Lado humano de Cristo
Dom Paulo Peixoto |
A palavra “Aliança”, que se tornou
realidade no diálogo entre Javé e Abraão (cf. Gn 17,9-10), revela perfeitamente
a face humana de Deus, concretizada no fato da Encarnação do Verbo e nascimento
do Filho, Jesus Cristo, tornando humano Aquele que também era, e é, divino. Na
prática, a vida real de Jesus teve marca de humanidade, principalmente no seu
relacionamento fraterno com as pessoas.
Ter compaixão com as pessoas é ter atitude
de humanidade e de reconhecimento da dignidade do outro, especialmente em seus
momentos marcados pelas fragilidades físicas, psíquicas, espirituais, materiais
e desigualdade social. Ser humano implica ter compromisso e comprometimento com
as pessoas mais necessitadas da sociedade, como o fez Jesus em relação aos
frágeis de seu tempo.
Não é fácil ser verdadeiramente humano,
porque exige saída do individualismo, da centralidade em nós mesmos, do egoísmo
e de tudo aquilo que nos distancia do outro. Jesus é modelo de realização de
tudo isto, agindo acima de qualquer tipo de interesse particular egoísta,
possibilitando e habilitando aos seus seguidores, atitudes também humanas de
solidariedade e de compaixão.
Existem muitas lideranças com
práticas desumanas pelo mundo. Em diversos países há crise de humanidade, o
desrespeito para com o ser humano é impressionante. Basta ver que milhares de
cristãos estão sendo ceifados brutalmente por defender a fé em Deus. No próximo
dia seis de agosto, numa data convencional, estamos sendo sensibilizados para
rezar por esses irmãos perseguidos.
Jesus falou sobre a importância da unidade,
a diminuição das diferenças, do ódio, dos preconceitos, mostrando que o perdão
é mais importante do que a punição. Só assim, com práticas humanas, será capaz
de construir paz no meio da sociedade. O Papa Francisco, ao falar do aspecto
humano da cultura, convida o mundo a derrubar os muros de separação e a
construir pontes de união.
Pelo seu lado verdadeiramente humano, por
ser acolhedor e por agir com autoridade, Jesus era seguido por multidões
carentes de esperança, porque eram como ovelhas sem pastor, e depositavam
crédito nele. A forma como Jesus agia diante de todos, revela um ensinamento
novo, significando o mistério de amor de Deus Pai, que consola as pessoas e dá
sentido para a sua existência.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de
Uberaba (MG)
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