Os sete dias que marcaram o destino da humanidade
Iniciamos a semana maior, a semana
autêntica, como a chamam em Milão, a semana da misericórdia e da clemência
divina, onde todos, e até o mais renuente e cético, encontram perdão e
reconciliação e, por fim, a palavra mais conhecida ou corriqueira que, por isso,
tem o risco de não despertar e abrasar mais o nosso coração: a semana
santa.
A qualificação de santa, não é um mero
adjetivo ou rótulo, pois expressa a grande verdade sobre Deus, a vida, e da
própria humanidade, pois nela brilha o amor divino, infinito e incondicional,
determinado a morrer na Cruz por cada um de nós. Porém, o costume e as rotinas,
por vezes, exageradamente devocionistas, nos instalam no formalismo religioso
que parece ficar apenas no passado, apresentando um triller com cenas
do Bom Jesus que se sacrifica por nossos pecados.
No entanto, a semana santa nos faz reviver,
hoje, o mistério da paixão, morte e ressurreição do homem Deus que assume
plenamente nosso drama, nossas dores, e nossas traições. A semana santa não
pode ficar relegada ao turismo, a um feriado para distração ou para desligar-se
da realidade, pois trata-se da fonte, do manancial, e da escola raiz do
cristão, do berço e nascedouro da nossa fé.
Sim, é no hoje da nossa vida banal, por
vezes superficial e individualista, que Jesus vem nos encontrar entrando com a
suavidade e ternura do príncipe da paz e do Salvador misericordioso que
restaura e cura todas nossas feridas tornando nossa casa, família e cidade, a
Jerusalém celestial. Nos introduz no Tríduo Pascal, o coração da semana,
preparando a Ceia para nós, lavando nossos pés, e ensinando-nos a amar e
servir. Se entrega para ser preso e sofrer uma paixão terrível, e tenebrosa,
para morrer totalmente abandonado nas mãos do Pai para salvar-nos e
reconciliar-nos plenamente. Desce a mansão dos mortos para resgatar os justos
e, na calada da noite da Vigília da Grandiosa Noite das Noites, ressuscita
abrindo-nos o caminho da felicidade e da vida eterna iluminando claramente
todas as esperanças e sonhos da humanidade.
No domingo, com Maria Magdalena e as Santas
Mulheres, somos convidados a afirmar com fé: Não está mais aqui no túmulo,
RESSUSCITOU! Feliz Páscoa, assumindo com o Cordeiro Pascal vitorioso, a missão
de anunciar seu Reino de paz, amor, justiça e graça para todas as pessoas e
criaturas da Terra. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
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