o VI Dia Mundial dos Pobres
Dom Antonio de Assis Ribeiro - Bispo Auxiliar de Belém (PA)
“Jesus Cristo se fez pobre por vós”
A Igreja Católica celebra no dia 13,
terceiro Domingo de novembro, o VI dia mundial dos pobres. Como todos os anos,
temos em 2022 mais um tema estimulante proposto pelo Papa Francisco: «Jesus
Cristo se fez pobre por vós» (2Cor 8,9). Esse versículo está dentro do contexto
das motivações e fundamentos da prática da virtude da solidariedade quando São
Paulo mobiliza uma grande coleta em prol da Comunidade de Jerusalém que se
encontrava numa situação de muitas carências. O texto se encontra na Segunda
Carta aos Coríntios (cf. 2Cor 8-9).
A mensagem do Papa tem dez parágrafos;
apresentamos aqui um breve resumo das principais ideias para
estimulá-lo à leitura do texto integral e refletir sobre a
importância da prática da solidariedade.
RESUMO DA MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO:
1. O fundamento da nossa Solidariedade: Jesus
Cristo que se fez pobre por vós (cf. 2Cor 8,9) é o fundamento do
nosso compromisso de solidariedade para com os irmãos necessitados. O mundo
atual, na pós-pandemia, está marcado por muitas formas de pobreza, isso deve
nos levar a refletir sobre o nosso estilo de vida. A solidariedade traz alívio
para quem sofre. Não podemos esquecer os sofrimentos pelos quais passamos.
Todavia, após a pandemia veio a guerra entre a Rússia e Ucrânia.
2. A insensatez da guerra gera muitas
formas de pobreza, violência e sofrimento de crianças, jovens, adultos e
idosos. “Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas,
deixadas à mercê da incerteza e da precariedade?”
3. Imitar Jesus: Somos convidados a
manter o olhar fixo em Jesus, que, «sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos
enriquecer com a sua pobreza» (2Cor 8,9). Na sua visita a Jerusalém, Paulo
encontrara Pedro, Tiago e João, que lhe tinham pedido para não esquecer os pobres”.
Diante da carência da comunidade de Jerusalém, o Apóstolo preocupou-se
imediatamente em organizar uma grande coleta a favor daqueles pobres. Os
cristãos de Corinto mostraram-se muito sensíveis e disponíveis.
4. Oportunidades para sermos solidários: atualmente
o mundo se encontra diante de muitas possibilidades de exercício da
solidariedade: milhões de refugiados das guerras no Médio Oriente, na África
Central e, agora, na Ucrânia. “Os povos que acolhem têm cada vez mais
dificuldade em dar continuidade à ajuda; as famílias e as comunidades começam a
sentir o peso duma situação que vai além da emergência. Este é o momento de não
ceder, mas de renovar a motivação inicial.
5. Comunhão e Solidariedade: “A
solidariedade é precisamente partilhar o pouco que temos com quantos nada têm,
para que ninguém sofra. Quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão
como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade”. “Como membros
da sociedade civil, mantenhamos vivo o apelo aos valores da liberdade, responsabilidade,
fraternidade e solidariedade; e, como cristãos, encontremos sempre na caridade,
na fé e na esperança o fundamento do nosso ser e da nossa atividade”.
6. A sinceridade do Amor está nas ações: o
Apóstolo Paulo obriga os cristãos a darem a própria contribuição, forçando-os a
uma obra de caridade; mas os motiva a «pôr à prova a sinceridade do amor»,
através da atenção e solicitude pelos pobres (cf. 2 Cor 8,8). A “generosidade
para com os pobres encontra a sua motivação mais forte na opção do Filho de Deus
que quis se fazer pobre para nos enriquecer. Isso requer despojamento. Não
basta ouvir a Palavra, é preciso praticá-la (cf. Tg 1,22-25).
7. O mal da indiferença: diante dos
pobres não servem os discursos, mas é preciso fazer um esforço e pôr em prática
a fé através dum envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém.
Devemos evitar a indiferença em relação aos pobres, por causa do apego
excessivo ao dinheiro. Devemos refletir sobre o valor que o dinheiro tem para
nós, mas sem absolutizá-lo. Nada de mais nocivo poderia acontecer a um cristão
e a uma comunidade do que ser ofuscados pelo ídolo da riqueza, que acaba por
acorrentar a uma visão efémera e falhada da vida. Ninguém pode sentir-se
exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social» (EG, 201). O
apóstolo Paulo ainda escreve fundamentando o dever da solidariedade dizendo que
não se trata de aliviar quem sofre, mas sim que haja igualdade (cf. 2Cor
8,13).
8. A pobreza que mata e pobreza libertadora: segundo
Jesus Cristo, a verdadeira riqueza não consiste em acumular «tesouros na terra”
(Mt 6,19), mas no amor recíproco que nos faz carregar os fardos uns dos outros,
para que ninguém seja abandonado ou excluído. Não estamos no mundo para
sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz,
todavia existe uma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – aquela de
Jesus – que liberta e nos dá serenidade. “A pobreza que mata é a miséria, filha
da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos.
É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte
que não oferece perspectivas nem vias de saída…”. “Ao contrário, pobreza
libertadora é aquela que se nos apresenta como uma opção responsável para
alijar da estiva quanto há de supérfluo e apostar no essencial. “Os pobres,
antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das
armadilhas da inquietação e da superficialidade”.
9. Fé, pobreza e riqueza: a pobreza de
Cristo torna-nos ricos. Isso é um paradoxo! Jesus Cristo se fez pobre por nós,
então a nossa própria vida se ilumina e se transforma, adquirindo um valor que
o mundo não conhece nem pode dar. A riqueza de Jesus é o seu amor! Se quisermos
que a vida vença a morte e que a dignidade seja resgatada da injustiça, o
caminho a seguir é o d’Ele: é seguir a pobreza de Jesus Cristo, partilhando a
vida por amor, repartindo o pão da própria existência com os irmãos e irmãs, a
começar pelos últimos, por aqueles que carecem do necessário, para que se crie
a igualdade, os pobres sejam libertos da miséria e os ricos da vaidade, sem
esperança.
10. Não desprezar os pobres: Carlos
de Foucauld é um exemplo de alguém que tendo nascido rico, renunciou
a tudo para seguir Jesus e com Ele tornar-se pobre e irmão de todos vivendo
como eremita em Nazaré e depois no deserto do Saara. Com sua vida e palavras
ele nos ajuda na meditação sobre a pobreza: «Não desprezemos os pobres, os
humildes, os operários; são não só nossos irmãos em Deus, mas também os que
mais perfeitamente imitam a Jesus na sua vida exterior. Eles nos apresentam
perfeitamente Jesus, o Operário de Nazaré. São primogênitos entre os eleitos,
os primeiros chamados ao berço do Salvador… Nunca deixemos de ser, em tudo,
pobres, irmãos dos pobres, companheiros dos pobres; sejamos os mais pobres dos
pobres, como Jesus, e como Ele amemos os pobres e rodeemo-nos deles».
PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1. Qual é o fundamento do nosso dever de
Solidariedade?
2. Quando a pobreza e a riqueza são positivas
e negativas?
3. Oque concretamente nas nossas famílias e
comunidades podemos fazer para promoção da cultura da Solidariedade?
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