Os líderes
das Instituições e Organizações de Ajuda à Igreja na América Latina, reunidos
em encontro em Bogotá, na Colômbia, receberam uma mensagem do Papa nesta
terça-feira (5). O Pontífice refletiu sobre o valor da gratuidade, afirmou que
"o esforço não é inútil" e que "abraçar a cruz não é um sinal de
fracasso", ao contrário: "a gratuidade é imitar o modo de Jesus se
doar por nós, seu Povo, sempre e totalmente, apesar da nossa pobreza".
O Papa
Francisco buscou nas ferramentas do jornalista os elementos para refletir
sobre o tema da gratuidade - daquilo que é ofertado gratuitamente sem
necessidade que seja pago ou traga algum resultado, por exemplo. Em mensagem
enviada nesta terça-feira (5) aos líderes de Instituições e Organizações
de Ajuda à Igreja na América Latina, reunidos até sexta (8) em Bogotá, na
Colômbia, o Pontífice explorou o argumento, sugerindo se concentrar "no
que Jesus nos pede e no que o Evangelho nos diz", tentando usar as questões
fundamentais para compor o primeiro parágrafo de uma notícia (lead), ou seja,
respondendo às seguintes perguntas sobre a gratuidade: "Quem dá? O que se
dá? Onde se dá? Como se dá? Quando se dá? Por que se dá? Para que se dá?".
No texto em
espanhol, também dirigido ao cardeal Robert Prevost, presidente da Pontifícia
Comissão para a América Latina (CAL) que promove o evento, o Papa
alertou que, "quando fazemos um esforço" nesse percurso, é natural
esperar por um resultado, para não "ser considerado um fracasso" ou
pensar que o trabalho foi em vão. "Mas essa percepção parece ser contrária
à gratuidade, que evangelicamente se define como dar sem esperar nada em troca
(cf. Lc 6:35). Como conciliar as duas dinâmicas?", então, propôs
Francisco, ao usar a regra jornalística do lead.
Começou,
assim, respondendo a primeira pergunta, sobre quem dá a gratuidade: é
Deus, "e nós somos apenas administradores dos bens recebidos". Ao
responder sobre o que o Senhor nos dá, Francisco afirmou que "a
resposta é simples: nos deu tudo":
"Tudo o
que temos ou é Deus ou é prova e penhor do seu amor. Se perdermos essa
consciência ao dar e também ao receber, pervertemos sua essência e a nossa
própria. De administradores solícitos de Deus (cf. Lc 12:42), passamos a ser
escravos do dinheiro (cf. Mt 6:24) e, subjugados pelo medo de não ter (v. 25),
entregamos nosso coração ao tesouro da falsa segurança econômica, da eficiência
administrativa, do controle, de uma vida tranquila (v. 20)."
A reflexão do
Papa também abriu espaço para que os líderes se questionassem onde acontece
a entrega do Senhor. Francisco recordou que Ele tem se doado a nós "desde
a criação", "permanecendo fiel apesar das repetidas
infidelidades" e "com sua encarnação, sua cruz, seus sacramentos.
Deus se dá, em uma palavra, no meio do seu povo".
Então, como
e quando o Senhor se entrega ao seu povo? "É muito simples: sempre e
totalmente", disse Francisco, porque Deus não impõe limites, "mil
vezes pecamos, mil vezes nos perdoa":
"Na
Sagrada Comunhão, não recebemos um pedacinho de Jesus, mas todo Ele em corpo e
sangue, alma e divindade. É isso que Deus faz, até o ponto de se tornar pobre
por nós, a fim de nos enriquecer com sua pobreza (cf. 2Cor 8,9)."
“Portanto, podemos concluir que a gratuidade é imitar o modo de Jesus se doar por nós, seu Povo, sempre e totalmente, apesar da nossa pobreza.”
E por
quê? Por causa do amor, afirmou o Papa Francisco. Porque, "o amor tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Cor 13:4-7). O Pontífice
assim terminou a reflexão sobre o gesto da gratuidade, destacando para que a
força da generosidade é importante na prática diária das Instituições e
Organizações de Ajuda à Igreja na América Latina:
"Por
isso que o esforço não é inútil, porque tem um fim. Ao nos doarmos assim,
imitamos Jesus, que se entregou para salvar todos nós. Abraçar a cruz não é um
sinal de fracasso, não é um trabalho em vão, é nos unirmos à missão de Jesus de
levar 'a Boa Nova aos pobres, proclamar a liberdade aos presos e a recuperação
da vista aos cegos, libertar os oprimidos" (Lc 4,18). É tocar
concretamente a ferida daquele irmão, daquela comunidade, que tem um nome, que
tem um valor infinito para Deus, para dar-lhe luz, fortalecer suas pernas,
limpar sua miséria, dando-lhe a oportunidade de responder ao projeto de amor
que o Senhor tem para eles, pedindo de joelhos que, ao chegar lá, Jesus encontre
fé naquela terra (cf. Lc 18,8)."
Andressa Collet - Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário