Nesta segunda-feira, 5 de
junho, é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi criada pela
Organização das Nações Unidas, mais especificamente pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, em 1974. Para marcar a data e mobilizar à
sociedade para a importância da conservação dos ecossistemas naturais e de
todos os seres vivos foi criado o ‘Junho
Verde’, uma campanha que institui a celebração do mês temático como parte
das atividades educativas na relação com o meio ambiente. Esse projeto foi
proposto ao Congresso Nacional pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) e virou lei.
Com o número 14.393/2022, a lei altera a Política Nacional de Educação
Ambiental e segundo o texto sancionado, tem como objetivo “desenvolver
o entendimento da população acerca da importância da conservação dos
ecossistemas naturais e de todos os seres vivos e do controle da poluição e da
degradação dos recursos naturais, para as presentes e futuras gerações”.
O arcebispo de Belo
Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo foi quem liderou a criação dessa
campanha enquanto esteve presidente da CNBB entre 2019-2023. Em artigo
publicado no site da arquidiocese de BH, dom Walmor faz referência a campanha
como um avanço significativo à Política Nacional de Educação Ambiental.
Segundo dom Walmor, “a
união de todos é fundamental para que seja alcançada a inadiável meta de
controlar a poluição e a degradação dos recursos naturais”, pontua no artigo.
O arcebispo de Belo
Horizonte ressalta no texto que a lei federal amplia a responsabilidade do
poder público federal, estadual, distrital e municipal, que deve trabalhar em
parceria com escolas, universidades, igrejas, empresas, comunidades tradicionais,
populações indígenas e outros segmentos para uma necessária reação: urge
consolidar novos estilos de vida, em contraponto às ações e opções predatórias
em relação ao meio ambiente.
Dom Walmor destaca ainda
que a campanha traz o conceito de ecologia integral, que sublinha o
indissociável vínculo entre a dimensão social e os diferentes desafios
ambientais. “O conceito de ecologia integral possibilita essa
compreensão mais adequada graças às riquezas herdadas da Carta Encíclica
Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado com a casa comum”, destaca no
texto.
Confira a íntegra do artigo:
Apelos do Junho Verde
A Campanha Junho Verde
significa um avanço à Política Nacional de Educação Ambiental, pois contribui
para um entendimento cada vez mais qualificado sobre a importância da
conservação dos ecossistemas naturais, com a proteção de todos os seres vivos.
Instituída a partir da lei federal 14393/2022, a Campanha Junho Verde é
iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em diálogo com
o Congresso Nacional. A união de todos é fundamental para que seja alcançada a
inadiável meta de controlar a poluição e a degradação dos recursos naturais.
Sublinhe-se que a lei federal 14393/2022 amplia a responsabilidade do poder
público federal, estadual, distrital e municipal, que deve trabalhar em
parceria com escolas, universidades, igrejas, empresas, comunidades
tradicionais, populações indígenas e outros segmentos para uma necessária
reação: urge consolidar novos estilos de vida, em contraponto às ações e opções
predatórias em relação ao meio ambiente.
Evoca-se a importância de
lutar para que sejam efetivadas políticas públicas e legislações capazes de
barrar a voracidade do extrativismo e enfrentar a hegemonia da lógica do lucro
a todo custo. Esse extrativismo e essa lógica deixam consequências terríveis.
Por isso, a sociedade precisa investir na consolidação de posturas coerentes
com a salvaguarda do meio ambiente, sob pena de sofrer, de modo cada vez mais
grave, as consequências de crimes ambientais, que não raramente levam cidadãos
e cidadãs à morte. A Campanha Junho Verde é, pois, uma iniciativa educativa e
política de especial importância, convocando todos para a adoção de um novo
estilo de vida, capaz de preservar a casa comum.
Na Campanha Junho Verde é
observado o conceito de ecologia integral, que sublinha o indissociável vínculo
entre a dimensão social e os diferentes desafios ambientais. O conceito de
ecologia integral possibilita essa compreensão mais adequada graças às riquezas
herdadas da Carta Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado com
a casa comum. As orientações do Pontífice, ao mesmo tempo que inspiram nova
mentalidade para lidar com a natureza, têm força para alavancar mudanças nos
cenários sociais. À luz do princípio da ecologia integral, pode-se reconhecer
que há, por exemplo, uma relação entre o grave problema da fome que massacra
milhões de brasileiros com a predatória mineração que contamina o meio
ambiente.
Tenha-se presente a
interpelante afirmação do Papa Francisco, em referência ao planeta Terra: “Esta
irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do
abuso dos bens que Deus nela colocou”. Assim, é significativo e esperançoso
convocar a sociedade, envolvendo órgãos governamentais, para reconhecer os
fundamentos da ecologia integral e, consequentemente, buscar reverter dinâmicas
que levam ao esgotamento dos recursos naturais. A pauta da ecologia integral
não pode ser simplesmente bandeira da militância política e ambiental. Deve ser
compromisso também vinculado à autêntica vivência da espiritualidade, pois quem
professa a fé cristã deve reagir a tudo que leva à deterioração humana e
social. Nesse sentido, a Campanha Junho Verde alimenta reações, com o
reconhecimento de que a crise ecológica atual tem raiz humana.
O Papa Francisco profetiza
sobre a existência de um modo desordenado de conhecer a vida e a ação do ser
humano. Para constituir, pois, um horizonte luminoso e qualificado é importante
acolher, especialmente, as ricas interpelações do capítulo quarto da Carta
Encíclica Laudato Si’, que detalha o conceito de ecologia integral, evidenciando
o vínculo entre as dimensões ambiental, econômica e social. Ao enfrentar os
problemas contemporâneos, deve-se reconhecer que tudo está interligado. O Papa
Francisco sublinha a importância de melhor compreender a ecologia da vida
cotidiana, ao explicar o que significa um progresso autêntico: investir na
melhoria global da qualidade de vida do ser humano. Para isso, são necessários
investimentos na construção de diálogos e de políticas públicas.
A união de todos para a
defesa do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento integral pede que cada
pessoa assuma a sua responsabilidade na construção de um forte sentido de
comunidade. Pede ainda uma especial capacidade de solicitude e uma criatividade
mais generosa, um amor apaixonado pela própria terra. Conforme indica o
princípio da ecologia integral, é urgente promover transparência e diálogos nos
processos decisórios, superando a corrupção motivada pela busca do lucro, que
esconde o verdadeiro impacto ambiental de diferentes projetos. Ao lado da adequada
abordagem sociopolítica do conceito de ecologia integral, deve estar a dimensão
espiritual, fonte que alimenta a solidariedade e permite superar exclusões. Os
apelos da Campanha Junho Verde sensibilizam para a necessidade de uma busca
comum pela defesa da vida no planeta, um compromisso cidadão e cristão com a
justiça social, uma indispensável plataforma para a prática da amizade
social.
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