Instrumento de
Trabalho para o Sínodo da Pan-Amazônia
O monsenhor
Raimundo Possidônio, da arquidiocese de Belém (PA), apresentou ao Conselho
Permanente, na manhã deste dia 26, o Instrumento de Trabalho (Instrumentum
laboris) para o Sínodo dos Bispos da região Paz-Amazônica, a ser realizado em
outubro deste ano no Vaticano. O monsenhor é um dos brasileiros especialistas
que participou da elaboração do Instrumento de Trabalho preparatório. Ele é um
estudioso da história da Amazônia e colabora na REPAM.
Ele destacou que
o documento é fruto de um processo de escuta que teve início com a visita do
Papa Francisco a Puerto Maldonado (Peru) em janeiro de 2018, prosseguiu com a
consulta ao Povo de Deus em toda a Região Amazônica por todo o ano e se
concluiu com a II Reunião do Conselho Pré-Sinodal, em maio passado.
Foto: Repam/Paulo Martins |
O Instrumento de
Trabalho deste Sínodo para a Região Pan-Amazônica foi publicado em três
idiomas: espanhol, italiano e português. O texto é composto por 147 pontos
divididos em 21 capítulos separados por três partes. A primeira parte se
titulada “a voz da Amazônia” e tem a finalidade de apresentar a realidade do
território e de seus povos.
Na segunda parte
deste texto vaticano, intitulada “Ecologia integral: o clamor da terra e dos
pobres”, adverte-se sobre a “destruição extrativista” e abordam questões relevantes
como “os povos indígenas em isolamento voluntário (PIAV)” e outros fenômenos de
interesse mundial, como “a migração”, “a urbanização”, “a família e a
comunidade”, “a saúde”, “a educação integral” e “a corrupção”.
Na terceira
parte do Instrumentum laboris, reflete-se sobre os desafios e esperanças
da região e incentiva a Igreja a ter um papel “profético na Amazônia”,
apresentando “a problemática eclesiológica e pastoral” da região.
Os bispos que
integram o Conselho Permanente apresentaram sua visão sobre o Instrumento de
Trabalho após a apresentação. Segundo o arcebispo de São Paulo, o cardeal dom
Odilo Scherer, é necessário reforçar que trata-se, por hora, de um “instrumento
de trabalho” preparatório e que ainda não é nenhum documento conclusivo, o que
só é publicado como documento oficial após a Assembleia e ser transformada numa
Exortação Apostólica do papa Francisco.
Ele chamou a
atenção para o risco de a mídia e a opinião pública reduzirem os debates do
Sínodo a poucos aspectos. “Cabe aos bispos assegurar um amplo debate em torno
da temática desta Assembleia do Sínodo”, observou.
O bispo de
Roraima e vice-presidente da CNBB, dom Mário Antônio da Silva, destacou a
beleza do processo de escutas sinodais realizada em toda região Amazônica que
integra um conjunto de nove países. Um ponto bem destacado pelos bispos foi a
metodologia e o processo de escuta e preparação deste relatório que, por meio
de diferentes metodologias, ouviu e sistematizou a voz e a visão dos diferentes
povos que vivem na região amazônica.
Dom Canisio
Klaus, bispo de Sinop/MT e presidente do regional Oeste 2, disse que o trabalho
para se chegar ao Documento de Trabalho foi muito real e feito junto às bases.
“Eu mesmo me sentei com eles, os indígenas, as comunidades, eu participei. O
Documento são palavras deles, não nossas”, frisou Dom Canísio. Para o bispo de
Sinop é preciso, a partir de agora, compromisso com o que veio das escutas. “Se
não tivermos amor, dedicação e profetismo teremos muitas barreiras. O Papa nos
pediu para escutar e sermos fiéis à essas escutas”, destacou.
Uma série de
encontros estão programados para que os bispos, sobretudo os bispos da região
Amazônica do Brasil, que participarão do Sínodo, aprofundem o texto
preparatório e ainda possam sugerir propostas e alterações.
Comissão
Episcopal Especial para a Amazônia
Após a
apresentação do Documento de Trabalho, o Conselho Permanente aprovou a
continuidade da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia/CEA. Com o objetivo
de animar o espírito missionário da Igreja e sensibilizar a sociedade
brasileira em relação à Amazônia, a CEA foi criada em 2003 e tem sido
responsável por uma série de iniciativas e articulações de projetos e ações na
região.
Com a aprovação
da Comissão pelo Conselho Permanente, os membros da CEA permanecem os mesmos,
pelo menos até o Sínodo, de forma a garantir a continuidade dos processos já
iniciados. Fazem parte da Comissão o Cardeal Claudio Hummes, arcebispo emérito
de São Paulo (SP), na função de presidente; Dom Ervin Krautler, bispo emérito
de Xinguú (PA), como secretário; Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho
(RO); Dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo de Manaus (AM); Dom Vicente
Costa, bispo de Jundiai (SP); e Ir. Maria Irene Lopes, no serviço da assessoria
O Instrumento de
Trabalho pode ser acessado aqui: http://repam.org.br
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Fonte: cnbb.org.br
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