o 11º Domingo do Tempo Comum
Mateus explica que a missão à qual Deus chama os discípulos é expressão da solicitude de Deus, que quer oferecer ao seu Povo a salvação.
Neste domingo, a Palavra que vamos
refletir recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que Ele
tem de oferecer aos homens, a cada passo, a sua vida e a sua salvação. No
entanto, a intervenção de Deus na história humana concretiza-se através
daqueles que Ele chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e
testemunhas da sua bondade.
A primeira leitura apresenta-nos o Deus
da “aliança”, que elege um Povo para com ele estabelecer laços de comunhão e de
familiaridade; a esse Povo, Jahwéh confia uma missão sacerdotal: Israel deve
ser o Povo reservado para o serviço de Jahwéh, isto é, para ser um sinal de
Deus no meio das outras nações.
A segunda leitura sugere que a comunidade
dos discípulos é fundamentalmente uma comunidade de pessoas a quem Deus ama. A
sua missão no mundo é dar testemunho do amor de Deus pelos homens – um amor
eterno, inquebrável, gratuito e absolutamente único.
O Evangelho traz-nos o “discurso da
missão”. Nele, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o
envio de “doze” discípulos (que representam a totalidade do Povo de Deus) a
anunciar o “Reino”. Esses “doze” serão os continuadores da missão de Jesus e
deverão levar a proposta de salvação e de libertação que Deus fez aos homens em
Jesus, a toda a terra.
Na introdução (cf. Mt 9,36-38), Mateus
explica que essa missão à qual Deus chama os discípulos é expressão da
solicitude de Deus, que quer oferecer ao seu Povo a salvação. Mateus – que
escreve para uma comunidade onde existia um número significativo de crentes de
origem judaica – vai usar, para transmitir esta mensagem, imagens retiradas do
Antigo Testamento e muito familiares para os judeus.
Nas palavras de Jesus, Israel é uma
comunidade abatida e desnorteada, cujos pastores (os líderes religiosos judeus)
se demitiram das suas responsabilidades. Eles são esses maus pastores de que
falavam os profetas. O coração de Deus está, no entanto, cheio de compaixão por
este rebanho abatido e desanimado; Deus vai, então, assumir as suas
responsabilidades, no sentido de conduzir o seu Povo para as pastagens onde há
vida.
A referência à “messe” indica que essa
missão é urgente e que já não há muito tempo para a levar a cabo. A “messe”
aparece ligada à imagem do juízo iminente de Deus a referência ao “pedido” que
deve ser feito ao Senhor da “messe”, um apelo a que a comunidade contemple a
missão como uma obra de Deus, que deve ser levada a cabo com os critérios de
Deus, por isso, a comunidade deve rezar – a fim de se aperceber dos projetos,
das perspectivas e dos critérios de Deus – antes de empreender a tarefa de
anunciar o Evangelho.
Vem depois o chamamento dos discípulos.
Mateus começa por deixar claro que a iniciativa é de Jesus: “chamou-os”. Não há
qualquer explicação sobre os critérios que levaram a essa escolha: falar de
vocação e de eleição é falar de um mistério insondável, que depende de Deus e
que o homem nem sempre consegue compreender e explicar.
Depois, Mateus aponta o número dos
discípulos (“doze”). Porquê exatamente “doze”? Trata-se de um número simbólico,
que lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “doze”
discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo
Povo de Deus.
Em seguida, Mateus define a missão que
Jesus lhes confiou (“deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar
todas as doenças e enfermidades”). Os espíritos impuros, as doenças e as
enfermidades representam tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de
chegar à vida em plenitude.
Repare-se como em todo o discurso a
missão dos discípulos aparece como um prolongamento da missão de Jesus. O
anúncio, que é confiado aos discípulos, é o anúncio que Jesus fazia (o
“Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o
“Reino” são os mesmos que Jesus fez; os destinatários da mensagem que Jesus
apresentou são os mesmos da mensagem que os discípulos apresentam…
Ao apresentar a missão dos discípulos em
paralelo e em absoluta continuidade com a missão de Jesus, Jesus convida a
Igreja (os discípulos) a continuar na história a obra libertadora que Ele
começou em favor do homem.
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