Dando continuidade ao ciclo sobre o
discernimento, o Papa refletiu esta quarta-feira sobre o resultado de nossas
escolhas. O importante é saber que não temos o controle sobre a saúde, o
futuro, os entes queridos, os nossos projetos. "Aquilo que conta é ter a
nossa confiança posta no Senhor do universo, que nos ama imensamente e sabe que
podemos construir, com Ele, algo de maravilhoso, de eterno."
Na iminência do inverno, a Audiência Geral
foi transferida da Praça São Pedro para a Sala Paulo VI para melhor acolher os
fiéis e peregrinos.
A eles, o Papa propôs o tema do tempo,
desenvolvido sempre no âmbito do ciclo de catequeses sobre o discernimento.
Com efeito, o tempo é um critério
fundamental para reconhecer a voz de Deus em meio a tantas outras vozes.
Somente Ele é o senhor do tempo: é o selo de garantia da sua originalidade, que
o diferencia das imitações que falam em seu nome, sem sucesso.
Na prática, uma vez tomada uma decisão, é
importante, na fase sucessiva, estar atentos aos sinais para ver se confirmam
ou desmentem tal decisão. Um dos sinais é a paz que perdura no tempo. Tomei a
decisão correta se esta me traz harmonia, unidade, fervor e zelo.
A decisão também está correta se sinto
gratidão, se sinto ocupar o meu lugar na vida e, sobretudo, se me sinto livre
em relação à decisão tomada. Isto é, se me sinto livre para mudá-la ou até
mesmo renunciar a ela caso não corresponda à vontade do Senhor.
Ele procede assim não para nos privar de
algo querido, mas para vivermos com liberdade e sem apego. Somente Deus sabe o
que é realmente bom para nós. A possessividade é inimiga do bem e aniquila o
afeto: os muitos casos de violência doméstica nascem quase sempre da pretensão
de possuir o afeto do outro. Mas o amor pressupõe liberdade. Por isso o Senhor
nos criou livres, livres inclusive de dizer não a Ele.
Confiar em Deus. Sempre!
Mas é do nosso interesse oferecer a Ele
aquilo que temos de mais precioso, sabendo que a nossa vida e toda a história
estão nas suas mãos benévolas.
É aquilo a que Bíblia chama o temor de
Deus, isto é, respeito de Deus, condição indispensável para acolher o dom da
Sabedoria. É o temor divino que afugenta todos os outros temores, todos os
outros medos, porque está orientado para Aquele que é o Senhor de todas as
coisas; na presença Dele, nada nos pode inquietar nem turvar.
O homem livre, disse o Papa, abençoa o
Senhor seja nas coisas boas, seja nas coisas nem tão boas.
Reconhecer isso é fundamental para uma boa
decisão e tranquiliza-nos sobre aquilo cujo controlo ou previsão não está nas
nossas mãos: a saúde, o futuro, os entes queridos, os nossos projetos. Aquilo
que conta é ter a nossa confiança posta no Senhor do universo, que nos ama
imensamente e sabe que podemos construir, com Ele, algo de maravilhoso, de
eterno.
“Prossigamos sempre buscando tomar decisões
assim, em oração, e sentindo o que acontece em nosso coração e ir avante
lentamente. Coragem!”
Bianca Fraccalvieri
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