Agir com equilíbrio
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Dom Paulo M Peixoto |
O
equilíbrio é essencial para uma vida saudável e feliz. Mas cada pessoa tem seu
jeito de proceder, suas capacidades pessoais, seu próprio gênio e suas naturais
reações. Os extremismos geram conflitos, discussões e divisão. O povo
brasileiro tem enfrentado polarizações no campo político, mas também no setor
religioso, usando como saída, para muitos, as atitudes individualistas.
A vida
comunitária tem se esvaziado, dando espaço para atos desconexos com as atitudes
coletivas, refletindo uma sociedade que vive muitos desafios no campo
psicológico e doenças mentais estressantes. A forma das decisões autoritárias
contribui para essa realidade, que acaba desgastando o clima de paz da
sociedade. Não só as pessoas, mas toda a comunidade sofre as
consequências.
Os
desequilíbrios provocam atos extremistas, porque existe um esvaziamento na
sensibilidade do coração das pessoas. O Papa Francisco era preocupado com isto,
porque sem sentimento pela vida do outro gera práticas de agressão e morte. Ver
um adolescente tirar a vida de outro, matar a própria família por questões de
sentimento, de ciúme e inveja, provoca preocupação na vida familiar.
Agora,
como buscar equilíbrio se não existe uma formação de qualidade em todos os
órgãos responsáveis, principalmente pelas famílias totalmente desprovidas para
fazer esse processo estrutural na vida dos filhos! As Igrejas contribuem, a
catequese da mesma forma, as escolas dão sua participação, mas há um clima de
desprezo para que haja uma formação de qualidade digna dos novos tempos.
Creio
que o forte espírito competitivo provocado pela cultura capitalista, pelo ter,
pelo acúmulo de um lado e a pobreza de outro, pelas guerras, as polarizações,
tudo distancia as pessoas umas das outras. A consequência natural é o
fechamento, o isolamento, o medo e tantas coisas mais. Assim temos um sintoma
forte de desequilíbrio, que força práticas não condizentes com o ideal de vida
saudável.
É
preciso compreender o significado da vida de Jesus. A cruz não foi expressão de
desequilíbrio, mas de consciência da missão. Quando ele diz: “Pai, afasta de
mim este cálice! Mas seja feito não o que quero, porém o que tu queres” (Mc
14,36), estava agindo com total equilíbrio no cumprimento do projeto de vida,
que passa pela via da morte e tem seu cume na plenitude da ressurreição.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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