Na Audiência Geral desta quarta-feira
depois da Páscoa, Francisco falou sobre o zelo evangélico: "Não se anuncia
o Evangelho parado, fechado em um escritório, na escrivaninha ou no computador,
fazendo polêmicas como "leões do teclado" e substituindo a
criatividade do anúncio com copiar e colar ideias tiradas daqui e dali". É
preciso "estar livres de esquemas", "preparado para as
surpresas".
O Papa Francisco prosseguiu com o ciclo de catequeses sobre a paixão de evangelizar na Audiência Geral, desta quarta-feira (12/04), realizada na Praça São Pedro.
Duas semanas atrás, vimos o impulso pessoal
de São Paulo pelo Evangelho. Neste encontro semanal com os fiéis, o Santo Padre
fez uma reflexão mais profunda sobre o zelo evangélico assim como o Apóstolo
dos Gentios o descreve em algumas de suas cartas.
Zelo distorcido, observância de normas
humanas e obsoletas
"Paulo não ignora o perigo de um zelo
distorcido, orientado numa direção errada. Às vezes nos deparamos com um zelo
mal orientado, obstinado na observância de normas puramente humanas e obsoletas
para a comunidade cristã", sublinhou o Papa.
Não podemos ignorar a solicitude com que
alguns se dedicam a ocupações erradas mesmo na própria comunidade cristã;
pode-se vangloriar-se de um falso zelo evangélico enquanto se persegue, na
realidade, a vanglória ou as próprias ideias ou um pouco de amor próprio.
No capítulo 6° da carta aos Efésios, Paulo
faz uma lista com as "armaduras" para a batalha espiritual.
"Dentre elas está a prontidão para propagar o Evangelho, traduzida por
alguns como 'zelo'", disse o Papa, ressaltando que a prontidão é indicada
como um "calçado". "Por quê? Porque aquele que vai anunciar deve
mover-se, deve caminhar", respondeu Francisco.
“O zelo evangélico é o apoio no qual se
baseia o anúncio, e os anunciadores são um pouco como os pés do corpo de Cristo
que é a Igreja. Não há anúncio sem movimento, sem "saída", sem
iniciativa. Isto significa que não há cristão se ele não estiver a caminho, se
ele não sair de si para pôr-se a caminho e anunciar. Não há anúncio sem
movimento, sem caminhar.”
Segundo o Papa, "não se anuncia o
Evangelho parado, fechado em um escritório, na escrivaninha ou no computador,
fazendo polêmicas como "leões do teclado" e substituindo a
criatividade do anúncio com copiar e colar ideias tiradas daqui e dali. O
Evangelho é anunciado movendo-se, caminhando, indo".
O zelo evangélico é o oposto
do desmazelo
O zelo evangélico "denota prontidão,
preparação, alacridade. É o oposto do desmazelo, que é incompatível com o amor",
sublinhou Francisco, ressaltando que um anunciador deve estar pronto para
partir e "sabe que o Senhor passa de forma surpreendente. Ele deve estar
livre de esquemas e predisposto a uma ação inesperada e nova: preparado para as
surpresas. Aquele que anuncia o Evangelho não pode ser fossilizado em
jaulas de plausibilidade ou no "sempre foi feito assim", mas estar
pronto para seguir uma sabedoria que não é deste mundo".
Segundo Francisco, "é importante ter
esta prontidão para a novidade do Evangelho, esta atitude que é um
impulso, uma tomada de iniciativa, um 'ir primeiro'. É um não deixar escapar
oportunidades para promulgar o anúncio do Evangelho da paz, aquela paz que
Cristo sabe dar mais e melhor do que o mundo".
Por isso, os exorto a ser evangelizadores
que se movem, sem medo, que vão em frente, para levar a beleza de Jesus, para
levar a novidade de Jesus que muda tudo. Muda também o coração: você está
disposto a deixar que Jesus mude o seu coração? Ou você é um cristão morno, que
não se move. Pense bem: você é um entusiasta de Jesus, vai em frente? Pense um
pouco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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Francisco e Pacem in terris:
o amplo
horizonte da paz
Ao final da Audiência geral desta
quarta-feira, 12 de abril, Papa Francisco lembrou que ontem foi o 60º
aniversário da encíclica de São João XXIII 'Pacem in terris', escrito no auge
da Guerra Fria. Francisco convidou os fiéis à leitura, e rezou pelos
governantes das nações.
Na manhã desta quarta-feira (12), ao final
da Audiência Geral, o Papa lembrou o aniversário da encíclica Pacem
in terris, de São João XXIII, durante as saudações aos fiéis de língua italiana.
Ele ainda ressaltou a pertinência e a atualidade do documento, diante de um
mundo em guerra.
"Ontem foi o sexagésimo aniversário de
Pacem in terris que São João XXIII dirigiu à Igreja e ao mundo em meio à tensão
entre dois blocos opostos na chamada Guerra Fria. O Papa abriu diante de todos
um amplo horizonte no qual se pode falar de paz e construir a paz. No plano de
Deus para o mundo e para a família humana, essa encíclica foi uma verdadeira
bênção, como um vislumbre de serenidade no meio de nuvens escuras. Sua mensagem
é muito atual hoje".
Para validar sua afirmação, o Papa citou
uma passagem da Encíclica, em seu número 114: "as relações entre
comunidades políticas como entre seres humanos individuais devem ser reguladas
não pelo recurso à força das armas, mas à luz da razão, ou seja, à luz da
verdade, da justiça e da solidariedade trabalhadora. Convido os fiéis e os
homens e mulheres de boa vontade a ler Pacem in terris, e rezo para que os
líderes das nações se deixem inspirar por ele em seus projetos e
decisões”.
Brevemente, Francisco também recordou,
durante a saudação aos fiéis de língua polaca a celebração do próximo domingo:
"daqui a pouco celebraremos o Domingo da Divina Misericórdia, instituída
por São João Paulo II, como desejado pelo Senhor Jesus através de Santa
Faustina Kowalska há quase um século. Hoje, quando o mundo é cada vez mais
provado pelas guerras e se afasta de Deus, temos ainda mais necessidade da
Misericórdia do Pai. Elevemos, portanto, a oração a Cristo: Pela sua dolorosa
paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro".
Ao final, o Papa também se recordou, como
nas audiências anteriores do povo ucraniano: "perseveremos em oração
pela martirizada Ucrânia. Rezemos pelo quanto sofre a Ucrânia". O Papa
disse isto na audiência geral.
Ir. Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News
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