Leitura do livro do Profeta Ezequiel:
Assim diz o Senhor: “Vós andais dizendo: ‘A conduta do Senhor não é correta’. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta?
Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá, não morrerá”.
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- Recordai, Senhor meu Deus,/ vossa ternura e compaixão.
- Recordai, Senhor meu Deus,/ vossa ternura e compaixão.
- Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,/ e fazei-me conhecer a vossa estrada!/ Vossa verdade me oriente e me conduza,/ porque sois o Deus da minha salvação;/ em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
- Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura/ e a vossa compaixão que são eternas!/ Não recordeis os meus pecados quando jovem,/ nem vos lembreis de minhas faltas e delitos!/ De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia/ e sois bondade sem limites, ó Senhor!
- O Senhor é piedade e retidão,/ e reconduz ao bom caminho os pecadores./ Ele dirige os humildes na justiça,/ e aos pobres ele ensina o seu caminho.
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Irmãos: Se existe consolação na vida em
Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se
existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria: aspirai à
mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade.
Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que
o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que
é do outro. Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.
Jesus Cristo, existindo em condição divina,
não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com
aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e
morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está
acima de todo nome.
Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!” — para a glória de Deus Pai.
Proclamação do Evangelho de São Mateus:
«O que
vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho, e
disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. O filho respondeu: ‘Não quero’.
Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho, e disse a
mesma coisa. Esse respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos
dois fez a vontade do pai?» Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo
responderam: «O filho mais velho.» Então Jesus lhes disse: «Pois eu garanto a
vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no
Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça,
e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas
acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para
acreditar nele.»
Reflexão do padre Johan Konings:
Formalismo religioso e verdadeiro serviço a Deus
Na 1ª leitura,
Ezequiel ensina que o justo, quando se desvia, se perde, enquanto o pecador que
corrige sua vida se salva. Jesus, no evangelho, denuncia a atitude dos
supostos “justos”. Não se converteram à pregação de João Batista; os publicanos
e as prostitutas, sim. Referindo-se a isso, Jesus faz uma comparação: o “bom
filho” diz ao pai que fará, mas não faz; o filho rebelde diz que não fará, mas
faz… Qual dos dois, então, é o verdadeiro “justo”?
Não adianta ter o
rótulo de justo por causa de habitual bom comportamento e por dizer
piedosamente “sim” a Deus. Importa fazer de fato o que Deus espera. E se
fizermos o que Deus espera de nós, não importa que antes tenhamos sido
pecadores. Fazendo o que Deus espera, o pecador torna-se justo; não o fazendo,
o justo torna-se pecador. O “estar bem com Deus” nunca é “direito adquirido”.
Não há assentos cativos no céu… Um ladrão, acostumado desde o instituto de
menores a viver de bens alheios, arrisca sua vida para salvar um banhista no
mar; populares, não casados na Igreja, organizam uma vaquinha para ajudar uma
família sem meios de sustento; um beberrão torna-se crente e deixa de beber,
para sustentar melhor sua família. Pelo outro lado: padres e religiosos
proclamam a “opção pelos pobres”, mas só têm tempo para os ricos e os inteligentes…
Qual deles é o justo?
Apliquemos na
prática o critério de discernimento que Cristo mesmo sugere na parábola: que é
o que a pessoa diz e o que ela faz? Descobriremos com perspicácia o que é
acomodação e o que é conversão, também em nós mesmos.
Importa reconhecer
a justiça dos que não têm a fama, mas a praticam. E denunciar – para o bem
deles e de todos; – os que têm fama de justiça, mas não a praticam. Neste
sentido, para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve expulsar o formalismo
religioso, que consiste em observar as coisas formais e exteriores da religião,
sem fazer de verdade o que Deus espera de nós: a contínua conversão e a prática
da justiça e da solidariedade para com o irmão.
Convém meditar
neste sentido o que fez o filho por excelência, Jesus: não se apegou a
privilégios de divindade, mas fez a vontade do Pai, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz (2ª leitura).
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
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