sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Leituras da

Festa da Transfiguração do Senhor


1ª Leitura: Dn 7,9-10.13-14
Profecia de Daniel:
Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos.
Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho do homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.
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Salmo: 96
Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo. 
Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo. 

Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito.
As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória.
Porque vós sois o altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.
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2ª Leitura: 2Pd 1,16-19
Segunda Carta de São Pedro:
Caríssimos, não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: “Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer”. Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele no monte Santo. E assim se nos tornou ainda mais firme a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações.
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Evangelho:  Mt 17,1-9
Evangelho de São Mateus:
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos, e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Reflexão:
A luz da nuvem escura


Em tempos de materialismo crasso, como o tempo que estamos vivendo, é ao mesmo tempo estranho e necessário reforçar a dimensão mística de nossa fé. Não temos aqui morada definitiva, não devemos parar aqui em tendas construídas por nós mesmos, nem que sejam tendas dedicadas a Jesus e aos seus santos predecessores … O seguidor de Jesus tem de entrar na Morada que este traz consigo, a nuvem escura, que no Antigo Testamento desce sobre a Morada quando Deus fala com Moisés: a revelação da glória divina acontece na escuridão humana. Ex 40,34-35 conta que Moisés não podia entrar na Morada ou Tenda porque a nuvem repousava sobre ela. O evangelho (Lc 9,34) nos ensina que junto com Cristo podemos entrar nessa nuvem escura da glória de Deus (cf. Ex 16, 10), nuvem que na noite se transforma em luz (Ex 40,38; cf. 14,20).
Nossa sociedade tem medo da escuridão, e não por menos, com tanto criminoso solto por aí. Mas para muitas pessoas um apagão, uma noite sem luz é uma experiência libertadora. Aprendem a largar suas seguranças humanas. A mística medieval descreveu a nuvem como a “nuvem do não saber”. Na “noite dos sentidos” (S. João da Cruz), quando eu não domino mais o meu mundo com o meu saber, com minha tecnologia, com minha tevê e computador, quando o mundo é novamente do Criador invisível, então revela-se a verdade do meu existir e de toda a humanidade. Estou entregue a Deus.
Esta glória invisível na escuridão da nuvem chama-se Jesus Cristo.
Ele está iniciando o caminho da rejeição e da morte. Há pouco Pedro se revoltou contra a ideia de que “ídolo” devia sofrer (Me 8,32-33). Contudo, é sobre esse caminho da cruz que Moisés e Elias, a lei e os Profetas, testemunham. Mas esse é exatamente o caminho do arrebatamento, da entrada na glória do Pai por ter levado a termo o seu projeto, instaurado o seu reinado (Lc 9,31). Na escuridão dos nossos sentidos e de um mundo que na sua iluminação perdeu a cabeça, o caminho do Filho e Servo que enfrenta o sofrimento por amor até o fim é um raio de luz gloriosa que desenha o sentido de nossa caminhada. Desde que não tenhamos medo de ficar na escuridão, entrar na nuvem.
                    Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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                                        Reflexão e Ilustração: franciscanos.org.br  Banner: cnbb.org.br

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