sejam
evangelizadores e não funcionários
O Consistório para a criação de 21 novos
cardeais foi realizado esta manhã (30), na Praça São Pedro. Na homilia, o Papa
apresentou o Espírito Santo como o maestro do Colégio Cardinalício: “Ele cria a
variedade e a unidade, Ele é a própria harmonia”.
O Papa presidiu, na manhã deste sábado, na
Praça São Pedro, o nono Consistório de seu pontificado. Os 21 novos membros do
Colégio Cardinalício foram anunciados por Francisco durante a oração do Angelus,
no último dia 9 de julho.
Entre eles, 18 são eleitores: Robert
Francis PREVOST, O.S.A., Claudio GUGEROTTI, Víctor Manuel FERNÁNDEZ, Emil Paul
TSCHERRIG, Christophe Louis Yves Georges PIERRE, Pierbattista PIZZABALLA,
Stephen BRISLIN, Ángel Sixto ROSSI, S.J., Luis José RUEDA
APARICIO, Grzegorz RYŚ, Stephen Ameyu Martin MULLA, José COBO CANO,
Protase RUGAMBWA, Sebastian FRANCIS, Stephen CHOW SAU-YAN, S.J.,
François-Xavier BUSTILLO, O.F.M. Américo Manuel ALVES AGUIAR e Ángel FERNÁNDEZ
ARTIME, SDB. E três, possuem mais de 80 anos: Agostino MARCHETTO, Diego Rafael
PADRÓN SÁNCHEZ, e Luis Pascual DRI, OFM Cap.
Em sua homilia, o Pontifice destacou o
texto dos Atos dos Apóstolos: “Trata-se de um texto fundamental, a
narração do Pentecostes, o batismo da Igreja. Mas aquilo que, na realidade,
atraiu o meu pensamento foi um detalhe, ou seja, esta constatação saída da boca
dos judeus, que então «residiam em Jerusalém»: são «partos, medos,
elamitas...», e assim por diante. Esta longa lista de povos fez-me pensar nos
Cardeais, que, graças a Deus, são de todas as partes do mundo, das mais
diversas nações. Por isso mesmo escolhi esta passagem bíblica”, afirmou o Papa.
"Depois, ao meditar sobre isto, dei-me
conta de uma espécie de «surpresa» escondida nesta associação de ideias, uma
surpresa na qual, com alegria, me parecia reconhecer, por assim dizer, o
humorismo do Espírito Santo”, e questionou: “Qual é essa surpresa?”:
“É o fato de que nós, pastores, ao lermos a
narração do Pentecostes, normalmente nos identificamos com os Apóstolos. É
natural que assim seja. Ao passo que aqueles «partos, medos, elamitas», etc.
que, na minha mente, associava aos Cardeais, não pertencem ao grupo dos
discípulos, estão fora do Cenáculo, fazem parte daquela «multidão» que se
reuniu quando ouviu o ruído causado pela forte rajada de vento. Os Apóstolos
eram «todos galileus», enquanto o povo que se reunira era «proveniente de todas
as nações que há debaixo do céu», precisamente como o são os Bispos e os
Cardeais no nosso tempo.”
Segundo Francisco, esta espécie de inversão de papéis faz pensar e, se olharmos com atenção, revela uma interessante perspetiva: “trata-se de nos aplicar a experiência daqueles judeus que, por dom de Deus, se viram protagonistas do acontecimento do Pentecostes, isto é, do «batismo» do Espírito Santo, que fez nascer a Igreja una, santa, católica e apostólica.
O Santo Padre recordou que é preciso
repensar com gratidão no dom de ter sido evangelizados e de ter sido tirados de
povos que, cada um no seu tempo, receberam o Kerygma, o anúncio do mistério de
salvação, e acolhendo-o foram batizados no Espírito Santo e passaram a fazer
parte da Igreja: a Igreja Mãe, que fala em todas as línguas, que é una e é
católica.
“Isto deveria despertar em nós a maravilha
e a gratidão por termos recebido a graça do Evangelho nos nossos respetivos
povos de origem. Considero isto muito importante e que não se deve esquecer.
Porque lá, na história do nosso povo – diria na «carne» do nosso povo –, o
Espírito Santo operou o prodígio da comunicação do mistério de Jesus Cristo
morto e ressuscitado. E chegou até nós «na própria língua», nos lábios e nos
gestos dos nossos avós e dos nossos pais, dos catequistas, dos sacerdotes, dos
religiosos... Cada um de nós pode recordar vozes e rostos concretos. A fé é
transmitida, «em dialeto», pelas mães e pelas avós.”
O Papa sublinhou que somos evangelizadores
na medida em que conservamos no coração a maravilha e a gratidão de ter sido
evangelizados; melhor, de ser evangelizados, porque trata-se, na
realidade, de um dom sempre atual, que pede para ser continuamente renovado na
memória e na fé. "Evangelizadores e evangelizados, e não funcionários",
exortou Francisco.
Dirigindo-se aos cardeais, o Pontífice
recordou que o Pentecostes – tal como o Batismo de cada um de nós – não é um
fato do passado, é um ato criador que Deus renova continuamente. E como
exemplo, o Papa apresentou a imagem da orquestra: “o Colégio Cardinalício é
chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a
dimensão harmônica e a sinodalidade da Igreja. Digo também «sinodalidade», não
só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem
precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode
muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.
“A diversidade é necessária, é
indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum”, destacou o
Francisco, e prosseguiu com um convite: “Proponho de modo particular a
vós, membros do Colégio Cardinalício, na consoladora confiança de que temos
como maestro o Espírito Santo:, que é o maestro interior de cada um e o maestro
do caminhar juntos: que seja Ele o protagonista, Ele é a própria harmonia”,
concluiu.
O Santo Padre finalizou sua homilia,
confiando os novos cardeais “à doce e forte orientação, e à guarda solícita da
Virgem Maria”.
Thulio Fonseca - Vatican News
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