Cristo é a
manifestação de um Deus compassivo, acreditar n’Ele e segui-lo como seus
discípulos significa deixar-se transformar para que também nós possamos ter os
mesmos sentimentos d’Ele, ou seja, um coração que se comove, um olhar que vê e
não passa adiante, duas mãos que socorrem e aliviam feridas, ombros fortes que
carregam o fardo daqueles que estão em necessidade: disse o Pontífice na
homilia da Santa Missa celebrada na paróquia de Castel Gandolfo este XV Domingo
do Tempo Comum.
“Olhemos para
Cristo, o bom Samaritano, e ouçamos ainda hoje a Sua voz que diz a cada um de
nós: ‘Vai e faze tu também o mesmo’”. Foi a exortação de Leão XIV na homilia da
Missa que presidiu na manhã deste domingo (13/07) na Paróquia Pontifícia Santo
Tomás de Vilanova em Castel Gandolfo. Atendo-se à liturgia deste XV Domingo do
Tempo Comum, o Papa refletiu sobre o Evagelho do dia, que nos traz uma das mais
belas e inspiradoras parábolas contadas por Jesus: a parábola do bom samaritano
(Lc 10, 25-37).
A compaixão está
no centro da parábola
Já em suas
primeiras considerações, o Bispo de Roma ressaltou que esta história continua a
desafiar-nos hoje. Ela interpela a nossa vida, abala a tranquilidade das nossas
consciências adormecidas ou distraídas e alerta-nos para o risco de uma fé
acomodada, conformada com a observância exterior da lei, mas incapaz de sentir
e agir com as mesmas entranhas de compaixão de Deus.
A compaixão, com
efeito, está no centro da parábola, observou o Pontífice, destacando que se é
verdade que no relato evangélico ela é descrita por meio das ações do
samaritano, a primeira coisa que o trecho destaca é o olhar. Na verdade,
prossegue Leão XVI, diante de um homem ferido que se encontra à beira da
estrada, depois de ter sido atacado por salteadores, tanto do sacerdote como do
levita, diz: “ao vê-lo, passou adiante”; ao contrário, do samaritano, o
Evangelho diz: “vendo-o, encheu-se de compaixão”.
O bom samaritano
é, antes de mais nada, a imagem de Jesus
Queridos irmãos e irmãs, o olhar faz a diferença, porque expressa aquilo que trazemos no coração: ver e passar adiante ou ver e encher-se de compaixão. Existe um modo de ver exterior, distraído e apressado, um olhar que finge não ver, isto é, sem nos deixarmos sensibilizar e interpelar pela situação; por outro lado, há um modo de ver com os olhos do coração, com um olhar mais profundo, com uma empatia que nos põe no lugar do outro, nos faz participar interiormente, nos toca, comove, questiona a nossa vida e a nossa responsabilidade.
O primeiro olhar
do qual a parábola quer falar-nos, explica o Santo Padre, é aquele que Deus
dirigiu para nós, a fim de que também nós aprendamos a ter os mesmos olhos que
Ele, cheios de amor e compaixão uns pelos outros. Realmente, o bom samaritano
é, antes de mais nada, a imagem de Jesus. Como aquele homem do Evangelho que
descia de Jerusalém para Jericó, a humanidade descia aos abismos da morte e,
ainda hoje, muitas vezes tem de lidar com a escuridão do mal, com o sofrimento,
com a pobreza, com o absurdo da morte; Deus, porém, olhou para nós com
compaixão, quis fazer Ele mesmo o nosso caminho, desceu no meio de nós e, em
Jesus, bom samaritano, veio curar as nossas feridas, derramando sobre nós o
óleo do seu amor e da sua misericórdia.
Um olhar que vê
e não passa adiante
Compreendemos, assim, por que a parábola instiga também cada um de nós: uma vez que Cristo é a manifestação de um Deus compassivo, acreditar n’Ele e segui-lo como seus discípulos significa deixar-se transformar para que também nós possamos ter os mesmos sentimentos d’Ele, ou seja, um coração que se comove, um olhar que vê e não passa adiante, duas mãos que socorrem e aliviam feridas, ombros fortes que carregam o fardo daqueles que estão em necessidade.
Se no íntimo da
nossa vida descobrimos que Cristo, como bom samaritano, nos ama e cuida de nós,
continuou o Papa, também nós somos impelidos a amar da mesma forma e nos
tornaremos compassivos como Ele. Curados e amados por Cristo, também nós nos
tornamos sinais do seu amor e da sua compaixão no mundo.
Precisamos da
revolução do amor
Irmãos e irmãs, hoje precisamos desta revolução do amor. Hoje, aquele caminho que desce de Jerusalém até Jericó, uma cidade que se encontra abaixo do nível do mar, é o caminho percorrido por todos aqueles que se aprofundam no mal, no sofrimento e na pobreza; é o caminho de tantas pessoas oprimidas pelas dificuldades ou feridas pelas circunstâncias da vida; é o caminho de todos aqueles que “estão embaixo” até se perderem e tocarem o fundo; e é a estrada de tantos povos espoliados, roubados e saqueados, vítimas de sistemas políticos opressivos, de uma economia que os condena à pobreza, da guerra que mata os seus sonhos e as suas vidas.
Antes de
concluir sua homilia diante da comunidade paroquial e do bispo diocesano
Vincenzo Viva, o Santo Padre nos indicou que “ver sem passar adiante, parar a
nossa corrida apressada, deixar que a vida do outro, seja ele quem for, com as
suas necessidades e sofrimentos, me parta o coração: isso aproxima-nos uns dos
outros, gera uma verdadeira fraternidade, derruba muros e barreiras. E,
finalmente, o amor abre caminho, tornando-se mais forte do que o mal e a
morte”.
Ao término da
Missa, o Leão XVI doou ao pároco da paróquia pontifícia um cálice e uma patena
como recordação desta celebração como “um convite a todos nós a viver em
comunhão, a promover verdadeiramente esta fraternidade, esta comunhão que
vivemos em Jesus Cristo”, disse o Papa.
Raimundo de Lima – Vatican News
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O Papa no Angelus:Em Cristo, Deus
fez-se próximo de todos os homens e mulheres; por isso, cada um de nós pode e
deve tornar-se próximo daqueles que encontra pelo caminho. Seguindo o exemplo
de Jesus, Salvador do mundo, também nós somos chamados a levar consolação e
esperança, especialmente àqueles que estão desanimados e desiludidos: disse
Leão XIV no Angelus deste domingo (13/07) em Castel Gandolfo, nos Castelos
Romanos, onde transcorre estes dias um período de repouso.
Que a Virgem
Maria, Mãe da Misericórdia, “nos ajude a acolher no nosso coração a vontade de
Deus, que é sempre a vontade de amor e salvação, para sermos todos os dias
construtores da paz”: foi o pedido do Pontífice à Virgem Santa no Angelus deste
domingo (13/07) em Castel Gandolfo, nos Castelos Romanos, onde transcorre estes
dias um período de repouso. A oração mariana foi conduzida por Leão XIV na
Praça da Liberdade diante do Palácio Apostólico da pequena cidade do Lácio,
onde se encontra a residência de verão do Papa. Numa praça lotada de fiéis e
peregrinos, o Santo Padre manifestou sua alegria por encontrar-se ali nestes
dias e agradeceu calorosa a acolhida.
Na alocução que
precedeu o Angelus, o Santo Padre destacou que o Evangelho do dia se inicia com
uma lindíssima pergunta feita por Jesus: “Mestre, que hei de fazer para herdar
a vida eterna?” (cf. Lc 10, 25). Estas palavras, disse o Papa, exprimem um desejo
constante na nossa vida: o desejo de salvação, ou seja, de uma existência livre
do fracasso, do mal e da morte.
O que o coração
do homem espera é descrito como um bem “herdado”: nem se conquista através da
força, nem se implora como se fôssemos servos, nem se obtém por contrato. “A
vida eterna, que só Deus pode dar - observou - é transmitida ao homem como
herança, de pai para filho”.
Eis por que, à
nossa pergunta, Jesus responde que, para receber o dom de Deus, é preciso
acolher a sua vontade. Está escrito na Lei: “Amarás ao Senhor, teu Deus, com
todo o teu coração” e “o teu próximo como a ti mesmo”. Fazendo assim,
correspondemos ao amor do Pai: a vontade de Deus é, na verdade, aquela lei de
vida que Deus, em primeiro lugar, pratica a nosso respeito, amando-nos por
inteiro no seu Filho Jesus.
Irmãos e irmãs, olhemos para Ele! Jesus é a revelação do verdadeiro amor para com Deus e para com o homem: amor que se dá e não possui, amor que perdoa e não demanda, amor que socorre e nunca abandona.
Em Cristo, Deus
fez-se próximo de todos os homens e mulheres; por isso, cada um de nós pode e
deve tornar-se próximo daqueles que encontra pelo caminho. Seguindo o exemplo
de Jesus, Salvador do mundo, também nós somos chamados a levar consolação e
esperança, especialmente àqueles que estão desanimados e desiludidos.
Para viver eternamente, portanto, não há que enganar a morte, mas servir a vida, ou seja, cuidar da existência dos outros no tempo que aqui partilharmos. Esta é a lei suprema, que não só está antes de qualquer regra social como lhe dá sentido.
Raimundo de Lima – Vatican News
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Apelo e considerações do Papa:Ao final do
Angelus em Castel Gandolfo, Leão XIV pediu para não esquecermos de rezar por
todos aqueles que se encontram "em estado de sofrimento e
necessidade" devido aos conflitos. Em seguida, recordou a beatificação,
ocorrida este sábado em Barcelona, do marista Licarion May, assassinado por
ódio à fé no início do século XX, e agradeceu a todos os animadores e
educadores que cuidam de crianças e jovens durante os meses de verão.
Irmãos e irmãs,
não nos esqueçamos de rezar pela paz e por todos aqueles que, devido à
violência e à guerra, se encontram em situação de sofrimento e necessidade.
O pensamento do
Papa, após a alocução que precedeu o Angelus, continua com todos os povos
esmagados pelo conflito. Aqueles que, na precedente Santa Missa, na Paróquia
Pontifícia de Santo Tomás de Vilanova, ele comparou ao homem moribundo e ferido
da parábola do bom samaritano, despojado, roubado e saqueado, vítimas de
sistemas políticos opressores, de uma economia que os empurra para a pobreza,
de uma guerra que mata seus sonhos e suas vidas.
O testemunho do
novo beato Licarion May
Em seguida,
recordou a beatificação celebrada este sábado em Barcelona de Licarion May,
irmão marista morto durante as revoltas populares de 1909 "por ódio à fé e
em circunstâncias hostis". "Ele viveu a missão educativa com paixão e
coragem" entre os mais pobres, recordou o Papa, pedindo que seu testemunho
"seja uma inspiração para todos", especialmente para aqueles que
trabalham na área da educação.
Agradecimento a
animadores e educadores dos mais jovens
E, novamente,
olhando para aquele mundo - o mundo da educação - feito de noções, ideias e
propostas, de conhecimentos aprendidos e depois transmitidos, o Pontífice
agradeceu aos animadores e educadores que passam os meses de verão com crianças
e jovens. Nesse contexto, ele chama o Festival de Cinema Giffoni, o festival
anual de cinema na região de Salerno, sul da Itália, que reúne jovens, alguns
muito jovens, do mundo inteiro, de uma "importante iniciativa". A
edição deste ano é dedicada ao tema "Tornar-se humanos". Começa em 17
de julho, mas já recebeu a bênção do Bispo de Roma.
Saudações ao
Povo
Ao concluir o
Angelus, o Papa dirigiu-se às primeiras filas para uma saudação pessoal a todos
os presentes. Mais apertos de mão, carícias e bênçãos encerraram uma manhã que
começou com uma imersão no coração desta pequena cidade do Lácio, feliz por ver
o Sucessor de Pedro caminhando novamente entre suas muralhas, suas ruas
estreitas e suas vistas para o lago de Albano, também chamado lago de Castel
Gandolfo.
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