Continuai caminhando. Ao tempo em que
colheis os primeiros frutos com relação às perguntas e questões que surgiram,
sois convidados a não parar. Continuai caminhando, deixando que o Espírito vos
guie: disse Francisco aos bispos e delegados do “Caminho sinodal das Igrejas na
Itália”, recebidos na manhã desta quinta-feira, 25 de maio, pelo Santo Padre .
O Sínodo nos chama a nos tornarmos uma
Igreja que caminha com alegria, humildade e criatividade neste nosso tempo,
ciente de que somos todos vulneráveis e precisamos uns dos outros. E
acrescento: caminhar buscando gerar vida, multiplicar a alegria, não apagar os
fogos que o Espírito acende nos corações.
Foi a veemente exortação de Francisco ao
receber em audiência na manhã desta quinta-feira (25/05) na Sala Paulo VI, no
Vaticano, os bispos e delegados do “Caminho sinodal das Igrejas na Itália”, um
expressivo grupo de cerca de mil pessoas.
Este encontro se insere em meio a um
processo sinodal que diz respeito a toda a Igreja e, nela, as Igrejas locais,
nas quais os Canteiros sinodais se constituíram como uma bela experiência de
escuta do Espírito e de discussão entre as diferentes vozes das comunidades
cristãs, observou o Papa.
Comunidades eclesiais mais missionárias
Isso gerou um envolvimento de muitos,
especialmente em certas questões que reconheceis como cruciais e prioritárias
para o presente e o futuro. É uma experiência espiritual única de conversão e
renovação que pode tornar vossas comunidades eclesiais mais missionárias e mais
bem preparadas para a evangelização no mundo de hoje, prosseguiu.
O Santo Padre exortou-os a prosseguir com
coragem e determinação neste caminho valorizando, em primeiro lugar, o
potencial presente nas paróquias e nas várias comunidades cristãs.
Tendo em mente a fase do discernimento
eclesial (fase sapiencial) do caminho sinodal, após a fase da escuta, Francisco
desenvolveu seu discurso propondo algumas tarefas, incumbências.
Continuai caminhando
Aqui está, então, a primeira incumbência:
continuai caminhando. Ao tempo em que colheis os primeiros frutos com relação
às perguntas e questões que surgiram, sois convidados a não parar. Continuai
caminhando, deixando que o Espírito vos guie.
Uma Igreja sinodal é assim porque tem uma viva consciência de caminhar na história em companhia do Ressuscitado, preocupada não em salvaguardar a si mesma e os próprios interesses, mas em servir o Evangelho em um estilo de gratuidade e de cuidado, cultivando a liberdade e a criatividade próprias de quem dá testemunho da boa nova do amor de Deus, permanecendo enraizada no essencial. Uma Igreja sobrecarregada por estruturas, burocracia e formalismo terá dificuldades para caminhar na história, em sintonia com o Espírito, para encontrar os homens e as mulheres de nosso tempo, prosseguiu o Santo Padre.
Fazer a Igreja juntos
A segunda incumbência é esta: fazer a
Igreja juntos. Isso é algo que sentimos ser urgentemente necessário hoje,
sessenta anos após a conclusão do Concílio Vaticano II. De fato, a tentação de
separar alguns poucos "atores qualificados" que realizam a ação
pastoral enquanto o resto do povo fiel permanece "meramente receptivo às
suas ações" está sempre à espreita. A Igreja é o Povo santo e fiel de Deus
e nele, "em virtude do batismo recebido, cada membro se tornou um discípulo
missionário".
Nesse sentido, afirmou Francisco, devemos
pedir ao Espírito Santo que nos faça entender e experimentar como ser ministros
ordenados e como exercer o ministério neste tempo e nesta Igreja: nunca sem o
Outro com "O" maiúsculo, nunca sem os outros com quem compartilhar o
caminho. Isso vale para os bispos, cujo ministério não pode prescindir do
ministério dos presbíteros e diáconos; e também é verdade para os próprios
presbíteros e diáconos, que são chamados a expressar seu serviço dentro de um nós maior,
que é o presbitério. Mas isso também se aplica a toda a comunidade dos
batizados, na qual cada um caminha com outros irmãos e irmãs na escola do único
Evangelho e na luz do Espírito.
Ser uma Igreja aberta
A terceira incumbência: ser uma Igreja aberta.
Redescobrir a própria corresponsabilidade na Igreja não significa implementar
lógicas mundanas de distribuição de poder, mas significa cultivar o desejo de
reconhecer o outro na riqueza de seus carismas e de sua singularidade.
Dessa forma, é possível encontrar um lugar
para aqueles que ainda lutam para ver sua presença na Igreja reconhecida,
aqueles que não têm voz, aqueles cujas vozes são encobertas, se não silenciadas
ou ignoradas, aqueles que se sentem inadequados, talvez por terem trajetórias
de vida difíceis ou complexas. Mas lembremo-nos: a Igreja deve deixar
transparecer o coração de Deus: um coração aberto a todos e para todos.
O Espírito Santo, protagonista do processo
sinodal
Francisco concluiu exortando-os a confiar
este caminho sinodal ao Espírito Santo. “Queridos irmãos e irmãs, continuemos
juntos este percurso, com grande confiança na obra que o Espírito Santo está
realizando. É Ele o protagonista do processo sinodal: é Ele que abre as pessoas
e as comunidades à escuta; é Ele que torna o diálogo autêntico e frutuoso; é
Ele que ilumina o discernimento; é Ele que guia as escolhas e as decisões. É
Ele, acima de tudo, que cria a harmonia e a comunhão na Igreja.
Raimundo de Lima – Vatican News
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