Jesus, Rei que nos abraça,
mesmo com as nossas misérias
Na homilia da missa na Catedral de Asti,
pela Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, o Papa enfatizou
que da cruz Jesus abraça todos, com pobrezas, fragilidades e misérias.
Entretanto, nos pede que o chamemos pelo nome e que sujemos nossas mãos com
ele, não como meros espectadores, mas "envolvidos", com coragem de
olhar para nós mesmos e pelos sofrimentos do mundo, "fazendo-nos servos
para reinar com Ele".
Andressa Collet - Vatican News
O abraço do Papa à comunidade de Asti, no
norte da Itália, veio na manhã de domingo (20) na Catedral de Nossa Senhora da
Assunção pela Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Após
percorrer a cidade e saudar de perto as pessoas a bordo do papa-móvel,
Francisco deu início ao seu segundo e último dia na região do Piemonte, terras
em que o seu pai emigrou para a Argentina e onde veio "reencontrar o sabor
das raízes", disse o Pontífice em homilia, ao fazer referência ao Evangelho
de Lucas 23, 35-43 que "nos leva às raízes da fé"
encontradas no "terreno árido do Calvário".
O nosso Rei de braços abertos
O Papa, então, convidou a
fixar "o nosso olhar n’Ele, no Crucificado", despido na cruz,
que ganhou a falsa imagem de realeza através de um letreiro na cruz. Mas,
observando Jesus, alertou Francisco, "inverte-se a ideia que temos de um
rei", "vemos que é completamente diferente. Não está sentado num
trono confortável" e "comporta-Se como servo cravado na cruz pelos
poderosos", "despojado de tudo, mas rico de amor":
“Do trono da cruz, já não ensina as
multidões com a palavra, nem levanta a mão para ensinar; faz mais: não aponta o
dedo contra ninguém, mas abre os braços a todos. Assim Se manifesta o nosso
Rei: de braços abertos – a brasa ardente.”
E só entrando no seu abraço, continuou
Francisco, é que compreendemos que Deus Se deixou levar até o paradoxo da cruz
para abraçar tudo em nós: a nossa morte, o nosso sofrimento, as nossas
pobrezas, as nossas fragilidades.
"Eis o nosso Rei, Rei do universo, porque
atravessou os confins mais remotos do humano, entrou nos buracos negros do ódio
e do abandono para iluminar cada vida e abraçar toda a realidade. Irmãos,
irmãs, tal é o Rei que hoje festejamos! Não é fácil de entender, mas é o nosso
Rei."
Esse é o modelo a seguir e a celebrar,
acrescentou o Papa, por isso o convite para, "com frequência", nos
colocarmos diante do Crucificado e dar a possibilidade de "nos deixarmos
amar por Ele":
“Mas Senhor, é verdade? Com as minhas
misérias, me ama assim? Cada um neste momento pense em sua própria pobreza:
'Mas, me ama com estas pobrezas espirituais que eu tenho, com estas
limitações?' E Ele sorri e nos faz perceber que nos ama e deu Sua vida por mim.
Pensemos um pouco sobre nossas limitações, mesmo as coisas boas, e Ele nos ama
como nós somos, como somos agora.”
"E então compreendemos que não temos
um deus desconhecido, lá em cima nos céus, poderoso e distante, não; um
Deus próximo, a proximidade é o estilo de Deus: a proximidade, com ternura e
misericórdia. Este é o estilo de Deus. Não tem outro estilo. Perto,
misericordioso e terno. Terno e compassivo, cujos braços abertos consolam e
acariciam. Eis o nosso Rei!"
O contágio letal da indiferença
Depois de termos contemplado Jesus na cruz,
questionou o Papa, o que mais podemos fazer? Ser apenas um espectador - aquela
grande maioria curiosa e indiferente que só observa e julga ao "assistir
ao espetáculo cruento do fim inglorioso de Cristo"; ou quem se aventura e
se envolve. O primeiro grupo, alertou o Pontífice, faz parte de
uma "onda do mal", que "é contagiosa", feito uma
"doença contagiosa" que acaba nos tornando em "cristãos de
fachada, que dizem acreditar em Deus e querer a paz, mas não rezam nem
cuidam do próximo".
É o contágio letal da indiferença. Uma
doença feia é a indiferença, sabe? 'Isto não cabe a mim, não cabe a mim...'
indiferença para com Jesus e indiferença também para com os doentes, para com
os pobres, para com os miseráveis da terra. Eu gosto de perguntar às pessoas, e
peço a cada um de vocês; eu sei que cada um de vocês dá esmola aos pobres, e eu
lhes pergunto: 'Quando dá esmola aos pobres, olha nos olhos deles? Você é capaz
de olhar nos olhos deles? Daquele pobre homem ou mulher que lhe pede esmola?
Quando você dá esmola aos pobres, você joga a moeda no chão ou toca a mão
deles? Você é capaz de tocar uma miséria humana?' Cada pessoa então faz a
resposta hoje. Aquelas pessoas eram indiferentes. Aquelas pessoas falam de
Jesus, mas não se sintonizam com Jesus. E esse é o contágio letal da
indiferença: que cria distância com a miséria.
A onda do bem dos envolvidos
Entretanto, entre muitos espetadores
no território do Calvário, continuou o Papa, há quem se aventura e envolve. E o
Evangelho fala "do bom ladrão para nos convidar a vencer o mal, deixando
de ser espetadores. E de onde havemos de começar? Da confidência, de chamar a
Deus pelo nome", indicou Francisco, sem maquiagens:
"Por favor, não façam a
espiritualidade de maquiagem: ela é entediante. Diante de Deus: sabão e água,
somente. Sem maquiagem, a alma como ela é. E dali vem a salvação."
“Irmãos, irmãs, hoje o nosso Rei olha-nos
da cruz a brasa ardente. Cabe a nós escolher se sermos espectadores ou
envolvidos. Vemos as crises de hoje, o declínio da fé, a falta de
participação... E o que fazemos? Limitamo-nos a fazer teorias, a criticar, ou
arregaçamos as mangas, comprometemo-nos na vida, passamos do «se» das desculpas
ao «sim» da oração e do serviço? Todos pensamos saber o que está errado na
sociedade, no mundo, até na Igreja, mas depois… fazemos alguma coisa? Metemos
as mãos na massa, como o nosso Deus pregado no madeiro, ou ficamos a olhar com
as mãos nos bolsos?”
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Assista:
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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