Chamado divino
Num período de 20 em 20 anos, a Igreja
realiza um Ano Vocacional, deixando um espaço longo para reflexões sobre o tema
e o lema propostos. Em 2023, celebramos o Terceiro Ano Vocacional, com o tema:
“Vocação, graça e missão” e o lema, tirado de Lucas 24,32-33, é: “Corações
ardentes, pés a caminho”. Toda esta riqueza de conteúdo é corroborada pelo mês
de agosto, mês vocacional.
A Aliança do Senhor com o povo antigo era
toda marcada pela presença de vocacionados, de indivíduos chamados a liderar e
conduzir o caminho das pessoas, confirmando a presença de Deus no trajeto da
história. Assim foi o papel desenvolvido por Abraão, por José do Egito, por
Moisés, pelos profetas e por muitos outros. É a realização permanente do
chamado de Deus na condução do povo.
A graça da vocação continua nos tempos de
hoje, porque a Palavra de Deus ainda faz muitos corações sensíveis arderem.
Mesmo em meio ao aumento dos contravalores da sociedade, muitas pessoas
conseguem ouvir o clamor de Deus e se colocam a serviço da vocação aos
ministérios de serviço ao bem do povo. Em agosto destacamos a figura do padre,
dos pais, dos religiosos e dos leigos cristãos.
O apóstolo Paulo faz referência àquilo que
dá garantia para a vida de quem se coloca a serviço do Reino de Deus, isto é, a
Ressurreição de Cristo, que é promessa de vitória para quem segue o chamado
divino. Não importa a qualidade individual da pessoa que se sente chamada, mas
supõe uma decisão de fé e compromisso firme na missão. “Deus não escolhe
capacitados; capacita os escolhidos”.
Maria, a Mãe de Jesus, uma mulher do povo,
jovem e muito simples, recebeu o chamado divino. Então ela se coloca, livremente,
de total prontidão, de forma consciente e serena, para realizar o projeto de
Deus. Sabemos pela Sagrada Escritura, que não foi uma vida fácil, porque teve
que enfrentar os tropeços próprios de quem se coloca no serviço exigido pelo
trajeto da vocação.
A missão de quem recebe o chamado divino é
lutar, com total firmeza e dedicação contra as forças do mal. É compromisso de
toda pessoa batizada, porque no Sacramento do Batismo está a fonte de todas as
vocações na Igreja. Não importa o estado de vida da pessoa. Importa, sim, seu
compromisso com um mundo melhor, onde reine a fraternidade, a justiça e o amor
a Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo
de Uberaba (MG)
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