixão".
A paciência de Jesus
Segundo o Papa, "na Paixão emerge a
paciência de Cristo, que com mansidão aceita ser preso, esbofeteado e condenado
injustamente; diante de Pilatos ele não recrimina; suporta os insultos,
cuspidas e flagelações dos soldados; carrega o peso da cruz; perdoa quem o
prega na madeira e na cruz não responde às provocações, mas oferece
misericórdia". "Esta é a paciência de Jesus", sublinhou o
Pontífice, ressaltando que "tudo isto nos diz que a paciência de Jesus não
consiste numa resistência estoica ao sofrimento, mas é o fruto de um amor
maior".
No "Hino à Caridade", o Apóstolo
Paulo descreve a primeira qualidade da caridade, usando uma palavra que se
traduz como “magnânima” ou “paciente”. "A caridade é magnânima, é
paciente", observou Francisco. A paciência "expressa um conceito
surpreendente, que muitas vezes retorna na Bíblia: Deus, diante da nossa infidelidade,
mostra-se “lento na ira”. Em vez de dar vazão ao seu desgosto pelo mal e pelo
pecado do homem, revela ser maior, sempre pronto a recomeçar com paciência
infinita. Este é o primeiro traço de todo grande amor, que sabe responder ao
mal com o bem, que não se fecha na raiva e no desânimo, mas persevera e se
relança. A paciência que recomeça".
Muitas vezes nos falta paciência
“Poderíamos então dizer que não há melhor testemunho do amor de Cristo do que encontrar um cristão paciente. Mas, pensemos também em quantas mães e pais, trabalhadores, médicos e enfermeiros, doentes que todos os dias, escondidos, embelezam o mundo com uma santa paciência! No entanto, devemos ser honestos: muitas vezes nos falta paciência. Normalmente somos todos impacientes.”
Segundo o Papa, precisamos da paciência
"como uma “vitamina essencial” para seguir em frente, mas instintivamente
ficamos impacientes e respondemos ao mal com o mal: é difícil manter a calma,
controlar os nossos instintos, conter as más respostas, neutralizar discussões
e conflitos em família, no trabalho, na comunidade cristã".
O cristão é chamado a ser paciente
De acordo com Francisco, "a paciência
não é apenas uma necessidade, é um chamado: se Cristo é paciente, o cristão é
chamado a ser paciente".
E isto nos obriga a ir contra a corrente da
mentalidade hoje difundida, na qual dominam a pressa e o “tudo e agora”; na
qual, em vez de esperar que as situações amadureçam, as pessoas ficam
espremidas, esperando que elas mudem instantaneamente.
“Não esqueçamos que a pressa e a impaciência são inimigas da vida espiritual: Deus é amor, e quem ama não se cansa, não se irrita, não dá ultimatos, mas sabe esperar.”
Ter paciência com as pessoas chatas
Francisco convidou, especialmente nestes
dias da Semana Santa, a "contemplar o Crucifixo para assimilar a sua
paciência. Um bom exercício é também levar a Ele as pessoas mais chatas,
pedindo-lhe a graça de pôr em prática para com elas aquela obra de misericórdia
que é ao mesmo tempo conhecida e ignorada: suportar pacientemente as pessoas
chatas. Não é fácil. Começa-se pedindo para vê-las com compaixão, com o
olhar de Deus, sabendo distinguir os seus rostos dos seus erros. Temos o
hábito de catalogar as pessoas com os erros que cometem. Não, isso não é bom.
Devemos procurar as pessoas pelo seu rosto, pelo seu coração e não pelos
erros".
"Por fim, para cultivar a paciência,
virtude que dá fôlego à vida, é bom ampliar o olhar. Por exemplo, não
estreitando o âmbito do mundo às nossas angústias. É bom abrir-nos com
esperança à novidade de Deus, na firme confiança de que Ele não deixará
frustradas as nossas expectativas. Paciência é saber suportar os males",
concluiu o Papa.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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