sábado, 4 de maio de 2024

Sábia reflexão:

Ao modo de Jesus

José Antonio Pagola

Jesus está se despedindo de seus discípulos. Ele os amou apaixonadamente, com o mesmo amor que o Pai o amou. Agora tem que deixá-los. Conhece o egoísmo deles. Não sabem amar-se mutuamente. Jesus os vê discutindo entre si para obter os primeiros postos. O que será deles?

As palavras de Jesus adquirem um tom solene. Hão de ficar bem gravadas em todos: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”. Jesus não quer que seu modo de amar desapareça entre os seus. Se um dia o esquecerem, ninguém poderá reconhecê-los como discípulos seus.

De Jesus permaneceu uma lembrança inapagável. As primeiras gerações assim resumiam sua vida: “Passou por toda parte fazendo o bem”. Era bom encontrar-se com Ele, pois buscava sempre o bem das pessoas, ajudava a viver. Sua vida foi uma Boa Notícia. Nele se podia descobrir a boa proximidade de Deus.

Jesus tem um modo de amar inconfundível. É muito sensível ao sofrimento das pessoas. Não pode passar ao largo de quem está sofrendo. Um dia, ao entrar na pequena aldeia de Naim, encontrou-se com um enterro: uma viúva em pranto estava levando seu filho único à sepultura. Do íntimo de Jesus brota seu amor por aquela desconhecida: “Mulher, não chores”. Quem ama como Jesus vive aliviando o sofrimento e secando lágrimas.

Os evangelhos lembram em diversas ocasiões como Jesus captava com seu olhar o sofrimento das pessoas. Olhava-as e se comovia: via-as sofrendo ou abatidas, como ovelhas sem pastor. Rapidamente se punha a curar as pessoas mais enfermas ou a alimentá-las com suas palavras. Quem ama como Jesus, aprende a olhar os rostos das pessoas com compaixão.

É admirável a disponibilidade de Jesus para fazer o bem. Ele não pensa em si mesmo. Está sempre atento a qualquer chamado, disposto a fazer o que pode. A um mendigo cego que lhe pede compaixão enquanto vai passando, Ele o acolhe com estas palavras: “O que queres que faça por ti?” Com esta atitude anda pela vida quem ama como Jesus.

Jesus sabe estar junto dos mais desvalidos. Nem precisam pedir-lhe e Ele faz o que pode para curar suas doenças, libertar suas consciências ou transmitir sua confiança em Deus. Mas não pode resolver todos os problemas daquela gente.

Então se dedica a fazer gestos de bondade: abraça as crianças da rua: não quer que ninguém se sinta órfão; abençoa os enfermos: não quer que se sintam esquecidos por Deus; acaricia a pele dos leprosos: não quer que se vejam excluídos. Assim são os gestos de quem ama como Jesus.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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                                           Fonte: franciscanos.org.br       Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

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