A XXXVIII
Jornada Mundial da Juventude deste ano será celebrada nas Igrejas particulares
em 26 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, e Francisco divulgou a mensagem
que aprofunda o tema «Alegres na esperança» (Rm 12, 12). O convite aos jovens é
não ter medo de testemunhar Cristo alegremente, alimentando a esperança com
oração e atitudes quotidianas: nas redes sociais, "tentem compartilhar
cada dia uma palavra de esperança", tornando-se semeadores de esperança na
vida dos amigos.
Francisco ao encontrar os voluntários da JMJ de Lisboa, em agosto deste ano |
A
expressão paulina «Alegres na esperança» (Rm 12, 12) ganhou um
aprofundamento do Papa Francisco na mensagem da XXXVIII Jornada Mundial da
Juventude deste ano que será celebrada nas Igrejas particulares em 26 de
novembro, Solenidade de Cristo Rei. Junto com o tema já escolhido pelo
Pontífice para 2024, «Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se
cansar» (cf. Is 40, 31), será preparado o caminho para o Jubileu
dos Jovens de 2025, em Roma. Esse é o convite do Papa após "a real
experiência da transfiguração", da "explosão de luz e alegria"
da JMJ de Lisboa de agosto, e antes da próxima etapa do encontro
intercontinental de Seul, na Coreia, em 2027.
A
alegria deriva da fé
A Sala de Imprensa da Santa divulgou nesta terça-feira
(14) a mensagem do Papa Francisco para a JMJ deste ano, através da
qual convida os jovens a aprofundar o significado da esperança cristã e a
testemunhar alegremente que Cristo está vivo.
A
«alegria na esperança» (Rm 12, 12) é uma exortação de São Paulo à comunidade de
Roma que "deriva do encontro com Cristo". Para os jovens, é um tempo
propício do acolhimento de Deus, já que é alimentado pelas relações com amigos,
experiências culturais, conhecimentos científicos e iniciativas fraternas,
escreveu o Pontífice, ao alertar, porém, para os "dramas da humanidade,
sobretudo do sofrimento dos inocentes" vividos atualmente:
"Contudo vivemos num tempo em que para muitos, mesmo jovens, a esperança parece ser a grande ausente. Infelizmente muitos dos vossos coetâneos, que vivem experiências de guerra, violência, bulling e várias formas de mal-estar, veem-se afligidos pelo desespero, o medo e a depressão. Sentem-se como que encerrados numa prisão escura, incapazes de ver os raios do sol. Demonstra-o dramaticamente a elevada taxa de suicídio entre os jovens de vários países. Em semelhante contexto, como se pode experimentar a alegria e a esperança, de que fala São Paulo?"
"Uma
parte da resposta de Deus", antecipou o Papa, podemos ser nós,
fazendo "nascer a alegria e a esperança, mesmo onde parece
impossível". Foi então que Francisco buscou a imagem do filme "A vida
é bela", de Roberto Benigni, que retrata como um jovem pai consegue,
"com delicadeza e imaginação, transformar a dura realidade" dos
horrores da Segunda Guerra Mundial e do trágico cenário dos campos de
concentração, ao proteger o filho com «olhos de esperança». Como
acontece na vida de muitos Santos, continuou Francisco, ao citar alguns
santos que foram "testemunhas de esperança mesmo no meio da maldade humana
mais cruel", como São Maximiliano Maria Kolbe e Santa
Josefina Bakhita.
O
Pontífice também trouxe o poema do poeta francês Charles Péguy para
ilustrar "o caráter humilde", mas fundalmental da esperança, ao
descrever "as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – como se
fossem três irmãs que caminham juntas: «A pequena esperança avança no meio de
suas duas irmãs grandes» (O pórtico do mistério da segunda virtude, Milão 1978,
17-19)".
Outra
imagem vem através do próprio testemunho cristão ao recordar do Tríduo Pascal:
"o Sábado Santo é o dia da esperança. Situado entre a Sexta-Feira
Santa e o Domingo de Páscoa, é como um meio-termo entre o desespero dos
discípulos e a sua alegria pascal". A própria Virgem Maria, escreveu
o Papa, é a esperança cristã radicada no amor e na fé ao
permanecer "forte aos pés da cruz de Jesus, certa de que estava
próximo o «bom êxito»": "Maria é a mulher da esperança, a Mãe da
esperança", pois "preenche o silêncio do Sábado Santo com uma amorosa
expectativa cheia de esperança, incutindo nos discípulos a certeza de que Jesus
venceria a morte e que o mal não seria a última palavra".
“A esperança cristã não é negação da dor nem da morte, mas celebração do amor de Cristo Ressuscitado que está sempre connosco, mesmo quando parece distante.”
Como
alimentar a esperança?
Para
alimentar essa esperança, o Papa Francisco indicou percursos práticos: o
primeiro, a oração. Rezando, escreveu ele, "mantemos acesa a centelha
da esperança", mesmo quando tudo se apresenta cinzento:
"Queridos
jovens, quando o nevoeiro espesso do medo, da dúvida e da opressão vos envolve
e já não conseguis ver o sol, embocai o caminho da oração. Pois, «quando já
ninguém me escuta, Deus ainda me ouve» (BENTO XVI, Carta enc. Spe salvi, 32).
Reservemos diariamente o tempo para descansar em Deus, face às ansiedades que
nos assaltam: «Só em Deus descansa a minha alma; d’Ele vem a minha esperança»
(Sal 62, 6)."
A
esperança também é alimentada pelas opções quotidianas, acrescentou o
Papa, convidando os jovens a escolher atitudes "muito concretas na vida de
cada dia":
"Exorto-vos
a escolher um estilo de vida baseado na esperança. Dou um exemplo: nas redes
sociais, parece mais fácil compartilhar notícias más do que notícias de
esperança. Assim deixo-vos uma proposta concreta: tentai compartilhar cada dia
uma palavra de esperança. Tornai-vos semeadores de esperança na vida dos vossos
amigos e de quantos vos rodeiam. Com efeito, «a esperança é humilde e é uma
virtude que se trabalha – por assim dizer – todos os dias (…). Todos os dias é
preciso lembrar-nos que temos o penhor, que é o Espírito e que trabalha em nós
através de pequenas coisas» (Francisco, Meditação matutina, 29/X/2019)."
Essa
esperança, que é Cristo e ilumina a nossa vida, disse Francisco, também pode se
tornar "uma pequena lanterna para os outros", assim como foram
os discípulos de Jesus, partilhando a graça recebida. O Papa finalizou a
mensagem convidando os jovens a não ter medo de "partilhar com todos a
esperança e a alegria de Cristo Ressuscitado".
“A
esperança cristã, não a podemos guardar para nós, como um belo sentimento,
visto que se destina a todos. Aproximai-vos em particular dos vossos amigos que
talvez aparentemente sorriam, mas por dentro choram, carentes de esperança. Não
vos deixeis contagiar pela indiferença e pelo individualismo: permanecei
abertos como canais por onde a esperança de Jesus possa fluir e difundir-se nos
ambientes onde viveis.”
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