celebrar
a Mãe de Guadalupe sem tons ideológicos
No Dia de Nossa Senhora de Guadalupe,
Francisco recordou que "não estamos sozinhos" porque Deus
"continua a nos enviar a Mãe do seu Filho", como aconteceu com a
aparição da Virgem em dezembro de 1531 na colina de Tepeyac, no México. Aos
católicos do continente americano que se preparam ao Jubileu Guadalupano de
2031 o Papa exortou: o façam sem "pautas mundanas e ideológicas"
porque "a Mãe não se ideologiza".
Envolvidos pelas cores vibrantes dos povos da América Latina e pelas interpretações dos coros da Capela Sistina e dos Colégios Pio Latino-Americanos, a comunidade dos países do continente americano que vive na Itália participou da celebração eucarística no final da tarde desta segunda-feira (12) na Basílica de São Pedro em honra a Nossa Senhora de Guadalupe. A missa foi precedida pela recitação do terço, um testemunho público de fé que se repete um ano após a mesma iniciativa realizada na Praça São Pedro pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Naquela oportunidade, os católicos das Américas começavam um caminho de oração e de preparação para o Jubileu Guadalupano de 2031, quando serão celebrados os 500 anos da aparição Mariana no México, e para o Jubileu da Redenção de 2033.
A Mãe não deve ser ideologizada
Nesta segunda-feira (12), Francisco lembrou
em homilia que começa também a Novena Intercontinental Guadalupana e fez um
forte apelo a "todos os membros da Igreja que peregrina na América,
pastores e fiéis" que participam desse caminho celebrativo para promover o
encontro com Deus através de Nossa Senhora de Guadalupe:
“Mas, por favor, que façam isso com
verdadeiro espírito guadalupano. Me preocupam as propostas de tom
ideológico-cultural de vários tipos que querem se apropriar do encontro de um
povo com a sua Mãe, que querem desmistificar, maquiar a Mãe. Por favor, não
permitamos que a mensagem seja destilada em pautas mundanas e ideológicas. A
mensagem é simples, é terna. 'Não estou eu aqui, que sou tua mãe?". E a
Mãe não se ideologiza.”
O convite da Mãe Mestiça
Francisco, na homilia em espanhol,
recordou, então, desse encontro entre dois mundos diferentes - quase cinco séculos
atrás - ao enviar Maria, sua Mãe, como recorda o Evangelho do dia (Lc
1,39-48), e como aconteceu com a Virgem de Guadalupe cuja aparição ocorreu
entre 9 e 12 de dezembro de 1531 na colina de Tepeyac, ao norte da Cidade do
México: "ela chegou às terras abençoadas da América", disse o
Papa, para "consolar, para atender as necessidades dos pequenos, sem
excluir ninguém, para envolvê-los como uma mãe cuidadosa com a sua presença, o
seu amor e o seu consolo. É nossa Mãe Mestiça".
"Ela veio para acompanhar o povo
americano neste caminho tão difícil de pobreza, exploração, colonialismos
sócio-econômicos e culturais. Ela está no meio das caravanas dos que buscam a
liberdade rumo ao norte, ela está no meio desse povo americano cuja identidade
é ameaçada por um paganismo selvagem e explorador, ferido pela pregação ativa
de um ateísmo prático e pragmático."
Assim, Deus "guia a história da
humanidade" se fazendo presente através do seu Filho, "nascido de uma
mulher" (Gl 4,4), e não deixando de olhar para o nosso mundo,
"necessitado e ferido". No grande e doloroso cruzamento da nossa
história atual, continuou o Papa, "não estamos sozinhos" porque Deus
"continua a nos enviar a Mãe do seu Filho":
"Neste ano, celebramos Guadalupe em um
momento difícil para a humanidade. É um período amargo, cheio de ruídos da
guerra, crescente injustiça, fome, de pobreza, sofrimento. Tem fome. E embora
esse horizonte pareça sombrio e desconcertante, com presságios de destruição e
desolação ainda maiores, todavia a fé, o amor e a condescendência divinos nos
ensinam e nos dizem que este também é um tempo propício de salvação, no qual o
Senhor, através da Virgem Maria e Mestiça, continua a nos dar seu Filho, que
nos chama a sermos irmãos, para deixar de lado o egoísmo, a indiferença e o antagonismo,
convidando-nos a nos encarregarmos 'rapidamente' uns dos outros, para
alcançarmos nossos irmãos e irmãs esquecidos e descartados por nossas
sociedades consumistas e apáticas. Nossos irmãos e irmãs deixados de lado. E o
faz sem demora, é a Mãe apurada, apressada, a Mãe solícita."
Andressa Collet - Vatican News
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