há pessoas
más que fazem a guerra, nós trabalhamos pela paz
Cerca de 7.500 crianças dos cinco
continentes participaram do encontro “Aprendamos com os meninos e meninas”.
Música, canto, jogos, depois as perguntas e respostas de alguns meninos e
meninas de diversos países com o Pontífice. Francisco estigmatiza a guerra:
“São mortas crianças inocentes. Isto mostra a crueldade da guerra”. Depois, o
convite a cuidar do planeta: “Se destruímos a Terra, destruímos a nós mesmos”.
O Papa Francisco encontrou-se com mais de
seis mil crianças, de 7 a 12 anos, provenientes de várias partes do mundo, na
tarde desta segunda-feira (06/11), na Sala Paulo VI, no Vaticano. O evento teve
como tema "Aprendamos com os meninos e meninas".
"Muito obrigado a todos vocês por
terem vindo, aos seus acompanhantes e aos organizadores deste encontro",
disse o Papa no início de seu discurso.
A propósito do tema do encontro, Francisco
disse que é preciso aprender com as crianças. "Sempre fico feliz quando as
encontro, porque vocês me ensinam algo novo a cada vez", sublinhou.
Por exemplo, vocês me recordam como a vida é bela em sua simplicidade e me ensinam também como é bom estarmos juntos! Essas são duas grandes dádivas de Deus: estar juntos e com simplicidade.
Crianças com cartazes na Sala Paulo VI pedem a paz |
A seguir, Francisco convidou as crianças a
dizerem com ele ao mundo: "A vida é um dom!". "Um belo dom e
somos irmãos e irmãs, todos nós". "Somos inimigos?", perguntou o
Papa e as crianças responderam: "Não!" "Somos irmãos?"
"Sim", responderam as crianças. "Muito bem! Vocês responderam
bem", disse ainda o Papa.
"Vocês vieram aqui de todas as partes
do mundo, como muitos irmãos que se reúnem em uma grande casa. É a grande casa que
Jesus nos deu: A Igreja é a casa da família, e o Senhor nos recebe sempre com
um abraço, com uma carícia", sublinhou Francisco.
"Gostaria de poder acolher todos
vocês, um por um, mas vocês são muitos, então digo a todos vocês, meninos e
meninas, que vocês são maravilhosos, a idade de vocês é maravilhosa. Sigam em
frente", disse ainda o Papa.
A seguir, Francisco convidou as crianças a não se esquecerem "das mudanças climáticas, da fome, da guerra e da pobreza". "Vocês sabem que tem gente ruim que faz o mal, que faz guerra, que destrói? Vocês querem fazer o mal?" "Não", responderam! "Vocês querem ajudar?" "Sim", responderam as crianças. "Gosto disso", disse o Papa.
As boas-vindas ao Papa |
"Queridas crianças, sua presença aqui
é um sinal que vai direto ao coração de todos nós, adultos, e nós, as pessoas
grandes, temos que olhar para a sua espontaneidade e ouvir a sua
mensagem", disse ainda Francisco, convidando as crianças a dizerem mais
uma vez: "A vida é um dom maravilhoso. Deus nos ama muito e é lindo
estarmos juntos, comunicar, partilhar e doar. Façam sempre assim, Nossa Senhora
ajudará vocês. Por favor: invoquem sempre Nossa Senhora e rezem por mim".
A seguir, o Papa respondeu algumas perguntas das crianças.
O Papa cumprimenta uma menina doente
Oração pelas crianças vítimas da guerra
Em cada resposta o Pontífice envolveu
também as crianças presentes, fazendo-as repetir algumas frases, para melhor
gravá-las na mente. O Papa envolveu a todos, até na oração do Pai-Nosso seguida
de um minuto de silêncio pelas vítimas dos conflitos. Atrànik, uma menina síria
perguntou ao Papa: “Por que matam as crianças na guerra?”.
Vi nas crônicas de guerra, nas notícias, quantas crianças morreram. Elas são inocentes e isso mostra a maldade da guerra. Porque, se matassem apenas os soldados, seria outra coisa; mas matam pessoas inocentes, matam as crianças. Por que matam as crianças na guerra? Isso é crueldade.
Papa: o diálogo constrói a paz, não a
vingança ou o ódio bélico
A paz é necessária, na verdade urgente. Mas
“como fazer a paz?”, perguntou Ivan, 9 anos, ucraniano. "Não existe um
“método” para construí-la", respondeu o Papa: “É mais fácil dizer como se
faz a guerra, com o ódio, com a vingança, para ferir o outro e isso vem do instinto”.
A paz, porém, pode ser alcançada com “um gesto”.
A paz se faz com a mão estendida, com a mão estendida da amizade, procurando sempre envolver outras pessoas para caminharem juntas. A mão estendida... Cumprimentar os amigos, receber todos em casa. A paz se faz com o coração e com a mão estendida.
Momento das perguntas das crianças |
Rania, de 12 anos, da Palestina, perguntou
ao Papa: "Se começar a terceira guerra mundial, a paz nunca mais
voltará?"
"O Papa respondeu: Você fez uma
pergunta que afeta também a sua terra que está sofrendo tanto neste momento. Se
começar a guerra: a guerra já coeçou, queridos. Ouçam isto: a guerra estourou
em todo o mundo. Não só na Palestina: eclodiu na África Austral, no Congo, em
Mianmar, eclodiu em todo o mundo. São guerras ocultas, em Moçambique... em todo
o mundo.
Estamos vivendo uma guerra terrível e a guerra tira a nossa paz e tira as nossas vidas. Precisamos pensar um pouco, trabalhar pela paz.
Essa menina, que se chama Rania, sua terra
natal está em guerra e se sofre muito. Façamos uma coisa: em silêncio, façamos
uma saudação a Rania e a todo o povo da sua pátria. E você informe ao povo da
Palestina que todas as crianças lhe enviam saudações. A paz é linda. Todos: “a
paz é linda”. Obrigado, Rania".
O Globo simbolizando a Terra |
Não destruir a Terra
Um aperto de mão entre todos os presentes
formando uma corrente humana, ao ritmo da famosa canção We are the World (Nós
somos o mundo), foi o momento final - e também um dos mais evocativos - do
encontro, enquanto globos simbolizando a terra eram levantados no palco. Todos
devemos cuidar da terra, começando pelos mais pequenos. “Destruir a Terra é
destruir-nos...” disse o Papa Francisco a Isadora, do Brasil.
Se você destrói a Terra, você destrói a si mesmo. Digamos todos juntos, devagar, sem gritar: destruir a Terra é destruir-nos, porque a Terra nos dá tudo para viver: nos dá o oxigênio, nos dá a água, nos dá o alimento, nos ajuda muito para viver. Se destruímos a Terra, destruímos a nós mesmos.
Saudações aos grupos que partiam de trem
Boa viagem aos grupos que partiam de trem
Rodeado de cartazes brancos com as palavras
Paz em vários idiomas, o Papa assinou chapéus brancos e acolheu os presentes
que lhe foram dados em cestos de madeira: peluches, bonecas, jogos, desenhos e
plantas.
Depois, despedindo-se da multidão, dirigiu-se
à Estação Vaticano, onde quis pessoalmente desejar “boa viagem” a alguns grupos
que partiam no Trem Rock disponibilizado pela companhia ferroviária italiana
Ferrovie dello Stato. O Papa tentou cumprimentar todas as crianças entre
abraços, aperto de mão e pedidos de selfies. Ele distribuiu a alguns o pacote
de presentes preparado com chá gelado, doces e chocolates. Do trem alguns
batiam nas janelas ou mostravam escritos de seus celulares: “Quero bem a você”,
“Te amo”. Outros gritavam aos companheiros vizinhos: “Eu cumprimentei o Papa!”.
"Sim eu também! Toquei seu dedo indicador...". Pequenos gestos que
escrevem grandes capítulos na história de cada uma dessas crianças.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
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