“Vou levar na mala a gratidão de ter vivido esses anos aqui”
O núncio
apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello, se despede do país após oito anos
e meio à frente do serviço diplomático da Santa Sé no Brasil. Para marcar a
despedida, dom Giovanni presidiu uma missa no Santuário Nacional de Nossa
Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), na manhã de quinta-feira, 23 de julho, e
concedeu entrevista à TV Aparecida, conduzida pela jornalista Camila Morais,
que foi ao ar no programa Central da Esperança.
“Através da Rede
Aparecida, posso cumprimentar todas as pessoas com as quais tive a oportunidade
de me relacionar durante esses oito anos e meio. Foram várias as dioceses que
eu visitei, em todos os estados, mais ou menos. Tenho a oportunidade de dizer a
todos vocês muito obrigado por tudo que me deram nesses oito anos e meio”,
disse dom Giovanni.
No Brasil, o
arcebispo italiano pôde encontrar uma Igreja que lhe deu “alegria de viver a fé,
a proximidade com as gentes, sobretudo nas dificuldades das regiões mais
difíceis”. Segundo dom Giovanni, a vivência no Brasil o deu “a confirmação de
que quanto mais a gente fica unido, mais a gente dá o testemunho verdadeiro”.
“Vou levar na mala
todas essas recordações, mas sobretudo a gratidão de ter vivido esses anos
aqui”, disse o núncio.
Dom Giovanni durante a entrevista |
Perguntado sobre a
missão de promover a reconciliação, dom Giovanni ressaltou que, mais do
que entre pessoas opostas, “a reconciliação é um conectar, colocar junto,
conciliar, no sentido de unir sempre mais”. E ele não teve muitas dificuldades
com isso: “Encontrei um episcopado muito ligado, muito perto do Santo Padre,
muito fiel ao Santo Padre. Foi para mim fácil no sentido que eu já conhecia o
episcopado, já tinha essa unidade e só foi consolidada ainda mais”.
Juventude
Recordando a
Jornada Mundial da Juventude de 2013, a primeira viagem internacional do Papa
Francisco, dom Giovanni caracterizou o evento como “apoteose, um encontro de
fé”, algo muito benéfico para os jovens, em quem o núncio aposta muito. “Com a
ajuda dos bispos, dos padres e também dos meios de comunicação, a juventude
pode continuar a ter esse lugar especial na Igreja e na sociedade do Brasil.
Desejamos que os jovens sejam sempre mais esse testemunho dessa unidade, dessa
caridade, dessa proximidade”, afirmou.
Povos indígenas
Dom Giovanni também
recordou a atuação e a proximidade da Igreja com os povos indígenas, algo
confirmado pelo Sínodo para a Amazônia. Ainda lembrou da busca pela aproximação
com todos aqueles que sofrem, como indígenas, ribeirinhos, quilombolas,
refugiados. “São todas realidades que eu tive a graça de visitar e encontrar.
São realidades vivas pelas quais a Igreja está fazendo um grande trabalho e vai
continuar a fazer”, salientou. E continuou: “Onde está a necessidade, nós
estamos aí”.
Proximidade dos
bispos
Responsável pelos
encaminhamentos no processo de nomeação dos novos bispos, dom Giovanni recordou
o momento em que comunica a um padre a decisão da Igreja de chamá-lo ao
episcopado: “A primeira coisa que ele diz é “excelência, mas eu não sou digno”.
Eu digo que ninguém é digno da missão que Deus nos confia. Mas temos que
acreditar que, se Deus nos escolhe, Ele nos dá também a força para desenvolver
essa missão”, sinalizou.
Nova missão na
Rússia
Após o período no
país com maior número proporcional de católicos no mundo, dom Giovanni terá à
frente a missão num país de maioria ortodoxa. Mas ele não quer fazer muitas
projeções. No Brasil, quis imergir-se na realidade e deixar Deus trabalhar
através dele e assim seguirá.
“Eu vou fazer a
mesma coisa agora na Rússia. Estou certo que Deus vai me ajudar, eu entrego nas
mãos dele e vamos ver o que Ele quer de mim. Rezem para que eu possa ser capaz
de saber, de perceber e, sobretudo… eu gosto de dizer que me sinto como
um violão nas mãos de Deus, eu sou a corda, se o violão não toca bem, a culpa
não é dele que toca, é minha, a corda não está afinada. Então, vamos rezar para
que a corda esteja afinada e Deus possa fazer uma boa música também aí”.
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Assista:
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Fonte: cnbb.org.br
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