1º Domingo da Quaresma
"No
Evangelho, Jesus, o Homem Perfeito, a verdadeira imagem do Pai, vence o Mal ao
manter-se submisso ao Pai e mostrar-se um homem livre."
Começamos a
Quaresma com um texto que nos possibilita refletir sobre o projeto de
Deus a respeito do ser humano. O livro do Gênesis nos apresenta o homem
sendo criado como o ponto alto de toda a criação, como imagem e semelhança de
Deus. Exatamente por isso ele deverá proceder como superior a tudo e não deixar-se
influenciar por nenhuma qualidade de qualquer coisa criada, deverá permanecer
sempre livre!
É nesse exato
momento que entra o a perversão do Mal ao provocar no homem o forte e imperioso
desejo de experimentar a fruta proibida, ao ponto de apequenar-se cedendo
às qualidades olfativas e visuais da fruta em detrimento da orientação do
Criador.
Foi o primeiro ato
em que o ser humano demonstrou que abria mão de sua liberdade para satisfazer
seus instintos, sua curiosidade e, tragicamente, querer ser igual a Deus.
Deixou de se reconhecer criatura, homem, vindo da terra, do húmus e querendo,
com seu próprio poder chegar a ser onipotente. O ser humano trocou a humildade
pela soberba, eis o primeiro pecado.
No Evangelho,
Jesus, o Homem Perfeito, a verdadeira imagem do Pai, vence o Mal ao manter-se
submisso ao Pai e mostrar-se um homem livre. Não será a comida, a satisfação de
suas necessidades biológicas que irá submetê-lo às propostas do Mal; nem a
tentação do orgulho, da vaidade, do ser renomado, do ser famoso, do prestígio
irá fazê-lo aceitar a imposição de Satanás e nem a sedução do poder o derrotará
em sua fidelidade ao Pai.
Para nós, a ação
de Jesus, sua postura, nos interpela quando em nossa vida somos tentados a
satisfazer nossas necessidades naturais, nossos desejos de prestígio e nossa
sede de poder. Olhemos para o Homem Perfeito, a Imagem Visível do Deus
Invisível, e suas respostas serenas às perturbadoras tentações.
No trecho da Carta
aos Romanos, São Paulo nos fala sobre os modos de vida de Adão e de Cristo. O
primeiro, como vimos no início de nossa reflexão, mostrou-se fraco. Contudo,
essa debilidade foi herdada por todos nós, seus descendentes. Somos conscientes
de que titubeamos e fracassamos diante das tentações.
Em Cristo temos
exatamente a realização da vocação da natureza humana, ser superior a tudo
sendo imagem de Deus, sendo livre!
Mais ainda, não
podemos comparar a graça de Deus ao pecado de Adão, nos fala o Apóstolo. Se
“pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida em uma
situação de pecado, assim também, pela desobediência de um só, toda a
humanidade passará para uma situação de justiça”, que é ser plenamente livre e
plenamente unida a Deus.
Padre César Augusto dos Anjos, SJ
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Fonte: vaticannews.va
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