A memória da vocação reaviva a esperança
Cidade do
Vaticano (RV) - “A memória da vocação reaviva a esperança”. Com este
tema de sua catequese, o Papa Francisco voltou a realizar a Audiência Geral na
Praça São Pedro, que esta quarta-feira teve a presença de sacerdotes do Colégio
Pio Brasileiro e da equipe da Chapecoense, que na noite de sexta-feira
disputará um amistoso no Estádio Olímpico contra o Roma.
"Recordar-se
de Jesus, do fogo de amor com o qual um dia concebemos a nossa vida como um
projeto de bem e reavivar com esta chama a nossa esperança" é "uma
dinâmica fundamental da vida cristã".
O Papa Francisco
concentrou sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira – que voltou a
ser realizada na Praça São Pedro -na relação entre memória e esperança, com particular
referência à memória da vocação.
E para ilustrar
isto, usou como exemplo o chamado dos primeiros discípulos de Jesus, uma
experiência que ficou de tal forma impressa em suas memórias, que João já idoso
chegou até mesmo a precisar a hora: "Eram cerca de 4 horas da tarde".
Após a frase
pronunciada às margens do Jordão por João Batista "Eis o Cordeiro de
Deus", Jesus ganha dois novos jovens seguidores, a quem pergunta:
"Que procurais?".
"Jesus -
observou o Papa - aparece nos Evangelhos como um especialista de coração
humano. Naquele momento, havia encontrado dois jovens que estavam buscando, com
uma saudável inquietude":
"Com
efeito, que juventude é uma juventude satisfeita, sem uma busca de sentido? Os
jovens que não buscam nada não são jovens, estão aposentados, envelheceram
antes do tempo. É triste ver jovens aposentados. E Jesus, em todo o Evangelho,
em todos os encontros que lhe acontecem ao longo do caminho, aparece como um
"incendiário" dos corações".
Por isso faz a
pergunta "o que procurais?", justamente para “fazer emergir o desejo
de vida e de felicidade que cada jovem traz dentro”.
Então, Francisco
pergunta aos jovens que estão na Praça São Pedro e aqueles que acompanham pela
mídia:
“Tu, que és
jovem, o que procuras? O que procuras no teu coração?”
E foi assim que
começou a vocação de João e de André, dando início a uma amizade com Jesus tão
forte, que criou uma comunhão de vida e de paixão com Ele. E esta convivência
com Jesus, transformou-os logo em missionários, tanto que seus irmãos Simão e Tiago
também passam a seguir Jesus.
"Foi um
encontro tão tocante, tão feliz, que os discípulos recordarão para sempre
aquele dia que iluminou e orientou a juventude deles", ressaltou o Papa.
Francisco diz a
seguir que a própria vocação neste mundo pode ser descoberta de diferentes
maneiras, "mas o primeiro indicador é a alegria do encontro com
Jesus":
"Matrimônio,
vida consagrada, sacerdócio: cada vocação verdadeira inicia com um encontro com
Jesus que nos dá alegria e uma esperança nova; e nos conduz, mesmo em meio às
provações e dificuldades, a um encontro sempre mais pleno, cresce, aquele
encontro, maior, o encontro com Ele e à plenitude da alegria".
O Papa observa
então, que "o Senhor não quer homens e mulheres que o sigam de má vontade,
sem ter no coração o vento da alegria", perguntando aos presentes: “Vocês,
que estão na praça, vocês têm o vento da alegria? Cada um se pergunte: Eu tenho
dentro de mim, no coração, o vento da alegria?”:
"Com efeito, que juventude é uma juventude satisfeita, sem uma busca de sentido?" |
"Jesus quer
pessoas que tenham experimentado que estar com Ele traz uma felicidade imensa,
que pode ser renovada a cada dia da vida. Um discípulo do Reino de Deus que não
é alegre, não evangeliza este mundo, é um triste. Nos tornamos pregadores
de Jesus, não aperfeiçoando as armas da retórica: tu podes falar, falar, falar,
mas se não existe uma outra coisa, como pode se tornar pregador de Jesus? Tendo
nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Vemos tantos cristãos, também
entre nós, que com os olhos te transmitem a alegria da fé: com os olhos!”.
Por isto o
cristão - assim como o fez a Virgem Maria - deve proteger "a chama de seu
enamoramento":
"Certamente,
existem provações na vida, existem momentos em que é necessário seguir em
frente não obstante o frio e os ventos contrários. Porém os cristãos conhecem o
caminho que conduz àquele fogo sagrado que os acendeu uma vez para
sempre".
O Papa por fim,
alerta para não darmos atenção à quem nos tira o entusiasmo e a esperança, mas
a sonharmos com um mundo diferente e cultivarmos sãs utopias:
"Mas por
favor, recomendo: não demos ouvidos às pessoas desiludidas e infelizes; não
escutemos quem recomenda cinicamente para não cultivar esperanças na vida; não
confiemos em quem apaga ao nascer cada entusiasmo, dizendo que nenhuma empresa
vale o sacrifício de toda uma vida; não escutemos "velhos" de coração
que sufocam a euforia juvenil. Procuremos os velhos que têm os olhos
brilhantes de esperança! Cultivemos, pelo contrário, sãs utopias: Deus nos quer
capazes de sonhar como Ele e com Ele, enquanto caminhamos bem atentos à
realidade. Sonhar um mundo diferente. E se um sonho se apaga, voltar a sonhá-lo
de novo, indo com esperança à memória das origens, aquelas brasas que, talvez,
depois de uma vida não tão boa, estão escondidas sob as cinzas do primeiro
encontro com Jesus".
Antes de saudar
os peregrinos de língua italiana, o Papa Francisco fez um apelo pelo Dia de
Oração pelo Cuidado da Criação:
“Depois de
amanhã, 1º de setembro, recorre o Dia de Oração pelo cuidado da criação. Nesta
ocasião, eu e meu querido irmão Bartolomeu, Patriarca ecumênico de
Constantinopla, preparamos juntos uma Mensagem. Nela convidamos todos a assumir
uma atitude respeitosa e responsável com a criação. Fazemos, além disto, um
apelo àqueles que desempenham papeis influentes, para escutar o grito da terra
e o grito dos pobres, que são os que mais sofrem pelos desequilíbrios
ecológicos”. (JE)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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