Via-Sacra
Textos inspiradores: Então, Jesus disse aos
seus discípulos: “Se alguém quiser vir em meu seguimento, renuncie a si mesmo,
pegue sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). “Pois resolvi nada saber entre vós, a não
ser Jesus Cristo, e este crucificado”, escreveu São Paulo (1Co 2,2). “Nós,
porém, pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para
os pagãos… Mas, para nós, Ele é o Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”
(1Co 1,23-25).
1º Ao falarmos da via-sacra, não
podemos desvinculá-la da cruz e nem esta, do amor de Cristo, por nós. Ele não
nos salvou por decreto divino: encarnou-se. Assumiu nossa natureza humana, em
tudo igual a nossa, menos no pecado. Jesus não brincou de salvar-nos.
Mostrou-nos que, quem ama mesmo, vai até às últimas consequências: até à morte,
na cruz ou através de outra forma, não excluso o martírio. A cruz mostrou toda
a maldade do pecado: rejeição de Deus… ou blasfêmia contra Ele. Jesus não foi
obrigado pelo Pai, a assumir cruz. Não foi um carrasco para o Filho. Foi e
continua sendo Pai. Nossa salvação foi ato Trinitário. O crucificado foi Jesus
Cristo, mas o ato salvífico foi das três pessoas trinitárias.
2º Jesus veio fundar o Reino de Deus.
não uma empresa religiosa. Mandou obedecer ao Pai e evangelizar, peregrinando
pelo mundo. (Mt 28,19-20). Não prescreveu tudo, nos mínimos detalhes, mas
enviou o Espírito Santo para completar Sua obra. Além disso, deixou Pedro como
o Primaz. (Mt 16,18-19; Jo 21,15-19). A organização da Igreja foi acontecendo
aos poucos. Ademais, os apóstolos não eram intelectuais, mas pescadores, que se
tornaram pastores. Mandou-os evangelizar e orar. Mais: pediu-lhes que fossem
fiéis, até o fim. Foram.
3º Via-sacra. É um comovente exercício
de piedade cristã. A cruz, instrumento imposto a Jesus, para nossa salvação,
foi sendo, aos poucos, descoberta, em sua importância, pelos fiéis. A Via-sacra
consiste então, em rezando meditar os diversos passos da caminhada de Cristo,
para o calvário. São 14 estações. Refazem de certo modo a caminhada de Jesus
Cristo, do Pretório de Pilatos, até ao monte calvário, carregando nossa cruz.
Participar da via-sacra, não deixa de ser, um grande exercício de piedade
cristã. Recordar é viver. Viver, como cristão, é seguir Jesus Cristo: e este
crucificado. A via-sacra é de modo especial, vivenciada na quaresma, como tempo
de preparação para a Páscoa, o acontecimento maior do cristianismo
(Ressurreição). O Papa a realiza na quarta-feira Santa, no coliseu de Roma. 3.1
A devoção da via-sacra nasceu na idade média. É veneração e não adoração da
cruz e nem simples exaltação do sofrimento. A adoração se dirige a Cristo, que
crucificado, morreu e ressuscitou. Essa devoção se estendeu à toda Igreja, no
século XV. No século XVII, se fixou em 14 o número de estações. Nos tempos
atuais, se acrescenta a décima quinta: a Ressurreição. De fato, de nada teria
adiantado Cristo morrer, se morrendo, não ressuscitasse. Não seguimos um
vencido, um derrotado, mas um vencedor. Jesus não foi um mero sentenciado. Ele
assumiu um programa: uma missão. Foi fiel.
4º É preciso, por isso, participar da
via-sacra, sem cair no dolorismo. Cristo sofreu e nós na vida sofreremos,
querendo ou não. Não encontramos, apenas, cruzes em nossas rodovias, mas também
em nossas próprias vidas. A pós-modernidade não gosta de refletir sobre a
morte: a finitude humana. Por isso, constatamos, mormente na Europa, a presença
do sentimento de angústia, quando não de desespero na existência. Nós cristãos,
também, percebemos um mistério na realidade da morte, tal qual experenciamos.
Mas, para nós, ninguém chega à casa do Pai, sem passar pela morte. Não
precisamos ter pressa de morrer, mas sim de entrarmos, mais profundamente, no
mistério do sofrimento que circunda nossas vidas. Boas reflexões.
D
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