Vinde Espírito Santo
Certamente
os discípulos que acompanhavam Jesus Cristo mais de perto sentiam-se felizes,
seguros e até orgulhosos. Afinal, tinham um mestre que ensinava com sabedoria,
criava um ambiente de fraternidade e partilha, curava doentes, abria os olhos
dos cegos, fazia paralíticos andarem. Aos poucos, Jesus foi-lhes dizendo que
não ficaria para sempre com eles deste modo, mas que deveriam continuar a sua
obra sem a presença visível Dele. Continuaria presente sempre pela ação do
Espírito Santo.
Quem
é o Espírito Santo? Na Profissão de Fé os cristãos confessam “creio no Espírito
Santo”. O Símbolo niceno-constantinopolitano explica com mais palavras: “Creio
no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o
Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas”. Estamos
falando de uma das três pessoas da Santíssima Trindade. Ele é o doador dos
dons, mas também o Dom de Deus Pai e de Jesus Cristo ressuscitado à Igreja. “Jesus
soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo”.
A
liturgia da solenidade de Pentecostes (Atos 2,1-11; Salmo103; 1Coríntios 12,
3-7.12-13 e 20,19-23) medita sobre a ação eficaz do Espírito Santo na vida na
comunidade cristã. Estes textos bíblicos apresentam alguns frutos da sua ação
que devem ser entendidos de forma conjunta: a unidade, a diversidade de dons e
o perdão dos pecados.
Na
Carta de São Paulo aos Coríntios ensina que todos foram batizados no mesmo
Espírito e por isso formam um só corpo. É admirável a complexidade do corpo
humano, a complementariedade dos órgãos e harmonia nos movimentos. Cada parte
coopera sem perder a sua identidade e nem se confunde com o todo. Esta é a
consciência da Igreja nascente. Ela é sabedora da diversidade de dons, carismas
e ministérios existentes em seu meio. Quem harmoniza e dá unidade é o Espírito
Santo que faz convergir tudo em “vista do bem comum”.
A
narrativa de Pentecostes, segundo o livro de Atos dos Apóstolos, acentua a
diversidade de povos e línguas, pessoas “de todas as nações do mundo”. Quando
os apóstolos começam a “anunciar as maravilhas de Deus” os ouvintes se
interrogam: “Como é que nós os escutamos na nossa própria língua?” A Igreja que
nasce em Pentecostes não é fruto da vontade humana, mas é fruto da força do
Espírito Santo. É Ele que dá vida a uma comunidade que é uma só e ao mesmo
tempo universal. Escreve Bento XVI comentando Pentecostes: “Com efeito somente
o Espírito Santo, que cria unidade no amor e na aceitação recíproca das
diversidades, pode libertar a humanidade da tentação constante de uma vontade
de poder terreno que quer dominar e uniformizar tudo”. No evento de Pentecostes
fica evidente dimensão “católica” da Igreja. Ela é formada por pessoas de
vários povos, línguas, culturas e destinada a todos os povos de todos os
tempos, conforme o mandato de Jesus ‘ide pelo mundo e fazei discípulos meus
todos os povos” (Mt 28,19).
Depois
que Jesus soprou sobre os discípulos deu-lhes a missão de serem portadores do
perdão criando um ambiente de paz. “A paz esteja convosco”. A comunidade cristã
e toda humanidade é formada por pessoas frágeis, inconstantes. Os atritos e
desentendimentos surgem em todos os ambientes. Por isso Jesus dedicou muitos
ensinamentos sobre o perdão e a misericórdia. A necessidade de pedir perdão e
de perdoar. Deixou aos discípulos e, consequentemente a Igreja, o ministério do
perdão. Perdoar é um aprendizado e um exercício e deve ser constante. O dom do
Espírito Santo cria unidade e fraternidade, através do exercício do perdão
mútuo.
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