a humildade, caminho para encontrar Deus e os irmãos
"Com Jesus, sempre existe a
possibilidade de recomeçar. Sempre! Ele espera por nós e nunca se cansa de nós.
Sintamos dirigido a nós o grito de amor de João para voltar a Deus e não
deixemos passar este Advento como os dias do calendário, porque é um tempo de
graça para nós, agora, aqui!"
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Advento é um tempo de graça, de tirar
nossas máscaras, de ouvir o grito de João para voltar a Deus e começar uma nova
vida. E para tal, devemos seguir o caminho da humildade.
Em síntese, foi o que disse o Papa
Francisco antes de rezar o Angelus neste II Domingo do Advento, com
os milhares de fiéis e turistas provenientes de várias partes do mundo reunidos
na Praça São Pedro, agora adornada com os dois símbolos do Natal por
excelência: o Presépio e a árvore, doados respectivamente pela cidade de
Sutrio, na província de Udine e pelo povoado de Rosello, de 182 habitantes, nas
montanhas do Abruzzo.
João Batista, homem "alérgico à
duplicidade"
A reflexão do Santo Padre foi inspirada na
figura de João Batista, um "homem alérgico à duplicidade". De fato,
segundo narra o Evangelho de Mateus (Mt 3, 1-12), ele "usava uma roupa
feita de pelos de camelo" e "comia gafanhotos e mel do campo",
convidando todos à conversão: "Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está
próximo!"
Em outras palavras, "um homem austero
e radical, que à primeira vista pode até parecer-nos duro e incutir um pouco de
medo", o que poderia nos levar a perguntar do porquê "a Igreja o
propõe todos os anos como principal companheiro de viagem no tempo do
Advento".
Mas, questiona Francisco, "o que se
esconde por trás de sua severidade, por trás de sua aparente dureza? Qual é o
segredo de João? Qual a mensagem que a Igreja nos dá hoje com João?":
“Na realidade, o Batista, mais do que um homem
duro, é um homem alérgico à duplicidade. Ouçam bem isso: alérgico à
duplicidade. Por exemplo, quando fariseus e saduceus, conhecidos por sua
hipocrisia, se aproximam dele, sua "reação alérgica" é muito forte!”
A hipocrisia pode arruinar as realidades
mais sagradas
Alguns deles, de fato, explicou o Papa,
provavelmente o procuravam por curiosidade ou por oportunismo, pois havia se
tornado muito popular, tinham uma visão muito positiva de si mesmos, "e
diante do apelo contundente do Batista, justificaram-se dizendo: "Abraão é
nosso pai".
Assim, entre duplicidade e presunção, não
acolhiam a ocasião de graça, a oportunidade de começar uma nova vida,
"eram fechados na presunção de serem justos". Por isso João lhes diz:
"Produzi frutos que provem a vossa conversão!":
É um grito de amor, como o de um pai que vê
o filho se arruinar e lhe diz: "Não jogue fora a tua vida!". Com
efeito, queridos irmãos e irmãs, a hipocrisia é o perigo mais grave, porque
pode arruinar até as realidades mais sagradas. A hipocrisia é um perigo grave.
Por isso o Batista - como depois também Jesus - é duro com os hipócritas.
Podemos ler por exemplo o capítulo 23 de Mateus, onde Jesus fala aos hipócritas
do tempo, tão forte. E por que faz assim o Batista e também Jesus? Para os
sacudi-los. Em vez disso, aqueles que se sentiam pecadores "vinham ao
encontro dele e, confessando os seus pecados, eram batizados".
“É assim: para acolher a Deus não importa a
bravura, mas a humildade, este é o caminho para acolher Deus, não a bravura:
"somos fortes, somos um povo grande". Não, a humildade!: "Sou
pecador". Mas não de forma abstrata, não: "por isso, isso,
isso", cada um de nós deve confessar a si mesmo, primeiro os próprios
pecados, as próprias faltas, as próprias hipocrisias. É preciso descer do pedestal
e mergulhar na água do arrependimento”
Humildade, caminho para vida nova
Francisco observa então, que as
"reações alérgicas" de João Batista nos interpelam:
Não somos também nós às vezes um pouco como
aqueles fariseus? Talvez olhemos os outros de alto a baixo, pensando ser
melhores do que eles, de ter o controle da nossa vida, de não ter a cada dia a
necessidade de Deus, da Igreja, de nossos irmãos (...). O Advento é um tempo de
graça para tirar nossas máscaras - cada um de nós as tem - e colocar-nos em
fila com os humildes; para libertar-nos da presunção de nos acharmos
autossuficientes, para ir confessar nossos pecados, aqueles escondidos, e
aceitar o perdão de Deus, para pedir desculpas a quem ofendemos. Assim começa
uma nova vida.
E o caminho para isso é um só - frisou o
Papa - o da humildade:
Purificar-nos do senso de superioridade, do
formalismo e da hipocrisia, para ver nos outros irmãos e irmãs, pecadores como
nós, e em Jesus ver o Salvador que vem para nós, não para os outros, para nós,
assim como somos, com as nossas pobrezas, misérias e defeitos, sobretudo com a
nossa necessidade de sermos elevados, perdoados e salvos.
Com Jesus, sempre existe a possibilidade de
recomeçar
E por fim, o convite a nunca esquecermos de
que, "com Jesus, sempre existe a possibilidade de recomeçar.
Sempre!":
Nunca é tarde, sempre existe a
possibilidade de recomeçar, tenham coragem, Ele está perto de nós e este é um
tempo de conversão. Cada um pode pensar: “Tenho esta situação dentro de mim,
este problema que me envergonha”. Mas Jesus está ao teu lado, recomece, sempre
existe a possibilidade de dar mais um passo. Ele espera por nós e nunca se
cansa de nós. Nunca se cansa de nós, nós somos chatos, mas nunca se cansa!
Escutemos o apelo de João Batista para voltar para Deus e não deixemos este
Advento passar como os dias do calendário, porque este é um tempo de graça, de
graça também para nós, agora, aqui!
Que Maria - disse ao concluir - a humilde
serva do Senhor, ajude-nos a encontrá-lo, a Jesus e aos irmãos no caminho da
humildade que é o único que nos faz seguir em frente.
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