Primórdios da Igreja
A Páscoa continua na vida dos cristãos.
Vida nova, motivada pelo anúncio da Palavra de Deus, e é fruto do mandato de
Jesus, quando ele disse aos apóstolos: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas
as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-os a observar tudo o que eu vos tenho dado. Eis que estarei convosco
todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20).
A motivação inicial, que deve continuar
também em nossos tempos, é o anúncio do “querigma”, isto é, uma catequese que
constata, com clareza, a vida, a paixão, a morte na cruz e a ressurreição de
Jesus Cristo, como vitória sobre a morte. Naquele tempo, Jesus foi visto pelas
autoridades como um profeta rejeitado, porque não era percebido como Deus e nem
como Filho de Deus.
Os inúmeros profetas do Antigo Testamento
apresentavam muitas figuras, que retratavam perfeitamente a pedagogia divina, a
forma do agir de Deus. Mas agora essas figuras se transformam em realidade e
acontecimento na Pessoa de Jesus Cristo. Figuras como passagem para uma outra
realidade, confirmada na evidência da Ressurreição, fazendo do acontecimento um
sacramento na Igreja.
Das figuras passa-se ao acontecimento na
paixão, morte e ressurreição. Ao voltar para a casa do Pai, Jesus deixa a
Igreja como seu sacramento na terra, orientada pelo Espírito Santo. É colocado
nas mãos de cada pessoa batizada o compromisso de testemunhar as realidades do
Reino do Pai. O caminho sinalizado, mais eficiente, é a vida de comunidade, de
convivência fraterna e comprometida.
A Ressurreição de Jesus compromete a vida
de cada pessoa, principalmente a dos cristãos. É ter os pés no chão, nas
realidades do cotidiano, com todas as suas mazelas, mas com um olhar para o
alto para contemplar um Deus sempre misericordioso. Temos que fazer o que está
ao nosso alcance, aquilo que é possível nos diversos campos da cultura
hodierna, seja na política, na economia, na Igreja etc.
Nunca podemos ficar desconfiados da
identidade salvadora de Jesus. Os chamados discípulos de Emaús tiveram esta
tentação, uma aparente decepção, mas conseguiram recuperar a fé no Senhor,
quando Jesus, na Celebração Eucarística de Emaús, repartiu com eles o Pão e o
vinho. Recuperaram as forças dos pés e fizeram o caminho de retorno para
anunciar aos outros a veracidade da Ressurreição.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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