Discípulos e evangelizadores pela graça do Batismo
Estimados irmãos e
irmãs em Cristo Jesus! Neste Mês Vocacional, não poderíamos deixar de recordar
e celebrar a vocação dos leigos e leigas, tendo presente que eles são os
grandes protagonistas da vida da Igreja nas nossas comunidades.
O Concílio II
resgatou o papel, a missão e o protagonismo dos leigos e leigas na Igreja, pela
participação ativa na ação e na missão evangelizadora. Em tempo mais recente, o
Documento de Aparecida diz que “Todos os homens e mulheres batizados devem
tomar consciência de que foram configurados com Cristo Sacerdote, Profeta e
Pastor, através do sacerdócio comum do Povo de Deus. Devem sentir-se
co-responsáveis na construção da sociedade segundo os critérios do Evangelho,
com entusiasmo e audácia, em comunhão com seus Pastores” (DAp. p. 264).
Sem o envolvimento
dos leigos, o próprio apostolado dos sacerdotes não teria o êxito desejado ou
teria um alcance mais reduzido. Por isso, quero manifestar a minha gratidão aos
batizados, que vivendo a graça do Batismo, procuram testemunhar a fé em Cristo
Jesus, através de uma vida de oração, mas também assumindo responsabilidades na
vida da comunidade. Para fortalecer e fazer crescer os vínculos de comunhão e
fé entre os seus participantes, a comunidade necessita reconhecer a diversidade
de carismas e dons que Deus deu a cada um. Mas é igualmente importante que
estes carismas e dons sejam vividos no serviço e nos ministérios dos leigos,
tendo presente o bem comum da comunidade e o compromisso de todo batizado com o
Reino de Deus.
A Igreja precisa
constantemente cuidar da formação dos leigos, para que eles possam, à luz do
Evangelho, ser os protagonistas de uma Igreja em saída, missionária e
solidária. Tendo presente que pelo batismo, eles também são chamados para levar
ao mundo o testemunho de Jesus Cristo e ser fermento do amor de Deus na
sociedade. E o fazem com espírito de amor, de fé, de esperança e na gratuidade
por causa de Cristo Jesus.
A noção de Igreja,
povo de Deus, desenvolvida a partir do Vaticano II, resgatou o papel do leigo
na Igreja. O leigo “é o cristão maduro na fé, que fez o encontro pessoal com
Jesus Cristo e se dispôs a segui-lo com todas as consequências dessa escolha; é
o cristão que adere ao projeto do Mestre e busca identificar-se sempre mais com
sua pessoa; é o cristão que se coloca na escuta do Espírito, que envia à
edificação da comunidade e à transformação do mundo na direção do Reino de
Deus” (CNBB 107).
Mas os leigos
também são chamados a descobrir e alimentar uma espiritualidade apropriada à
sua vocação. Não se trata de fugir das realidades temporais para encontrar a
Deus, mas de encontrá-lo ali, em seu trabalho, junto à sua família e na sua
comunidade. Não podemos esquecer que a espiritualidade cristã sempre terá por
fundamento os mistérios da encarnação e da redenção de Jesus Cristo. Precisamos
ter a ousadia de voltar às fontes e recomeçar a partir de Jesus Cristo, para
superar a tentação do desânimo e do cansaço, imitando o Bom Mestre, que soube
colocar-se em comunhão com o Pai, através da oração, para superar os desafios
da missão.
Agradeço aos
leigos e leigas que, através do Batismo, formam o corpo desta nossa Igreja
Diocesana. Mas não poderia deixar de estender meus agradecimentos, de forma
toda especial, aos milhares de leigos e leigas que, na disponibilidade de
servir, por amor ao Senhor Jesus, estão empenhados e comprometidos no serviço
aos irmãos em nossas comunidades. Quero recordar também com afeto de todos
aqueles e aquelas que por muitos anos contribuíram com seu trabalho e pelo
testemunho de fé com a nossa Igreja. Sei que muitos hoje já não podem mais
participar ativamente da vida da comunidade, mas continuam alimentando uma vida
espiritual e de comunhão com o Senhor Jesus.
Dom José Gislon - Bispo
de Caxias do Sul (RS)
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