5º Domingo do Tempo Comum
A luz brilha e
Jesus nos chamou de luz do mundo. Deveremos brilhar no mundo, iluminá-lo para
levá-lo ao Senhor. “A luz de vocês brilhe diante das pessoas, para que elas
vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai que está no céu”.
“Reparte o pão com
o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrardes um nu,
cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e
tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a
glória do Senhor te seguirá.”
Compreendemos
desse texto do Profeta Isaías que o jejum é solidariedade com os famintos, é
partilhar o próprio pão e o próprio teto. Não existe culto a Deus separado da
justiça social. Experimentamos Deus a partir dos sofrimentos humanos. Deus não
nos pede que provoquemos dor e desconforto em nosso corpo. Ele nos pede
misericórdia, compaixão com aquele que sofre, solidariedade, partilha de dons.
A privação que
Deus nos pede não é um gesto de ascese, de autodisciplina, mas de acolhida do
outro na situação em que se encontra, é compaixão. O crescimento espiritual não
pode ser voltado para si mesmo, seria estéril, mas quando me privo para ir em
socorro do outro, por causa do outro, por causa de Deus e não de mim mesmo, aí
cresço. Não podemos confundir o jejum cristão, os exercícios de abnegação com
mera privação em que eu saio melhor porque dominei meu corpo, dominei meus
desejos. Para isso não precisamos amar o próximo e nem a Deus.
O atleta, a pessoa
que cultiva sua elegância física, o e a modelo também se privam de alimentos,
fazem bastantes exercícios físicos, vão passar fome em um Spa não por
amor ao próximo ou a Deus, mas por beleza, por saúde, por vaidade. O dinheiro
economizado com esse jejum, se é que economizou e não gastou mais ainda,
certamente não será dado aos pobres, mas gasto em produtos que realcem o
sacrifício realizado: a beleza física!
Do mesmo modo,
certos caminhos espirituais que propõem uma vida ascética, difícil até, mas com
o único objetivo de crescimento e auto domínio, se tornam estéreis - dentro de
uma visão judaico-cristã - porque se esquecem da verdadeira dimensão espiritual
que direciona o culto religioso a Deus concretizando-se no serviço ao próximo.
Segundo Isaías, a partilha é a transfiguração da pessoa, quando ele diz:
“Então, brilhará tua luz como a aurora”!
No Evangelho Jesus
diz que os seus discípulos são sal da terra e luz do mundo. Como entender isso?
No passado, como
por exemplo no livro dos Números 18,19 está escrito “aliança de sal”, uma
aliança que se pereniza. Ora, o Senhor ao falar que somos “sal da terra” quer
nos dizer que somos aqueles em que Ele confia para perenizar entre os homens o
seu amor, sua aliança, para construir o Reino de Justiça. E o sal não perde o
sabor, nos alerta o Mestre, nos dizendo da necessidade de nos mantermos fiéis à
nossa missão, caso contrário, se perdermos o sabor, seremos jogados por terra
para sermos pisados, desprezados, pois perdemos nossa sublime missão.
A luz brilha e
Jesus nos chamou de luz do mundo. Deveremos brilhar no mundo, iluminá-lo para
levá-lo ao Senhor. “A luz de vocês brilhe diante das pessoas, para que elas
vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai que está no céu”.
Padre César Augusto dos Anjos, SJ
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Fonte: vaticannews.va
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