A paz tão sonhada
Entende-se,
então, porque Jesus disse “bem-aventurados os que constroem a paz...” (Mt 5,9)
O ano novo está
às portas. As mensagens natalinas são acompanhadas de votos de feliz ano novo.
Os augúrios de paz são os mais repetidos. É praticamente unânime desejar a paz
no início de um novo ano. Os católicos celebram no dia 1º de janeiro a
solenidade de Maria, Mãe de Deus. Celebra-se o belo título Theotókos (mãe de
Deus) dado à Maria, mãe de Jesus, no Concílio de Éfeso, no ano de 431. No
primeiro dia do ano, desde o pontificado de São Paulo VI, celebra-se, também, o
Dia Mundial da Paz, ocasião em que o papa escreve sua mensagem para todos os
homens e mulheres de boa vontade, sempre com o apelo à paz.
Dom João Justino de Medeiros Silva |
Jesus, ao
ensinar as bem-aventuranças, que assinalam o que deve ser tomado como essencial
na vida dos seus discípulos, pontua: “Bem-aventurados os que constroem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Vencedor da morte, ressuscitado,
dá aos seus discípulos como dom pascal a paz: “A paz esteja convosco” (Jo
20,19), diz Jesus ressuscitado quando se dirige aos discípulos no anoitecer
daquele domingo de sua ressurreição. Essas palavras mostram a imediata relação
entre trabalhar pela paz e ser chamado ou reconhecido como filho de Deus.
Portanto, é nítida a contradição quando quem se diz cristão escolhe o caminho
do armamento, do lucro das armas e da sua insana fabricação.
É bom desejar a
paz aos outros. No entanto, é urgente trabalhar pela paz. E isso passa pelo
compromisso de muitas mudanças. A começar pela linguagem, pois costumamos ser
violentos nas palavras que agridem e nas palavras que parecem justificar a
violência. Nesse sentido, educar para a paz deve ser o compromisso de todo aquele
que professa crer em Jesus como Filho de Deus. E a educação para a paz começa
com a proposição do evangelho da fraternidade. Somos todos irmãos e tudo
devemos fazer para conter os impulsos de violência e agressão contra as
pessoas. Qualquer forma de agressão, de violência, de desrespeito aos direitos
da pessoa afasta a paz.
Com efeito, é
urgente a superação do feminicídio. É inadmissível qualquer espécie de
violência contra as mulheres. É preciso por fim à matança dos jovens, vítimas,
sobretudo, da praga do século, a dependência das drogas. Não se pode esquecer
da paz tão desejada no campo, lugar de disputas de terras, de conflitos e de
mortes. Nessas disputas por território, os indígenas se encontram em grande
desvantagem diante de um Estado que enfraquece os mecanismos de controle para
favorecer os mais poderosos. É fundamental proteger as crianças e adolescentes
de todas as formas de violência. É preciso, ainda, cuidar e proteger os idosos.
Enfim, quem deseja a paz, deve trabalhar pela paz. Entende-se, então, porque
Jesus disse “bem-aventurados os que constroem a paz...” (Mt 5,9). Assim, todos
são convocados a participar da construção da tão sonhada paz...
Dom João Justino de Medeiros Silva - Arcebispo de Montes Claros - MG
...................................................................................................................................... Fonte: cnbbleste2.org.br
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