Voltemos às nascentes para oferecer ao
mundo aquela água viva que ele não encontra; e, enquanto a sociedade e as redes
sociais acentuam a violência das palavras, concentremo-nos na mansidão da
Palavra que salva: foi o convite do Papa este V Domingo da Palavra do Senhor,
na Missa presidida na Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o
ministério de Leitor e nove o de Catequista, representando o povo de Deus e
oriundos do Brasil, Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas.
Que o Domingo da Palavra de Deus nos ajude
a regressar com alegria às nascentes da fé, que brota da escuta de Jesus, Verbo
do Deus vivo. Que, por entre as palavras que se dizem e leem continuamente
sobre a Igreja, nos ajude a redescobrir a Palavra de vida que ressoa na Igreja!
Caso contrário, acabamos por falar mais de nós que d’Ele; e, no centro,
permanecem os nossos pensamentos e os nossos problemas em vez de Cristo com a
sua Palavra.
Foi o que disse o Papa este domingo, 21 de
janeiro, V Domingo da Palavra do Senhor, na Missa presidida pela manhã na
Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o ministério de Leitor e
nove o de Catequista, representando o povo de Deus e oriundos do Brasil,
Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas. O Domingo da Palavra de Deus
deste ano tem como lema "Permanecei na minha Palavra" (Jo 8, 31).
Refletindo sobre a Palavra de Deus na
liturgia deste III Domingo do Tempo Comum, Francisco ressaltou que grande é a
força da Palavra do Senhor, dela irradia a força do Espírito Santo.
Um momento da Missa presidida pelo Papa Francisco
A Igreja é chamada por Cristo, atraída por
Ele
A Palavra atrai a Deus e envia aos outros:
tal é o seu dinamismo. Não nos deixa fechados em nós mesmos, mas alarga o
coração, faz inverter o rumo, altera os nossos hábitos, abre novos cenários,
desvenda inesperados horizontes.
A Palavra de Deus, continuou o Santo Padre,
pretende operar isto em cada um de nós. Tal como aconteceu com os primeiros
discípulos que, acolhendo as palavras de Jesus, deixam as redes e embarcam numa
maravilhosa aventura, assim também nas margens da nossa vida, ao pé dos barcos
de familiares e das redes do trabalho, a Palavra suscita o chamado de Jesus.
Chama para, com Ele, nos fazermos ao largo ao encontro dos outros.
Sim, a Palavra suscita a missão, faz-nos
mensageiros e testemunhas de Deus num mundo cheio de palavras, mas sedento daquela
Palavra com maiúscula que muitas vezes ignora. A Igreja vive deste dinamismo: é
chamada por Cristo, atraída por Ele, e é enviada ao mundo para dar testemunho
d’Ele.
Papa entrega a Cruz a leigos e leigas que recebem o ministério de Catequista |
A escuta da Palavra e a adoração do Senhor
Não podemos prescindir da Palavra de Deus,
da sua força suave que – como num diálogo – toca o coração, imprime-se na alma,
renova-a com a paz de Jesus, que nos desinquieta em prol dos outros. Se
olharmos para os amigos de Deus, frisou o Pontífice, para as testemunhas do
Evangelho na história, vemos que, para todos, foi decisiva a Palavra.
Pensemos no primeiro monge, Santo Antão,
que, tocado durante a Missa por um trecho do Evangelho, deixou tudo por amor do
Senhor; pensemos em Santo Agostinho, que deu uma reviravolta na vida quando uma
palavra divina lhe curou o coração; pensemos em Santa Teresinha do Menino
Jesus, que descobriu a sua vocação lendo as Cartas de São Paulo. E penso no
Santo cujo nome adotei, Francisco de Assis, que, em oração, lê no Evangelho que
Jesus envia os discípulos a pregar e exclama: «Isto eu quero, isto peço, isto
anseio fazer de todo o coração!». Vidas transformadas pela Palavra de vida,
observou o Papa.
Mas por que não acontece o mesmo a muitos
de nós? - Perguntou Francisco. Decerto porque, como nos mostram estas
testemunhas, é preciso não ser «surdo» à Palavra. Este é o nosso risco:
arrastados por mil palavras, passa-nos por cima também a Palavra de Deus:
ouvimo-la, mas não a escutamos; escutamo-la, mas não a guardamos; guardamo-la,
mas não nos deixamos provocar à mudança de vida. Sobretudo lemo-la, mas não a
rezamos; ora «a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração,
para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem». Não esqueçamos as duas
dimensões fundamentais da oração cristã: a escuta da Palavra e a adoração do
Senhor, exortou Francisco.
Um momento da Missa do V Domingo da Palavra de Deus |
Deixemo-nos conquistar pela beleza da
Palavra de Deus
Concluindo sua reflexão, o Santo Padre
apresentou algumas interrogações aos presentes, propondo-as também a nós para a
nossa reflexão pessoal.
“Que lugar reservo para a Palavra de Deus na casa onde moro? Lá haverá livros, jornais, televisões, telefones, mas… onde está a Bíblia? No meu quarto, tenho ao alcance da mão o Evangelho? Leio-o cada dia para encontrar nele o rumo da vida? Carrego na bolsa um pequeno exemplar do Evangelho para lê-lo? Muitas vezes dei de conselho que se trouxesse sempre conosco o Evangelho: no bolso, na carteira, no celular. Se Cristo me é mais querido do que qualquer outra realidade, como posso deixá-Lo em casa e não trazer comigo a sua Palavra? E a última pergunta: Já li, na íntegra, pelo menos um dos quatro Evangelhos? O Evangelho é o livro da vida, é simples e breve, mas muitos crentes nunca leram um do começo ao fim.”
Deus – diz a Escritura – é «o próprio autor
da beleza»: deixemo-nos conquistar pela beleza que a Palavra de Deus traz à
vida, exortou por fim o Santo Padre.
Raimundo de Lima – Vatican News
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O Papa no Angelus:
Anunciar o Evangelho não é tempo perdido: é
ser mais feliz ajudando os outros a serem felizes; é libertar-se de si mesmo
ajudando os outros a serem livres; é tornar-se melhor ajudando os outros a
serem melhores: disse Francisco no Angelus ao meio-dia deste domingo, 21 de
janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da Palavra de Deus
Um cristão que não é ativo, que não é
responsável pelo trabalho de proclamar o Senhor e que não é o protagonista de
sua fé não é um cristão ou, como minha avó costumava dizer, é um cristão do
tipo "água de rosas": disse o Santo Padre no Angelus ao meio-dia
deste domingo, 21 de janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da
Palavra de Deus.
Comentando o Evangelho do dia, Francisco
ressaltou que o mesmo narra a vocação dos primeiros discípulos (cf. Mc
1,14-20). Chamar outros para se juntarem à sua missão é uma das primeiras
coisas que Jesus faz no início de sua vida pública: Ele se aproxima de alguns
jovens pescadores e os convida a segui-Lo para "tornarem-se pescadores de
homens". E isso nos diz algo importante - observou: o Senhor ama nos
envolver em sua obra de salvação, quer que sejamos ativos com Ele, responsáveis
e protagonistas.
Ele não precisaria disso, mas o faz, mesmo
que isso signifique assumir muitas de nossas limitações. Olhemos, por exemplo,
para a paciência que teve com os discípulos: frequentemente não compreendiam
suas palavras, às vezes discordavam entre si, por muito tempo não conseguiam
aceitar aspectos essenciais de sua pregação, como o serviço. No entanto, Jesus
os escolheu e continuou a acreditar neles.
Mas isso é importante, o Senhor nos escolheu para sermos cristãos. E nós somos pecadores, aprontamos uma coisa atrás da outra... Mas o Senhor continua a acreditar em nós, a acreditar em nós. É maravilhoso isso do Senhor.
De fato, prosseguiu o Pontífice, trazer a
salvação de Deus a todos foi a maior felicidade de Jesus, sua missão, o sentido
de sua existência entre nós (cf. Jo 6,38). E em cada palavra e ação com as
quais nos unimos a Ele, na bonita aventura de doar amor, a luz e a alegria se
multiplicam: não apenas ao nosso redor, mas também dentro de nós.
Anunciar o Evangelho, portanto, não é tempo perdido: é ser mais feliz ajudando os outros a serem felizes; é libertar-se de si mesmo ajudando os outros a serem livres; é tornar-se melhor ajudando os outros a serem melhores!
Francisco concluiu deixando-nos algumas
interrogações para nossa reflexão pessoal.
Então, perguntemo-nos: eu paro de vez em
quando para recordar a alegria que cresceu em mim e ao meu redor quando aceitei
o chamado para conhecer e testemunhar Jesus? E quando rezo, agradeço ao Senhor
por ter me chamado para tornar os outros felizes? Por fim: desejo fazer com que
outras pessoas experimentem, por meio do meu testemunho e da minha alegria,
quão bonito é amar Jesus?
Raimundo de Lima – Vatican News
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